[22] O CAÇADOR

76 17 0
                                    

< Valentin e Dália >

— Balanceada, magica, consome minha espiritual; o que me faz suar, mas... — ele correu até a parede para recupera-la. — considerável — deu de ombros, enquanto a olhava. — Você conseguiu? — ele insistia, encarando debaixo a parede que lhe parecia suspeita.

— Shh... — clamou a companheira, quando a fumaça baixou, as teias de aranha se desfizeram e o único som audível era o das chamas crepitando na tocha. — Consegui — ela se empolgou. — Ele... ele está... encarando a própria mão — ela franziu o cenho e olhou duvidosa.

— A própria mão? — indagou ele, esfregando o queixo.

A visão que a cercava assemelhava-se a um lugar iluminado por luzes laranjas bruxuleantes, como chamas de uma tocha ou algo parecido. Então, suspirou ao notar o motivo de Heinrich encarar as mãos.

— Você não vai acreditar!

Ela mordeu o interior da boca. Ele se virou, curioso.

— O que está vendo?

Ela via com os próprios olhos (olhos emprestados) que o inquisidor não tinha uma mão como a da maioria das pessoas. Do contrário, sequer parecia-se com uma mão humana. Parecia magica, feita de algo translucido e vermelho, como um diamante de sangue. Suas unhas eram como garras e eram elas o que ele encarava. Numa delas — a do dedo indicador — estava escura, como se tivesse perdido o brilho e o poder.

— O inquisidor — ela franziu a sobrancelha. — Parece... ter uma mão mágica, enfeitiçada.

— Como assim? — Valentin recuou até a companheira.

— Sim, uma mão mágica! Tem um brilho carmesim, é grotesca e animalesca.

— Consegue ver onde ele está ou o que está fazendo?

Então, ela viu quando o inquisidor ergueu o rosto e percebeu que estava numa sala escura onde havia uma moldura de porta vazia. A sala era cercada por um par de mesas e sobre elas haviam diversos instrumentos de tortura e uma luz vermelha, semelhante a uma forja.

— Um lugar escuro, subterrâneo.

Ele se levantou e voltou até a parede que estava futricando, desconfiado. Ele a tocou, a acariciou e por fim bateu uma porção de vezes.

— Mas o que você tanto olha para essa parede! — Dália cessou a visão e se levantou com um giro, curiosa com o que o parceiro parecia tão interessado.

— Parede falsa — ele disse. Prontamente a seguir, tateou até encontrar um suco redondo e afastar o tapume da madeira que bloqueava uma passagem de pedra que parecia levar a algum lugar, segundo o que apontava a luz da tocha que ele jogou para dentro. — Onde será que leva?

— Vamos descobrir.

— Para quem aguerria-se a escuridão.

— Eu nunca tive medo da escuridão, por mais que os religiosos incitassem seus males — Dália apoiou-se no ombro do parceiro antes de se firmarem a seguir pelo caminho escuro.

Valentin recuperou a sua luz para que seguissem naquela direção, sobre um corredor que virava brevemente a direita e seguia a partir dali por alguns metros, rumo a algo que encantou Valentin e despertou a curiosidade de Dália.

Eram armas; uma espada de lamina laranja incandescente, uma balestra carregada com estojos cilíndricos com uma espécie de pó de cor vermelha dentro e incontáveis fileiras de estacas enrodilhadas a fios e uma tarja de papel com inscrições indecifráveis, mas que tinham origem chinesa devido aos kanjis nelas inscritos.

Sirus: Os Outros Vampiros (Vencedor #TheWattys2020)Where stories live. Discover now