[38] A PRINCESA

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< Arcebispo Adam >

O fascínio estava em suas faces quando a viu se erguer a partir daquelas aguas misturadas ao sangue inocente. Seu corpo sinuoso brilhava e as gotículas de sangue e agua pingavam quando seus pés tocaram o chão frio.

O príncipe ergueu uma das mãos para melhor apoia-la quando ela alcançou sua plena consciência e deu um único puxão de ar para dentro.

Mas, de maneira inesperada, o clima terno cedeu no instante em que ela o esbofeteou no rosto.

— Você demorou... meu príncipe.

Ele forçou um sorriso dolorido.

— Eu nunca deixei de resguarda-la... minha princesa.

Então, ambos permitiram-se um real cumprimento, a saudação mais profunda, o reencontro tão aguardado, os corpos separados por séculos de exilio.

— Vejo que o tempo não fez muito bem a você — ela tocou-lhe a barriga com as unhas grandes e descamadas. — Mas... isso é o de menos, continua belo como da última vez. Onde estamos?

— Passou-se um século e meio desde que as feiticeiras nos separaram, mas agora estamos unidos mais uma vez.

— Onde está minha sacerdotisa?

— Morta. É o único motivo para que você esteja viva. É chegado o momento — ele tomou-lhe as mãos. — do verdadeiro rei se libertar do exilio.

A princesa acenou com a cabeça, entendida de, mesmo o tempo tendo passado, a imersão no vazio tendo feito parte de sua alma durante todo aquele tempo em que esteve fora, nada daquilo havia mudado, nenhum de seus pensamentos haviam mudado desde então.

Ela queria que os santos pagassem por sua expulsão do paraíso.

Ela apertou-lhe os dedos mais forte e forçou um sorriso maligno.

— Oh senhor do caos — rogou ela, olhando-o nos olhos. — Ilibe as impurezas do corpo dessa serva. Emane através de mim a sua vontade e que se faça cumprir o seu mandamentooooooooooooooooooooooooooo!

Seus olhos enegreceram e suas veias do rosto saltaram, enquanto o príncipe a observava impassível. Ela abriu a boca, e quando o fez, uma nevoa negra manou e rapidamente tapou as vistas de ambos. O príncipe apontou uma das mãos e ela desapareceu dali, ressurgindo a luz daquele dia sombrio, que logo começou a desaparecer quando a presença da princesa fez dispersar a nevoa aos ares do lado de fora.

— Hail Ka Huru... Hail Ka Huru — agora despertos, aqueles que eram servos de Huru prostram-se imediatamente estavam onde estivessem.

Eles adoraram a princesa que vertia as trevas da própria boca, e lentamente essa massa negra palpável ganhava forma e cor, quando um sigilo carmesim surgiu as suas costas e pouco depois, Adam ressurgiu, carregando o filho em um dos braços, a Cabaça nas costas e o Livro da Vida no outro.

Ela apontou para trás e o portal se estabilizou, quando eles foram tragados, assim como aqueles que jaziam perdidos em sua própria ignorância.

— Ж —

< Innamabel Gertsner >

Heinrich e os jovens traidores estavam no templo a esperar quando um estampido os despertou do torpor no qual se encontravam.

Medicado por Dália, Yoseph estava aos cuidados de Marggerith quando o grupo entrou e os encontrou.

— Algo não está certo — ditou Heinrich, recuando da porta entreaberta para o coração do templo. — Uma nevoa densa se aproxima rapidamente.

Sirus: Os Outros Vampiros (Vencedor #TheWattys2020)Onde histórias criam vida. Descubra agora