• quarenta •

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CAPÍTULO QUARENTA
maybe this is our destiny

Passaram então dois dias desde que Morgana e James foram descobertos, dois dias os quais mais pareceram uma eternidade. Desde então, toda a escola ficou sabendo do tal relacionamento esquisito e inusitável entre aqueles dois indivíduos que nunca foram vistos juntos, situação a qual proporcionou muitas perguntas e piadinhas para ambos. Enquanto os estudantes estavam preocupados em saber as notícias sobre o mais novo casal de Hogwarts, Morgana estava surtando internamente, tentando arranjar um plano do que fazer. Mavena havia mandado dezenas de cartas, falando sobre a mãe, sobre alguns planos de fuga, mas nada daquilo parecia certo.

Caminhar naqueles corredores estava sendo um inferno para James, ele sabia que estavam falando dele e ouvia as pessoas se perguntando sobre qual seria a loucura dele em aceitar ficar com Morgana, sabendo que ela não era a pessoa mais acessível dali. E Morgana nunca fora tão julgada por seus colegas de casa, aspirantes à Comensais, que falavam sobre a vergonha que era gostar de algum traidor de sangue como James. Além de Morgana, os seus únicos amigos que ainda tentavam a ajudar eram Pandora e os Marotos — com a excessão de Peter —, os quais assim como ela, estavam buscando um jeito de fugir.

Mas sabiam que sair de Hogwarts sem permissão era quase impossível e beirava à loucura, além de que durante esse tempo, os pais de Morgana estranhamente estavam quietos. Dois dias e não haviam nem sequer mandado um berrador, ou uma mísera carta obrigando Morgana à voltar para casa, ou pior, voltar para casa e se casar imediatamente. E eles sabiam o que isso significava, os Bouveair estavam quietos porque estavam planejando algo e isso não seria nada bom.

Talvez a única saída fácil fosse por uma viagem de pó de flú, mas ela seria facilmente descoberta e poderia colocar alguém em risco, alguém como Mavena, que estava envolvida e era um dos únicos lugares a qual Morgana poderia ir. Pensaram em se esconder na Floresta Negra, mas ainda assim era fácil de encontrá-la, onde mais ela se esconderia, se não longe de criaturas? Remus sugeriu Hogsmeade, seria uma opção viável, se não fosse perigoso demais, os pais de Morgana poderiam simplesmente atear fogo em todas as casas e conseguir achá-la.

Então, souberam por um momento, que suas opções não eram válidas, porque ela não tinha para onde ir. Mesmo que conseguisse fugir para qualquer lugar que fosse, seus pais poderiam a encontrar, Morgana pensou em um sentimento infantil que poderia fugir para o México como Pandora contava, mas nada daquilo jamais funcionaria, nada era tão fácil e belo assim. É claro que ela não aceitou seu destino, nem por um minuto faria isso, mas sabia que precisava pensar em algo diferente. Mas sair correndo de Hogwarts, sem ter para onde ir não era uma opção.

Estavam todos sentados perto do Lago Negro, tensos, mas tentavam não demonstrar, sabiam que a qualquer segundo os pais de Morgana poderiam aparecer e talvez tivessem que lutar com eles. Eles os atacariam e tentariam machucar Morgana? Ou talvez machucariam James? Até mesmo Charlie estava ali com eles, porque também estava envolvido, olhava para as águas escuras do lago e seus olhos claros refletiam as poucas ondinhas formadas pelo vento, olhos que se perdiam naquela imensidão e talvez imaginavam Evangeline, que assim como James, era um segredo.

O grupo estava tão afastado que nem mesmo as abobrinhas que os estudantes falavam chegavam ali aos seus ouvidos, coisa que eles não aguentavam mais, se sentiam como estrelas de cinema trouxa, como se todos os assistissem e esperassem que algo finalmente acontecesse. Algo ruim, que estava por vir.

E veio.

— Morgana, não vamos desistir. — comentou James. — Temos que pensar em algo, Mavena pode ajudar. Você sabe que ela pode.

— Mavena não conseguiu pensar em nada até agora, eu tive esperanças no começo, antes daquela doninha fofoqueira descobrir, mas agora... — Morgana falou. — Parece impossível.

— Não é impossível, vamos dar um jeito! — Pandora berrou. — Vamos dar um jeito... nós precisamos.

— Pandora, você não entende, não é? — perguntou Charlie. — Não foi criada como nós, sua família amou você e se importa com a sua felicidade. As nossas famílias nos criaram para mantermos a tradição, Sirius sabe como é.

