• trinta e sete •

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CAPÍTULO TRINTA E SETE
when mavena brings the truth

— Morgana! — ouviu-se um berro. — Morgana!

A garota que estava caminhando pelo corredor vazio se virou imediatamente, dando de cara com um James Potter ofegante. Ele carregava a vassoura de quadribol e ajeitava os óculos que agora quase caíam do rosto. Sorriu quando viu que sua garota havia parado e foi imediatamente até ela.

— Você parecia aflita, está tudo bem? — perguntou ele.

— Sim... — mentiu. — Na verdade, não. Mas não se preocupe.

— O que houve? — questionou, segurando a mão dela com delicadeza. — Está bem?

— Estou bem, mas eu não sei se minha irmã está. Vou descobrir hoje mais tarde, preciso fugir de madrugada para saber. — contou.

— Precisa do Mapa? — ele sugeriu.

A garota riu, imaginando o quanto ele gostava dela para lhe oferecer um de seus tesouros, mas resolveu negar ele e deixá-lo com os Marotos.

— Não, hoje tem lua cheia, vocês precisam mais. — sorriu. — Vejo você amanhã. Boa sorte hoje.

Boa sorte para todos, menos para Rabicho, ela pensou.

James beijou as costas da mão de Morgana que estava segurando e lhe deu um último olhar significativo antes de sumir pelo castelo.

Morgana passou o dia todo pensando no que Mavena poderia lhe dizer que era tão importante e não podia esperar mais tempo. Não conseguiu mais prestar atenção no resto das aulas e ficou ansiosa esperando a meia-noite. Quando pôde sair para monitorar os corredores, fugiu para a Sala Precisa e ficou lá esperando, enquanto a sala oferecia almofadas fofas e lareiras acesas. Assustou-se quando um sussurro vindo do fogo lhe chamou a atenção, era ela, Mavena com o rosto formado por brasas quentes. A mulher mais velha parecia tensa, preocupada e cansada.

— Mavena! — berrou Morgana, correndo em direção à lareira. — Por Merlin, parece que fazem séculos que não a vejo!

— Quatro anos... — comentou. — Não pude ir até aí, o pó de flú não é seguro para o bebê.

— O que você descobriu? — perguntou ela. — Passei semanas pensando nisso e hoje, depois da carta, não consegui nem focar nas aulas.

— Morgana, você não poderá contar isso para ninguém! Entendeu?

A garota franziu o cenho e assentiu levemente com a cabeça, sinalizando concordância. Mavena suspirou pesadamente.

— Nós estamos nos preparando para lutar contra os seguidores de você-sabe-quem...

— "Nós" quem? — questionou a garota.

— Somos um grupo, pessoas as quais querem lutar e ajudar a salvar o mundo bruxo, você saberá quem somos quando puder se juntar à nós. Se quiser, é claro. — pigarreou. — Nos chamam de Ordem da Fênix, são bruxos extraordinários, Morgie, você precisa ver.

Bom, se Mavena Dempsey, aquela que renegou a bruxaria, havia voltado com tudo para magia, algo muito grandioso estava acontecendo e os que estavam dentro dos muros de Hogwarts não tinham conhecimento disso.

— Eu voltei, me infiltrei no Ministério da Magia e venho investigando dezenas de Comensais escondidos. — contou. — Você não tem ideia da podridão que essa instituição carrega, são corruptos e hipócritas.

— Mavena, isso não é perigoso? — perguntou Morgana. — Você está grávida!

— É claro que sim, mas eu não poderia ficar parada quando pessoas como nossos pais estão soltas por aí maltratando trouxas. — desabafou. — Não quando meu marido é trouxa e meu filho pode ser.

Sua voz se encheu de dor e tristeza, era claro que ela estava com medo por aqueles que ela amava. Morgana entendia isso.

