• vinte e dois •

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CAPÍTULO VINTE E DOIS
the touch

Morgana voltou para Hogwarts mais cedo naquele ano, não conseguiria mais ficar em sua casa, ela não se sentia bem lá, ou em qualquer lugar em que sua mãe estivesse. Ficou sozinha durante alguns dias e quase não saiu do dormitório, apenas durante as refeições ou quando buscava um livro na biblioteca.

Somente no dia trinta e um, o dia de ano novo, ela decidiu comer junto dos outros e foi convidada pelo próprio Dumbledor para se juntar ao pequeno grupo de ainda residentes em Hogwarts.

Saiu apressada do dormitório, logo sentindo um arrepio de frio por causa dos corredores gelados pelo inverno. Olhou pelas janelas e viu a neve branquinha cair ao chão, sentiu uma enorme vontade de voltar a ser uma criança e poder brincar naquela imensidão gelada. Ela vestia uma calça larga, um suéter verde e uma enorme capa preta que era tão quentinha quanto estar perto de uma lareira, sua mãe odiaria essa roupa.

Quando chegou na porta do Grande Salão, sentiu o calor e a luz chicotearem sua pele fria, olhou ao redor e notou que ao invés de quatro grandes mesas, restava apenas uma ao meio do salão. O diretor Dumbledore estava sentado em uma grande cadeira à ponta da mesa e ao seu redor, alguns alunos e professores que começaram a chegar.

James sentiu seu coração acelerar involuntariamente ao notar a chegada de Morgana, ela estava deslumbrante, pensou, os cabelos loiros cintilando contra a luz amarelada das muitas lanternas de fogo e os olhos verdes que brilhavam como verdadeiras esmeraldas. E quando ela sorriu por educação, ele sentiu seu coração derreter ao olhar as covinhas dela e sua expressão de vergonha.

Sirius Black, que estava sentado ao lado do melhor amigo, só pensava em rir dos olhos cor de avelã que fitavam incessantemente Morgana.

— Senhorita Bouveair! Que bom vê-la. — comentou Dumbledore. — Sente-se conosco.

E então, James percebeu que diante daquelas quase vinte pessoas, ele fora o único a se levantar em um gesto educado antes de Morgana chegar à mesa. A garota riu baixinho ao notar que a pele bronzeada de James tomou um tom quase carmim.

Morgana lembrou-se imediatamente que em alguns dias, James não seria mais apaixonado por ela.

Ela se sentou ao lado de Sirius e observou o banquete surgir com magia à sua frente, decidiu comer uma comida muito comum em sua casa inglesa, o cornish pasty estava divino. Olhou para o lado enquanto devorava seu jantar e viu James, que também a encarava. Ele apontou para a já muito conhecida entre os dois, torta de frango e fez uma cara satisfeita, elogiado a comida, o que fez Morgana rir.

Depois do jantar, Sirius saiu apressado para o dormitório e deixou James para trás ao lado de Morgana.

— O que acha de uma sobremesa? — perguntou James.

Morgana apenas assentiu e sorriu com carinho para o garoto, ela não o odiava mais. Ele ofereceu a mão e encarou Morgana com nervosismo em seus olhos, esperando uma resposta, que veio em segundos. Saíram os dois pelos corredores com as mãos únidas como um só, até pararam em frente à uma parede vazia e Morgana estranhar a situação.

Precisamos de um chocolate quente, pediu.

E uma porta muito grande e repleta de detalhes apareceu, a garota riu chocada e abriu-a. Lá dentro haviam sofás, uma lareira acesa e canecas de chocolate quente que se enchiam sozinhas. Uma música bruxa de ano novo tocava baixinho ao redor da sala e deixava o ambiente mais aconchegante.

— O que mais você esconde? — perguntou ela. — Capas da invisibilidade, mapas enfeitiçados, salas secretas que surgem do nada... você é surpreendente, Potter.

Ambos se sentaram um ao lado do outro no sofá e se serviram do chocolate, Morgana tirou suas botas e enroscou uma perna na outra, deixando à mostra suas meias com desenhos de guirlandas de natal.

— Eu gosto quando você me chama de James. — falou.

E eu gosto quando você me chama de Morgana também, ela pensou, mas se manteve quieta e tomou um gole do chocolate.

— Eu preciso te contar uma coisa.

James Potter estava prestes a contar toda a verdade sobre a poção e revelar que sentia alguma coisa por aquela sonserina.

— Não. — respondeu Morgana. — Por favor. Só... fique em silêncio e me deixe sentir como é ser uma adolescente normal por alguns minutos.

E tomaram mais umas canecas de chocolate em silêncio, apenas ouvindo o som das músicas que tocavam naquela sala. Porém, no momento em que Morgana largou sua sobremesa e chegou mais perto de James, o coração dele quase explodiu para fora do peito.

— Eu queria que isso durasse para sempre. — ela disse. — Mas eu não posso e você não merece isso.

— Morgana... — sussurrou.

Estavam cada vez mais próximos, encarando-se nos olhos e as borboletas no estômago de Morgana batiam as asas como nunca. A respiração descompassada dos dois se tornou uma só e os lábios pareciam imãs que necessitavam o toque um do outro.

— Por favor, me beije...

E os lábios se tocaram em um beijo urgente e apaixonado, a mão quente de James tocou a nuca da garota com vontade e a causou arrepios. A necessidade que os dois tinham de tocar um ao outro era visível e a atmosfera criada por aquele beijo era pesada, cheia de desespero por mais, sempre mais.

Mais, mais, mais...

Mais toques de James no cabelo loiro e brilhante de Morgana, mais beijos quentes e mais vontade de nunca sair de perto um do outro. Quando a respiração de ambos pesou, seus lábios se separaram em lamúria.

James... — suspirou Morgana. — James... James... James...

Sentiu seu ventre acordar e as suas borboletas também voavam incessantemente, ele queria ouvir a voz dela falando seu nome outra vez e quando ouviu, sentiu-se a pessoa mais especial. Puxou Morgana para um beijo e ambos puderam sentir que naquele momento — quiçá para sempre — eram um do outro.

Nada seria como antes depois daquele toque.

INSOLENCE • james potterWhere stories live. Discover now