Capítulo 15

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Nos dias que se seguiram, uma certa angústia foi tomando con­ta de Pansy. Não só pelo sempre presente lorde Terence Higgs ou o sereno lorde Blaise Zabini, mas pelo fato de que o dia primeiro de fevereiro estava se aproximando com uma rapidez alucinante.

Draco lhe dissera que eram necessários três dias para obter uma licença especial para o casamento e para tratar os serviços de um padre. O que significava que tinha até vinte e sete de janeiro para encontrar um marido.

Quando Terence Higgs lhe fez a proposta formal, ela recusou com vee­mência, deixando o orgulho do rapaz em frangalhos. Ele havia se convencido de que estava profundamente apaixonado e que Pansy era a mulher que redimiria todos os seus defeitos.

Ao informar Draco sobre o pedido de lorde Higgs e sua recusa, notou surpresa que ele suspirara aliviado.

- Não me acha digna dele? - perguntou, imaginando o porquê daquela reação.

Ele a fitou, pensativo.

- Pelo contrário. Ele não é digno de você! Acho-a perfeita Pansy, portanto não serviria para ele. Você que não o aguentaria. O ateliê do alfaiate de Terence é a sua segunda casa, enquanto você, como vive repetindo, prefere vestir farrapos confortáveis a trajes finos e dispendiosos.

Pansy soltou uma gargalhada.

- Tem razão. Ainda bem que sua resposta foi amável. Por um momento pensei que não queria me ver casada com nenhum de seus diletos amigos.

Draco sentiu uma inquietação interior ao fitar os brilhantes olhos castanhos. O que ela dissera era a mais pura verdade. Mas não pelas razões que ele um dia imaginara.

A partir do momento que chegaram a Londres, esperava que Pansy conhecesse alguém, apesar de que sempre acreditara que ela não se adequava em nenhum aspecto ao papel de esposa de um cavalheiro, em especial dos seus amigos. Mas, naquele momento, tinha de admitir que temia tal possibilidade. Blaise era o que mais se mostrava interessado nela, e para o pior, Pansy parecia corresponder ao interesse de seu amigo. Ele, no entanto, detestaria vê-la envolvida em um romance com qualquer um de seus amigos, apesar de desconhecer a razão pela qual pensava daquela maneira.

- O que foi? - a voz distante de Pansy arrancou-o de seus pensamentos.

- Blaise já lhe fez uma proposta formal? - perguntou soando áspero até aos próprios ouvidos.

- Ainda não - respondeu ela, franzindo a testa. - Essa união o desagradaria tanto assim? Devo parar de encorajá-lo?

Draco não encontrava resposta plausível para nenhuma daquelas perguntas. Não podia lhe dizer que a razão pela qual queria que dispensasse Blaise era por não poder suportar a ideia de vê-la nos braços de seu amigo, beijando-o e dividindo a mesma cama com ele. Mas ele precisava ser mais racional. Blaise seria um excelente marido para ela.

- Deve seguir os desígnios de seu coração - respondeu por fim.

- O quê? - questionou atônita. - Enlouqueceu? Sabe muito bem que o que meu coração deseja é sair por aí conhecendo diversos lugares do mundo.

- Não esse, mas o relativo à condição de se casar. - disparou, sem saber o que dizer.

- Certo. Até o momento não tenho uma boa razão para rejeitar Blaise. Sinto-me inclinada a incentivar-lhe a corte, ainda mais com meu prazo se esgotando. - dizendo isso, girou nos calcanhares e precipitou-se pela porta com a graça de uma dama londrina.

Talvez ela estivesse mudando de fato, pensou Draco ao vê-la partir. Mas ainda assim o pensamento de Pansy se transformando numa das damas que conhecia provocava-lhe um gosto amargo na garganta.

Procura-se um noivo - DRANSYWhere stories live. Discover now