O Black que também estava ali assentiu.

— No meu caso e de Morgana, é se casar e se unir ao lado de você-sabe-quem. — completou. — Você não entende que temos medo deles, porque eles tem poder sobre nós. Eles tem poder sobre qualquer um, não são pessoas boas. Sei que você rejeita a ideia de seguir a tradição e obedecer, mas às vezes é melhor obedecer do que morrer.

— Eu juro que vamos dar um jeito... — falou Sirius. — Se eu consegui fugir, vocês também conseguirão.

— Assim espero... — disse Morgana. — Pelo menos ainda temos tempo.

E tiveram mais tempo, mas não tanto quanto o esperado, porque depois de algumas horas, quando eles ainda estavam sentados ali esperando, os pais de Morgana apareceram e causaram um pânico imediato. Não era permitida a aparatação dentro dos terrenos de Hogwarts, mas estavam tão afastados do castelo que algum tipo de magia de transporte poderia funcionar e isso assustou todos que estavam ali, que imediatamente pegaram suas varinhas e esperaram o ataque. Ataque esse que não veio em forma de feitiços lançados contra os jovens e sim um ataque emocional, porque a mãe de Morgana simplesmente apontou a varinha para James e nem precisou ameaçá-lo com a varinha, apenas olhou para a filha e ela soube que se atacassem, ela mataria o Potter.

Todos permaneceram em silêncio até o momento em que Morgana pediu que todos menos Charlie saíssem dali, ela poderia não estar planejando nada, mas não queria que seus amigos se ferissem. Nenhum deles quis sair, mas o fizeram depois de Morgana praticamente implorar, todos menos James. O Potter estava longe de Morgana, mas perto da mãe dela, a qual já estava claramente sem paciência e desejando matá-lo com apenas um feitiço.

— Ora, ora, ora! — a mulher gargalhou. — Que situação!

— James, vá, por favor... — ela pediu. — Por favor.

A varinha de Seline Bouveair ainda estava apontada na direção dele.

— Por favor, eu imploro que você vá embora. — falou. — James, eu imploro, eu não quero que você se machuque.

— Eu não vou me machucar. — ele sorriu. — Venha, vamos sair daqui, Morgana.

Charlie, que estava à alguns passos de Morgana chegou cada vez mais perto dela e tentou protegê-la.

— Potter, já chega. Saia daqui. — foi a vez de Charlie pedir.

Quando James estava prestes a atravessar a cena e correr em direção à ela, tudo ficou frio e escuro, mas nada tinha a ver com a noite e sim com a sensação que Morgana sentira. Em poucos segundos, todos puderam presenciar James se debater no chão, gritando de dor e sentindo como se seu mundo tivesse desmoronado. Aquela dor invadia seu cérebro como uma droga que deixa qualquer um louco e ele quase desejou morrer quando estava tão lancinante que mal conseguia gritar. Morgana berrava desesperadamente, enquanto lágrimas pesadas queimavam seus olhos e ela nem sequer conseguia chegar perto dele, porque Charlie a segurou.

— NÃO, NÃO, VAI MATAR ELE, PARE COM ISSO! — ela gritou, tentando se desvencilhar dos braços de Monarch. — POR FAVOR, MÃE, FAÇA ISSO COMIGO E NÃO COM ELE! EU IMPLORO! VOCÊ VAI MATAR ELE.

James a olhou com dor.

— Tirem ela daqui, agora! — berrou Seline. — Eu falei para você, filha, falei que teríamos que matá-lo um dia. Parece que esse momento chegou. CRUCIO!

— JAMES, NÃO! — Morgana gritou. — ME PERDOE, ME PERDOE. Me perdoe...

E então, mesmo agonizando com dor, James a deu um último olhar e antes que Morgana pudesse ser levada, ele falou como se fosse uma despedida.

Eu amo você. — sussurrou com a voz que sempre fora firme e confiante, mas agora estava trêmula. — Eu amo você, amo para sempre.

Morgana não deixou de gritar nem quando soube que não estava mais em Hogwarts e sim em sua casa, seus pulmões ardiam e suas lágrimas escorriam pelo rosto com rapidez, mas não parou até que finalmente a fizessem dormir com um feitiço. As paredes escuras e geladas da casa dos Bouveair pareciam sufocantes e até Charlie sentia um desejo profundo de fugir.

Precisavam de um plano, um plano urgente e que não falhasse.

INSOLENCE • james potterOnde as histórias ganham vida. Descobre agora