— Um dia eu estava investigando um bruxo do Departamento de Mistérios e ele deixou escapar que algumas famílias bruxas invadiam casas trouxas e torturavam os moradores. — respirou fundo. — Então eu decidi procurar sobre isso, revisei cada um dos arquivos daquele ministério e só agora encontrei o que procurava. E nossos pais, Morgana, estão envolvidos nisso.

A garota sentiu a respiração falhar, o choque tomara conta de sua cabeça e a deixara zonza, por mais que soubesse do que seus pais eram capazes, nunca desejou saber o que eles poderiam fazer. Mas invadir casas e torturar trouxas? Isso era demais.

— Achei arquivos de quinze anos atrás, que falavam sobre dois bruxos que obliviaram um casal de trouxas e mataram o bebê deles. Morgana, eles mataram uma criança! — gritou Mavena, já alterada. — O casal se esqueceu que tinha um filho, eles... eles esqueceram da criança. É claro que não haviam nomes, mas as descrições eram especificamente iguais aos nossos pais.

— Os nossos pais... — sussurrou Morgana, com a voz embargada.

— Sim, os nossos pais são dois monstros assassinos que deveriam estar em Azkaban! E-eu nem sei o que dizer, eu fiquei chocada quando descobri. Morgana eles... poderiam ter feito isso comigo, com Rodrick, poderiam ter feito isso com Edmumd! Eu nunca iria me perdoar se deixasse isso acontecer. — Mavena falou, já começando a chorar.

Morgana se encolheu no chão, abraçando suas pernas e segurando a vontade desesperada de derramar algumas lágrimas, descobrir aquilo tudo era muito para ela, ela se sentia tão fraca e indefesa. Como poderia enfrentar seus pais se tinha tanto medo deles? O que faria se eles atacassem Mavena como atacaram o casal obliviado e mataram seu filho? Era aquele então o destino que a professora havia previsto? Seu filho estava sozinho naquele lugar e sentido medo, porque seus pais a haviam impedido de amá-lo?

— Vamos dar um jeito de tirar você deles, Morgie, vamos fazer isso e você vai ser livre. — falou. — Não vai se tornar como eles, não enquanto eu estiver aqui para proteger você. Agora estamos juntas outra vez, eu prometo.

— Eu não sei se consigo. — resmungou Morgana. — Eles vão me matar, vão me matar se eu tentar fugir. Eles podem ir atrás de você, eu não quero isso.

— Não. — garantiu ela. — Vamos ajudar você. Quando eu conseguir pensar em algo, eu juro que conto para você. Agora, fique segura, não fale para eles sobre isso.

— Eu queria que você estivesse aqui, Mavena.

— Eu estou, quando precisar de mim, mande uma coruja. Preciso ir. — falou. — Amo você, não está sozinha.

— Também amo você. — Morgana disse. — Até mais.

E assim, o fogo da lareira se apagou, mostrando que Morgana estava sozinha outra vez. Ela largou as almofadas e finalmente saiu da sala, observando os corredores vazios aos quais ela percorria sozinha com o auxílio de uma luz fraca na ponta da varinha. Sabia onde James estava e decidiu não passar perto da saída para o Salgueiro Lutador, já havia sofrido baques demais. Sabia que não conseguiria dormir naquela noite, não quando sua cabeça estava cheia de pensamentos sobre o futuro e seus pais.

Revirou-se na cama milhares de vezes e sentiu sua cabeça doer como se pudesse explodir. Não conseguia pensar em nenhuma maneira de fugir de seu destino, talvez porque era fraca ou burra demais para pensar em como escapar de seus pais, ou porque tinha medo das consequências. Agora seus pais eram assassinos para ela, eram pessoas cruéis e vis as quais ela temia.

Deveria ser corajosa, mas como poderia quando sua força era nula? Talvez aquilo a fizesse uma sonserina pura, tinha ambição, mas sabia quando aquilo lhe custaria caro.

INSOLENCE • james potterOnde as histórias ganham vida. Descobre agora