• vinte e sete •

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CAPÍTULO VINTE E SETE
the heart and the pain

Depois de se colocar de pé, a garota encarou James com os olhos arregalados, eram informações demais para uma noite só, para um Morgana só. Seu coração bateu descompassado quando se lembrou que poderia ter sido atacada por um lobisomem e talvez não estivesse viva para contar a história.

Mas Morgana estava viva, mais viva do que nunca, as doses altas de adrenalina ainda comandavam seu corpo e ela sentia que poderia explodir a qualquer momento com o mínimo toque, como uma granada. Estava tão eufórica que fez até uma pequena quantia de neve cair sobre os dois.

— Morgana, você está fazendo nevar. — falou James.

— E você é um animago. — ela respondeu.

Ah, claro, havia mais isso. Um animago em Hogwarts! Ou, pior, James, que é um animago em Hogwarts! Sua cabeça se lotou de perguntas sem respostas, onde ele havia aprendido a se tornar um animago? Por que raios ele aprendeu?

— Agora você sabe. — suspirou. — Está tudo bem, eu vou contar tudo.

— Tudo bem? TUDO BEM? — berrou ela. — Você era um bicho com chifres!

— E você vai acordar a escola inteira se continuar berrando assim desse jeito! — James falou, de maneira firme.

Morgana lembrou-se exatamente do momento antes de desmaiar, em que ela pôde ver exatamente a figura animal em que James se transformava. Franziu o cenho quando pensou que ele não estava sozinho, haviam outros animais lá, consequentemente, outros Marotos animagos.

E, claro, havia um lobisomem também, que parecia um ser mortal e homicida, mas ela sabia muito bem sobre como eles agiam quando estavam transformados.

— Quem é? - ela perguntou.

Ele pareceu confuso.

— Quem é o lobisomem, James? — ela o encarou, esperando a resposta. — Eu sei que é um de vocês.

James respirou fundo, pensando consigo próprio se deveria revelar a verdade, mas sabia que não poderia mais fazer nada para esconder aquele segredo, ela já havia visto o lobisomem e os animagos. Puxou-a para dentro da escola, em um corredor escuro e afastado, procurando um lugar quieto e seguro para contar-lhe tudo.

— Eu preciso que você prometa que não vai contar para ninguém. - pediu.

Ela revirou os olhos.

— É claro que não vou contar, não sei o que você pensa que eu sou. — respondeu.

— É o Remus. — contou. — Ele foi mordido quando ainda era muito pequeno...

O rosto de Morgana refletiu seus sentimentos internos, ela exalava aflição e pena. Nem se quer passou pela sua cabeça o perigo de se ter um lobisomem em Hogwarts, ela só conseguia pensar nos sentimentos de Remus em relação a isso e enfim entendeu o que eram aquelas marcas que viu no dia que foi carregada por ele. Viu-se querendo abraçá-lo como uma irmã abraça um irmão que está sofrendo, porque ela poderia não entender como ele se sentia culpado, mas sabia que ele sentiria isso.

— Meu Merlin... — ela sibilou.

— Ele continua sendo o Remus, nada mudou. — sussurrou. — Você não precisa ter med...

— Ah, ele deve sofrer tanto, James... — falou tristemente. — Deve se sentir tão sozinho.

James a encarou fixamente, tentando entender o que ela estava falando, afinal de contas, ela não deveria estar com medo? Mas ela estava aflita por ele! Estava comovida com a história dele, na qual ela quase nem conhecia, porque ela era boa e ele finalmente entendeu que ela era assim.

Talvez tenha sido nesse momento, diante de uma situação terrível em que os dois estavam escondidos em um corredor, discutindo sobre um lobisomem, que James então percebeu estar apaixonado por Morgana Bouveair. A mesma Morgana que ele julgou ser cheia de preconceitos, a mesma que ele havia beijado e enganado, era a mesma garota que não sentia medo do lobisomem, e sim compaixão.

— Ele não está sozinho. — ele falou. — É por isso que nos tornamos animagos.

