Ela estava sentada no chão fitando seus dedos esguios pensando se aquilo era mesmo possível. Não, não era . Seu sangue era vermelho como o de todas as pessoas do mundo e não um líquido acinzentado como se fosse prata derretida .
Cresseida sabia que seu corpo estava mudando, afinal ela já tinha completado dezoito anos de idade. Mas no fundo ela sabia que a mudança que ocorria em seu ser não era a mesma que ocorre em outras garotas. Ela sentia uma formigação por todo seu corpo, sentia que de alguma forma seus ossos, sua carne estava se alongando e seus olhos azuis turquesa estavam mais brilhantes . E não era apenas seu corpo que estava diferente . Sua mente também estava, pois uma noite em que se encontrava sentada sozinha no telhado ela podia jurar que as estrelas sussurravam seu nome .
"Cresseida, volte . - Ela ouviu uma voz velha e nova, distante e perto, forte e serena a chamar. - Eles precisam de você “ – sussurrou a voz.
Ela olhou para baixo e percebeu que não havia ninguém ali, procurou por todo o telhado e nada .
" Volte para casa, Cresseida, mostre a todos a sua luz – sussurrou a voz novamente, e então ela notou que uma estrela brilhava mais do que as outras, uma luz verde como esmeralda irradiava o céu . – Volte para casa . “
Casa ? Mas ela já estava em casa . Aquele orfanato no sul da Itália era sua casa e, provavelmente, sempre seria . "Devo estar ficando louca ", pensou ela .
E então ali estava ela, sentada sozinha naquele chão sujo de cimento apenas olhando para seus dedos .
— Cresseida – gritou a Sra. Cavalcanti .A garota se levantou rapidamente e correu em direção à voz, passou por um corredor extenso e adentrou a cozinha.
— Onde a senhorita estava ? - Exigiu a mulher de cabelos castanhos com alguns fios brancos, olhos fundos, lábios finos marcados por um batom vermelho e com um rosto de aparência cansada.
— Por aí - respondeu a garota .
— Por aí ? Com tanto trabalho pra fazer e você estava por aí ? - indagou a mulher .
— Sim – respondeu Cresseida sem interesse, brincando com os dedos das mãos.
— E você acha bonito ficar por aí fazendo nada enquanto suas colegas fazem seus afazeres? - Ela não respondeu . – Francamente Cresseida, por quê essa louça ainda não foi lavada ?
— Não sei senhora, provavelmente porque a pessoa responsável por lavá-las não as lavou – respondeu a menina com um sorriso debochado.
— Eu já falei pra você ter mais respeito pela minha pessoa garota. - Reclamou a mulher. – Agora coloque um avental e vá já pro tanque. – Ordenou ela .
— Por que ? – indagou a garota erguendo uma sobrancelha.
— Porque eu estou mandando – respondeu a Sra. Cavalcanti, sem paciência alguma.
— Eu lavei toda a louça do almoço e do jantar ontem – disse a menina, se apoiando na parede . – Hoje é o dia da Suria .
— Suria está indisposta – respondeu a mulher . – Então você vai lavar . - E saiu da cozinha.
"Bruxa comedora de insetos", xingou a garota . Ela já estava cansada de fazer os trabalhos de Suria sempre que ela inventava estar doente, sua vontade era enfiar toda aquela louça pela garganta de Suria e da Sra. Cavalcanti, principalmente as facas afiadas . Então com toda a calma que ainda lhe restava, ela pegou o avental e começou seu trabalho.
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Nasce Uma Estrela (Livro 1)
FantasyO que você faria se sua vida mudasse completamente? Cresseida era apenas uma órfã que vivia em um orfanato no sul da Itália, até que um dia ela cai do telhado do orfanato e é transportada para outro mundo por meio de um portal. Nesse novo ambient...