• vinte e nove •

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CAPÍTULO VINTE E NOVE
two of us

James de fato havia seguido Morgana e de longe ele a observou correr até dentro da floresta, onde se sentou em um tronco de árvore caído e começou a chorar silenciosamente. Hesitou em fazer qualquer movimento, pois não queria assustá-la, ou envergonhá-la, porque sabia que ela jamais admitiria estar chorando na frente dele.

Os olhos da garota estavam cada vez mais vermelhos e seus ombros subiam e desciam rapidamente, Morgana estava tão triste que desejava sumir por alguns instantes. Perder um amigo definitivamente era uma das piores coisas que ela já sentiu, porque ele era especial demais para ela, assim como pensar em perder Pandora algum dia era doloroso até de pensar. Mas ainda pior do que perder ele, era saber que foi Severus quem escolhera aquele caminho, que foi ele quem a ofendeu e a chamou de traidora de sangue.

Ela limpou as lágrimas que molhavam seu rosto com a capa e ficou em silêncio, recuperando o fôlego, enquanto observava as outras árvores ao seu redor e as muitas flores que ali haviam. Mas o que realmente a deixou curiosa, foi um animal que a observava timidamente, um animal na qual ela bem conhecia e que possuía chifres. Era James e Morgana sabia disso, mas não ficou nem por um minuto irritada com o que viu.

— Oi, Potter. — falou. — Andou me espionando?

Potter. Potter. Potter. Ele queria a escutar chamando por James!

O animal se aproximou lentamente e chegou próximo o bastante para que a garota pudesse o tocar.

— Você é um grande intrometido. — riu. — Por que veio aqui?

Ele se afastou e em segundos, já era o James normal, com a capa da Grifinória e o cabelo bagunçado de forma, que agora, Morgana achava extremamente charmosa. O Potter se sentou ao lado da garota e parecia nervoso com a presença dela, como se estivesse cuidando para que uma boneca de porcelana não se quebrasse.

— Sinto muito. — pigarreou. — Pelo Ranh... Snape.

— Você nem gosta dele. — ela disse.

— Mas eu gosto de você. — respondeu.

Ela o encarou e arqueou a sobrancelha, pensando no que ele estaria querendo dizer com isso. Pensou que quando ele tomasse o antídoto, voltaria com as piadas ácidas e a falta de simpatia, mas agora ele estava falando que gostava — gosta! — dela. Ah, como ela queria que ele gostasse dela daquele jeito e que tudo fosse mais fácil.

— Quer d-dizer... — gaguejou. — Você têm sido muito legal com o Remus.

James tentou ao máximo esconder o que realmente desejava falar para Morgana, coisas nas quais ele não conseguia parar de pensar sobre ela, como o tempo que ele perderia naqueles olhos esmeralda ou a quantidade de beijos que eles poderiam trocar. Ele pensava que o silêncio era a melhor opção, porque não sabia como agir com ela, mas... por Merlin, ele desejava tanto contar a ela toda a verdade.

— Ah, tudo bem. — ela forçou um sorriso. — Remus é bom demais para esse mundo.

— E você também, garota! — James brincou. — É a pessoa mais destemida que eu conheço e sabe brigar com maestria. E não tenho vergonha de assumir.

— Você acha?

— Eu tenho certeza. Você estava tão decidida. — sorriu. — Eu mal consegui tirar meus olhos de você... quer dizer, da briga.

— Que bom que alguém se divertiu. — Morgana disse. — Eu...

— Não fique assim, você não merece sofrer por um idiota daqueles! Ele foi injusto com você. — refutou. — Eu até azararia ele por você, mas pelo que vimos, você consegue se defender muito bem sozinha.

E então ela riu verdadeiramente, uma risada tão gostosa de ouvir que James sentiu que aquilo era como sua música preferida. Seu peito se aqueceu quando Morgana o encarou profundamente, como se soubesse todos seus segredos e ele pensou por alguns segundos, que se fosse por ela, revelaria todos seus segredos e gostaria de saber os dela também.

