Capítulo 2

127 13 3
                                    

Capítulo II

Com uma expressão determinada, Pansy entrou na bem mobiliada sala de estar da imponente mansão Malfoy. Ao cruzar as portas, deparou-se com todos vestidos em trajes sombrios, em tons de preto e cinza. Percebendo suas expressões chocadas, desejou ter subido primeiro aos seus aposentos e escovado os cabelos, porque pôde ouvir com nitidez um sonoro suspiro de desapontamento que lady Lestrange não conseguiu conter.

Ai tia Bella, pensou Pansy. Nunca iria se esquecer do empenho daquela pobre criatura em tentar incessantemente transformar Pansy em uma dama, embora ela própria fosse uma figura muito estranha. Depois que ela ficara viúva passara a usar vestes espalhafatosas e de extremo mau gosto, como a que trajava naquele momento. Um vestido negro, com mangas longas e gola alta, que tinham uns cortes que levavam a crer que o vestido havia sido rasgado.

- Eu estava cavalgando... - sentiu-se na obrigação de explicar. - Estava previsto para o Sr. Dawlish chegar apenas às quatro horas. Não era minha intenção fazê-los esperar tanto tempo ou me apresentar desta maneira.

Não havia nada mais que pudesse dizer ou fazer, então puxou uma cadeira e acomodou-se ao lado da janela, de onde podia ver a chuva que começava a cair inclemente. A maior parte do que seria lido no testamento referia-se a Draco, embora, de acordo com o Sr. Dawlish, houvesse várias passagens específicas a seu respeito, motivo pelo qual fora solicitada a sua presença. Ela sabia que agora teria direito a sua pequena herança, uma quantia que usaria para dar início a sua vida longe dali.

Após ouvir dois ou três itens, contendo informações que nada tinham a ver com ela, deixou de escutar e conduziu os pensamentos em outra direção, passando os olhos lentamente ao redor da sala. Conhecia bem todos os parentes de Draco e não gostava muito das irmãs de Lucius Malfoy. Lady Eleanor sempre a trataram com muita consideração, mas Lady Jane não passava de uma tirana. Lady Bella, irmã da falecida mãe de Draco, era a favorita dela, porque apesar de exigir que Pansy se tornasse uma jovem mais educada, a tratava com respeito e consideração, era o mais próximo de uma mãe que ela teve.

Quando seu olhar pousou em Tom Riddle, sentiu um certo desconforto. Não podia imaginar por que o sr. Dawlish o chamara para assistir à leitura do testamento. Ele parecia um pouco com ela. Os cabelos negros e dispostos em mechas muitíssimo bem penteadas, os olhos eram de um negro profundo e a pele era alva como leite, o que lhe conferiam uma aparência estranhamente angelical. Só que Tom não era nenhum anjo. Em geral, vivia endividado e era conhecido como assíduo freqüentador das mesas de jogos e prostíbulos. Nunca sentira nenhuma satisfação em vê-lo e até certo ponto se ressentia de sua presença ali. Ele era um parente distante dela, embora ela não recordasse os laços de família, e talvez por isso o falecido conde Malfoy sempre o livrara das dívidas. Pansy se ressentia dele porque ele nunca mostrara o menor interesse ou consideração.

Desviou o olhar para a chuva que ainda escorria abundante pela vidraça e para a visão enevoada das colinas que se delineavam a leste da mansão. Deixou sua mente vagar e, subitamente visualizou-se em um navio em alto-mar, sob um céu claro e um vento forte que empurrava todas as velas do navio, fazendo com que ele se deslocasse rapidamente para... Qual destino dessa vez? Fechou os olhos. Como desejava conhecer o mundo, visitar todos os portos famosos sobre os quais havia lido nos livros.

Abrindo os olhos ela pensou que talvez precisasse cortar os cabelos e vestir roupas de homem no início de sua aventura, mas que tivesse mais segurança na viagem. Apresentar-se como uma jovem herdeira viajando sozinha seria perigoso demais para sua vida e sua reputação, alguém poderia querer tirar proveito de sua situação. Poderia até mesmo mudar de nome, e ninguém mais a encontraria, e depois de alguns meses no mar, quando estivesse bronzeada, ninguém a reconheceria. Esse pensamento a fez lembrar da srta. MacGonagal, a antiga governanta, que agora morava nos Estados Unidos e se chamava Sra. Snape. A srta. MacGonagal era uma pessoa encantadora, que jamais deixara de se corresponder com ela durante os últimos seis anos, desde que deixara a Inglaterra para se casar e ter seus três filhos.

Procura-se um noivo - DRANSYWhere stories live. Discover now