[24] UM BURACO NO PEITO.

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Suficientemente discretos, eles passaram por despercebidos em grande parte do caminho que precisavam percorrer até a praça, onde o movimento de pessoas crescia cada vez que se aproximavam mais, mesmo tendo alguns cujo os hábitos não haviam mudado em nada; seus comércios jaziam abertos, sua caminhada pela manhã prosseguia como sempre.

Mas quando chegaram aos limites da praça, porém, a decepção os cercou e fez com que os três parassem de correr.

— Não — lamuriou Valentin. — Chegamos tarde.

— Para onde podem ter ido?

Não havia mais nada, nem ninguém. Tudo estava deserto, como se nunca tivesse havido uma movimentação do Oficio tão grande quanto aquela daquele dia.

— Estão em muitos, podemos nos separar e encontrar o grupo.

— Eu concordo.

— Eu também — mesmo certa do que tinha visto, Innamabel não poderia prever que aquilo aconteceria, por isso precisou correr, no sentido oposto ao dos companheiros pela cidade.

Aquilo a lembrava da infância também. Quando corria pela rua do comercio e fugia da irmã mais velha, se divertindo entre as barracas cheias de guloseimas e frutas bem frescas, além dos brinquedos de madeira que tanto gostava.

No entanto, a sua própria incursão havia sido em vão quando, duas horas depois, ainda não havia notado nada. E isso por ter ousado espiar pela porta de algumas igrejas, tentar notar algo no comportamento das pessoas.

Mas nada.

Foi como se eles tivessem desaparecido no ar.

E aquilo a desacreditou de que encontraria algo mais. No fim, quando reencontrou os companheiros no mesmo lugar de onde haviam saído, Valentin estava estupefato pelo o que tinha acontecido.

— Eu não entendo — disse ele, desgostoso. — Como podem ter desaparecido! Eles tinham que estar em algum lugar! Ninguém desaparece assim do nada, sobretudo estando em um grupo.

— Acalme-se, Valentin. Talvez tenhamos perdido algo, algum detalhe, algum lugar que não tenhamos vasculhado. Inna, você viu ou ouviu algo mais durante a aglomeração?

— Não! Tudo o que vi foi a glorificação do Senhor diante a obra daqueles feiticeiros.

— Não pode ser um ritual de sacrifício — supus Dália.

— Eles não teriam todo esse trabalho para depois expor sua obra diante de todo o vilarejo. Seriam discretos.

— Eles falavam em purificação.

— São virgens, certamente não se entregariam a quaisquer homens.

— A não ser que o intuito não seja entrega-las, mas sim usa-las como parte de algum feitiço.

— Mas para o que precisariam de seres humanos? — perguntou a jovem.

— Para descobrir algo sobre o Sigilo de Agamir.

— A senhora Gertruida é capaz de realizar feitiços, não?

— Alguns... por quê?

— Por que não indagamos sua capacidade de localizar os feiticeiros?

— É uma boa ideia. Retornamos ao convento.

— Vão indo na frente, encontrarei minha irmã para saber como está e precavê-la de quaisquer eventuais intemperes.

Mesmo com a cabeça cheia de preocupação, a jovem não parou sequer um segundo de olhar ao redor por todo o caminho que traçou de volta para casa. Sabia ela que qualquer coisa que pudesse flagrar naquele momento seria mais útil do que, de repente, pensou ela, ter deixado a procissão tão às pressas ao invés de ficar para descobrir mais!

Sirus: Os Outros Vampiros (Vencedor #TheWattys2020)Where stories live. Discover now