James decidiu então explicar tudo que eles haviam feito, desde o primeiro dia que se conheceram, o dia que descobriram que Lupin era um lobisomem e até o momento em que finalmente haviam conseguido se transformar em animagos, exatamente para ajudar um melhor amigo que não poderia passar por aquilo sozinho. Ela enfim entendeu os apelidos engraçados e porquê aquele momento em que ela havia falado sobre a lua foi tão embaraçoso.

— Vocês foram extremamente irresponsáveis. — ela disse. — Mas não poderiam ter sido amigos melhores.

Ela sorriu e abraçou James fortemente, antes mesmo que pudesse se lembrar que aquele não era o James dela, ele não estava mais enfeitiçado. Suas bochechas coraram depois do abraço e ela se sentiu como uma criançinha indefesa, talvez aquele fosse o efeito da paixão sobre ela. E aquele era o mesmo efeito que ela mesma causava em James, mas talvez nunca saberia.

— Desculpe. — ela sussurrou, tão baixo que nem pensou que ele pudesse ouvir.

Logo, ele respirou pesadamente, voltando ao chão e a realidade, deveria voltar aos seus amigos.

— Amanhã ele vai se sentir muito culpado. — James disse e Morgana concordou com a cabeça. — Por favo...

— Eu não vou contar para ninguém, eu prometo. — respondeu ela. — Nem mesmo à Dora.

Ambos se encararam por mais alguns segundos, antes de seguirem para direções opostas, Morgana voltou para seu dormitório, pedindo aos céus que não houvesse ninguém de pé e James seguiu para o buraco nas raízes da árvore.

No outro dia, Morgana ainda se sentia estranha por ter descoberto aquele segredo e não poder nem dividir com sua melhor amiga, mas não ousou nem pensar em revelar aquilo, ela jamais faria isso. Correu junto de Pandora para a primeira aula e ambas apreciaram a presença uma da outra durante aqueles minutos em que o professor não chegava.

— Pois bem, alunos, hoje faremos exercícios sobre conhecimento de poções. — Slughorn comentou.

Sirius tossiu do outro lado da sala.

— A Pandorinha conhece bastante sobre poções, não é? — ele riu.

— O que você quer dizer com isso? — ela perguntou, desconfiada.

— Ah, você sabe, já até ingeriu uma que quase a deixou careca.

A sala se silenciou, até mesmo o professor estava gostando de ver.

— Só porque você é tão medíocre que não pôde fazer nada melhor. — desafiou.

— Você é tão venenosa quanto a cobra que representa sua casa, que nem mesmo uma poção te afeta. — Sirius sorriu.

— Vai aprender que não deve mexer comigo, Sirius Black. — falou, com um ar misterioso.

Morgana revirou os olhos, sabendo que logo estaria metida em um plano infalível - totalmente falível - de Pandora, mas quedou-se diante da fala do professor. Já na hora do almoço, quando ela, como sempre preferiu pular a comida e se aventurar pelo terreno de Hogwarts enquanto os outros comiam, Morgana encontrou quatro Marotos diante dela e sabia o motivo.

Lupin estava com uma aparência terrível, olheiras profundas e o pior, um sentimento de culpa que transparecia em seu rosto.

— Morgana, eu quero pedir desculpas, eu estou extremamente envergonhado. — ele disse.

O coração de Morgana, que ultimamente estava muito mole, quase se partiu ao vê-lo daquele maneira, se sentindo daquele jeito. Apenas se aproximou com cuidado para não assustá-lo e o puxou para um abraço carinhoso, no qual mesmo sem palavras, ela conseguia dizer que estava tudo bem e que ele não precisaria se preocupar. Os outros ali, além de James, arregalaram os olhos e pensaram por instantes, que aquilo não era real.

— Você é especial, Remus e não deve se envergonhar por causa disso. — ela falou.

— Quero que saiba, que eu entendo se sentir medo de mim, mas saiba que eu estarei aqui por você também. — Remus sussurrou.

— E eu também.

INSOLENCE • james potterWhere stories live. Discover now