• Prólogo •

172 35 106
                                    

As criaturas a perseguiam, cada uma mais horrenda que a outra. Seres das trevas corriam atrás da fallon, mas ela conseguia atrasá-los com seus flashs de luz. Ela sabia  que não poderia detê-los por muito tempo e o seu fim estaria próximo. Então correu pelas cinzas de seu reino.

 Skaila sentia as criaturas cada vez mais perto. Os crils não a deixaria escapar, eles a rasgariam com suas garras afiadas e beberiam seu sangue prateado, então, cansada de toda aquela perseguição, a fallon parou e se virou com fúria para eles, mantendo os olhos baixos.

— Cansou de correr e fugir como uma covarde, Skaila? - sibilou uma das criaturas.    

— Você não tem o direito de me chamar assim – vociferou a fallon, olhando para o chão queimado, pois, se olhasse para os olhos das criaturas, imediatamente ela seria morta.  

— Mas esse não é o seu nome, majestade? - zombou a criatura, se aproximando cada vez mais.

 Skaila estava ciente de que era um número de crils muito grande para que sua luz os queimasse, ainda mais depois de gastá-la por todo aquele tempo em que estava sendo perseguida por eles, de modo que ela não passava de um sussurro em seus ossos.  

— Onde está a criança? - rosnou a criatura, fazendo seu hálito podre se instalar nas narinas da rainha.  

— Vão ter que me matar para descobrir – vociferou a ela, pronta para fugir novamente.

— Será um imenso prazer, vadia – rosnou novamente a criatura, lançando uma fumaça negra feita de pesadelos em sua direção.  

 Skaila conseguiu se desviar da névoa negra emitida pelo cril e o queimou com um flash de sua magia, fugindo logo após. Ás vezes, fugir era uma decisão sábia a se fazer.  

 A rainha correu pela terra queimada, um lugar que antes era cheio de vida. O seu coração doía de ver o seu amado reino reduzido a nada, milhares de vidas foram ceifadas pelo mero capricho de alguém que ela pensava que conhecia. Por alguém que nunca aceitou receber um não.  

Tudo o que ela mais queria era que seu companheiro estivesse ali para ajudá-la, mas isso era impossível. Brennon estava morto e quem o matou dizia que o amava, Skaila não compreendia e nunca iria compreender que espécie insana de amor era aquele. O seu único consolo era que conseguiu enviar sua filha para um lugar seguro. Para Skaila, a radiante estrela do oeste, a criança crescer bem e viver longe da tirania de sua ex amiga era o bastante. 

O reino estava destruído e quase toda a população fora escravizada, era triste pensar que tudo o que ela e Brennon tinham construindo estava se acabando. Houve um tempo em se ofereceu sua ajuda para a tirana que estava matando o seu povo, houve um tempo em ela quis ser sua amiga, agora Skaila desejava que a fallon queimasse no inferno. E uma coisa ela aprendera, nunca confiar cem porcento em alguém.  

A rainha se sentia exausta, havia semanas que não comia nada e água bebeu muito pouco, seus ossos estavam doloridos e suas vestes se encontravam em frangalhos. Ela chegara na beira de um precipício, não havia como fugir mais.  

— Agora não tem como fugir, majestade – gargalhou um dos crils.  

— Acho melhor você se entregar – sibilou outro.  

Só havia duas coisas a se fazer, a primeira era lutar contra as criaturas e a segunda pular no abismo. Skaila não queria fazer nenhuma das duas.  

— Ela irá amar torturar cada pedacinho de seu corpo – gargalhou novamente o cril.

— Tentem me pegar – desafiou.  

Os crils se enfureceram e atacaram a fallon com uma magia mortífera, uma magia herdada de Zarkheim, o deus do submundo. Skaila respirou pela última vez, o seu último fôlego, seu último suspiro em meio ao seu desespero.

E antes que aquelas sombras a dominasse ela explodiu. Luz iluminou a escuridão e as criaturas queimaram em questão de segundos, e enquanto seu corpo era tomado pela luz, ela só desejou que sua filha estivesse a salvo.  Seu único consolo, era que iria encontrar seu companheiro no além-mundo.  

 E naquela terra árida e sem vida, sem cor, sem nada, uma linda e brilhante estrela se apagou. Contudo, outra estrela já havia nascido e seria a ruína de todos.  


Nasce Uma Estrela (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora