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CAPÍTULO QUATRO
o duelo

O dia havia começado bem, Morgana se levantou muito mais cedo que o normal e se arrumou rapidamente, logo estava no Salão Comunal da Sonserina esperando o começo das aulas. Afinal de contas, pelo menos por um dia ela precisava ser responsável. Olhou pela janela e o sol ainda nem havia clareado as águas do lago, mas estava animada demais para ficar parada.

Decidiu passar na biblioteca para entregar alguns livros e preferiu ir sozinha, encontraria seus amigos na aula de Transfiguração. Passou por aqueles corredores silenciosos e pouco iluminados pelo raiar do sol rapidamente, tão rápido que seus cabelos voavam contra o vento.

Quando passou por um corredor mais afastado, notou que estava sendo perseguida por alguém. Bellatrix Lestrange e Narcisa Black, que ainda não havia se formado, a encaravam com sorrisinhos sarcásticos, acompanhadas de Lucius Malfoy e Regulus Black. O grupo se colocou em frente à garota.

— Ora, ora, ora... — falou Bellatrix. — Se não é a nossa princesinha Morgana Bouveair. O que faz sozinha nos corredores?

— Estou indo para a biblicoteca, não é óbvio? — Morgana questionou, já irritada. — O que vocês querem? Como foi que entrou em Hogwarts, Bellatrix?

A mulher mais velha prensou a garota contra a parede e puxou sua varinha de dentro de suas vestes, Morgana fez o mesmo, estava nervosa, mas não se deixaria vencer por ela.

— Por que tão rude, Morgie? — Narcisa perguntou.

— Porque aparentemente vocês não estão aqui na melhor das intenções. — respondeu Morgana, tentando não demonstrar sua aflição. — O que querem?

— Nós queremos saber se você será nossa aliada. — contou Malfoy, ele estava sorrindo. — Sabe do que eu estou falando, imagino que seus pais já tenham falado sobre isso.

— Não sei do que estão falando.

Morgana tentou contornar a situação, eles estavam tentando puxá-la para o lado dos Comensais da Morte, o lado de Voldemort e a garota já não tinha mais tanta certeza de que pertencia à isso. Sempre questionou se isso seria o certo, matar pessoas só por não possuírem sangue bruxo, ou por não nascerem com ele?

Seria o certo que alguém como Lily Evans, ou até mesmo sua irmã que havia se casado com um trouxa e se afastado da magia fossem assassinadas por serem quem são? Todas aquelas pessoas inocentes, morreriam apenas por um ideal medieval e odioso. Um ideal que já não lhe pertencia mais.

Morgana passou a vida toda acreditando que aquilo era o certo, que o sangue trouxa era repugnante e que não deveriam ser aceitos na sociedade bruxa, mas nunca chegou a entender os motivos para ter de acreditar naquilo. Assim como todos os outros pontos de sua vida, ela apenas ouvia de seus pais e obedecia.

— Como assim "não sabe"? — gritou Bellatrix, sua voz estridente como a de um rato. — Está mentindo, Bouveair.

Bellatrix apontou sua varinha para Morgana, que fez o mesmo por puro reflexo.

— Como poderia afirmar isso? — Morgana perguntou, ainda apontando sua varinha. — Além de pirada, você é mentirosa, Bella?

Estupefaça!

Protego! — Morgana berrou. — Você quer duelar?

— Você não pode negar que uma hora ou outra, vai se tornar uma Comensal. — Bellatrix exclamou. — O Lord das Trevas adoraria ter você também! Expelliar...

Impedimenta! — gritou de volta e viu a mulher ser arremessada para longe. — Ainda não precisam de mim.

Olhou para o lado e viu três dos Marotos se aproximarem, surgiram do nada em meio ao ainda escuro corredor. Apavorados com o duelo, observaram que Morgana havia desacordado uma bruxa muito poderosa. Narcisa Black estava desesperada ao lado da irmã.

— Mas quando precisarmos, você se juntará à nós, quando o Lord das Trevas a chamar. — afirmou Regulus. — Não é?

Regulus parecia ter medo da resposta também.

Com uma dor enorme em pronunciar as palavras, Morgana concordou com a cabeça, pensando nos seus pais e em como eles agiriam com ela se seguisse outro caminho. Se já fingiam como se sua irmã nem existisse, o que fariam com ela?

Sim.

— Sua cretina, olhe o que você fez com minha irmã! — berrou Narcisa. — Cruci...

A Black acertaria Morgana em cheio se não tivesse sido interrompida por James Potter, que saltou em frente à loira, tentando protegê-la de uma forma desengonçada.

Petrificus Totallus! — Potter falou e o feitiço atingiu Narcisa em cheio. — Venha, vamos sair daqu...

— Muito bem, James! — gritou Sirius.

Os dois só não contavam com Lucius Malfoy, que apontou sorrateiramente sua varinha para Morgana e proferiu um feitiço bastante desconhecido contra ela.

IGNIS! — Lucius gritou e acertou-a em cheio.

A garota gritou, sentiu seu corpo queimar como se estivesse caída nas brasas quentes de uma fogueira, seus olhos brilharam por conta das lágrimas de dor e logo ela fechou os olhos em uma síncope. Foi carregada por James nos braços até uma sala secreta que os Marotos haviam descoberto, uma das muitas, é claro.

A enorme porta surgiu no meio da parede quando juntos, todos pediram um lugar seguro para ajudá-la com o feitiço.

Morgana percebeu enquanto era carregada, que James tinha um cheiro peculiar de bolo Floresta Negra, provavelmente porque os garotos haviam acabado de sair da cozinha do Castelo. Aquele cheiro lhe trazia, de alguma estranha maneira, uma sensação satisfatória de comodidade.

Em meio à devaneios, Morgana poderia jurar que viu um ratinho apontar com suas patinhas para um sofá, onde agora estava deitada.

— Aluado, faça algo! — berrou James, desesperado. — Ela está chorando, meu Merlin!

— E-eu vou tentar... — Aluado falou, também muito nervoso. — Acho que já li sobre esse feitiço em algum lugar.

— Ela poderia ter morrido se não tivéssemos chegado na hora! — Pontas afirmou. — Quem em sã-consciência faz isso?

— Ela estava bem, fiquei até surpreso com as habilidades dela. — Sirius acalmou o amigo. — Foi o Malfoy que estragou tudo.

De longe, os dois observaram Lupin realizar alguns feitiços. Talvez se tivesse um livro ali em sua frente tudo estaria resolvido mais rapidamente.

— Ela está melhorando? — perguntou Peter.

— Sim, eu consegui desfazer o feitiço, ela só está inconsciente.

Os quatro Marotos observaram a garota deitada no sofá, Morgana parecia dormir tranquilamente, suas mechas loiras caídas em seu rosto e a boca levemente aberta. James sorriu de lado ao ver sua serenidade, que antes era pura aflição e dor, cruzou os braços com uma certa ansiedade. Por um lado sabia que ela era uma sonserina e deveria odiá-la por suas escolhas, mas por outro... pensava que ninguém merecia sentir dor.

— Será que ela é solteira?

— SIRIUS! — os outros três berraram.




•••

O feitiço Ignis é a palavra em latim para incêndio, não causa o fogo em si, mas a ardência.

INSOLENCE • james potterWhere stories live. Discover now