James desviou sua atenção dos olhos esmeralda para uma flor em específico, que o chamou a atenção e a mostrou para Morgana. A garota sorriu ao observar a flor, que tinha um tom claro de amarelo e inúmeras pétalas, mas se questionou internamente quem a teria plantado ali, já que não era comum naquela região.

— É uma dália muito bonita. — comentou ela. — Mas achei que só florescessem no México, foi o que Dora me contou...

E mais uma vez a atenção do garoto se voltou para Morgana, enquanto a ouvia divagar sobre aquela planta. Parecia que seu corpo exigia por proximidade, ele mal pôde se concentrar em escutá-la, porque seus pensamentos dividiam-se em querer beijá-la ferozmente e devorar mais do que sua alma inquieta, mas seu corpo também. Riu consigo mesmo e se considerou o maior dos hipócritas.

Bouveair! — um grito foi ouvido.

Ambos se viraram para ver quem a estava chamando e Morgana se levantou rapidamente, já reconhecendo a voz.

— Finalmente achei você. — falou. — Está tudo bem? Se machucou? O que está fazendo aqui... com o... Potter?

Charlie balançou seus cabelos loiros quase brancos contra o vento e foi de encontro à Morgana, abraçou-a por alguns segundos e logo se afastaram. James sentiu seu sangue ferver e uma inveja lancinante o tomar por inteiro, porque sabia que Charlie poderia tocá-la o quanto quisesse, mas ele não. Ah, a pura e velha amiga inveja.

— Tchau, Potter. — ela falou. — E obrigada.

Ele apenas acenou com a cabeca e observou sua Morgana se afastar dali com seu noivo, o deixando ali sozinho com pensamentos nada decentes. Decidiu que era hora de sair dali também e foi procurar o resto dos amigos, que haviam sumido junto dele. Encontrou Sirius e Pandora discutindo no corredor, mas não conseguiu ouvir toda a conversa.

— Nem sonhando, Sirius Black! — ela berrou. — Essa aposta é minha, esse prêmio é meu.

Prêmio? Por Merlin...

— Nem fodendo, Pandora Madison! — ele gritou de volta. — Ele já era meu antes de ser seu.

Seu? gargalhou debochadamente. — Ele nunca foi seu. E agora vai ser definitivamente meu, porque estou ganhando e porque eu preciso pensar em outra coisa que não seja meu melhor amigo se afastando de mim.

— Você está tentando me fazer sentir pena.

— E você está se corroendo de inveja.

James revirou os olhos e decidiu não interromper a briga, afinal de contas, ele sabia que em menos de quinze minutos, os dois continuariam brigando feito um casal de velhos, mas sem a parte de ser um casal. Seguiu para seu dormitório e tentou afastar da sua cabeça o desejo que sentia por Morgana, aquilo sim era irracional.

Já Morgana, estava sendo acompanhada por Charlie até seu dormitório. Ele não era um vilão, aquele garoto que se tornou seu noivo não era uma pessoa ruim e Morgana se odiava só por pensar que poderia nunca amá-lo ardentemente, porque com certeza Charlie merecia ser amado.

— Vou dar um jeito no Snape. — ele disse.

— Não, por favor. — Morgana respondeu. — Deixe que ele se afogue no mar de arrependimentos e poças de sangue inocente que ele vai derramar.

— Eu ouvi que ele se tornou um Comensal, que ganhou a marca.

— Sim, ele fez isso. — suspirou. — E nós vamos ter que fazer o mesmo.

— Você sabe que é por nossos pais. — Charlie falou. — O bem maior deles...

— O bem maior deveria ser aquele em que não se matam inocentes porque um bruxo das trevas decidiu que era o certo.

— Eu sei. — ele a encarou. — Eu sinto muito.

Ela assentiu e foi para seu quarto, onde pôde se esconder.

INSOLENCE • james potterWhere stories live. Discover now