Capítulo 4

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Capítulo IV

Durante os dias que se seguiram, Pansy manteve distância de todos. Sabia que as senhoras da família cogitavam cortar-lhe os cabelos, afinar-lhe as sobrancelhas, dar-lhe lições de etiqueta e produzir-lhe um novo guarda-roupa.

Durante a noite Pansy caminhava pelos imensos corredores da mansão. Durante o dia, passava a maior parte cavalgando. Chorara mais naqueles dias do que qualquer mulher por certo choraria durante toda uma existência e mais do que acreditara ser capaz de chorar. Sentia como se sua vida tivesse terminado e, com ela, seus sonhos. Mas não havia nada a ser feito, a não ser aceitar seu terrível destino e resignar-se com o fato de que em breve estaria nas mãos das tias de Draco para se tornar, finalmente, uma dama.

Na manhã do sétimo dia após a leitura do testamento, Pansy se apresentou pela primeira vez na sala de café da manhã, onde a família inteira se encontrava reunida. Todos os olhos se voltaram para ela, seguidos de várias saudações enviadas em sua direção. Pansy estranhou a atitude das tias de Draco, que desviaram o olhar para o sobrinho e o fitaram como se esperassem que ele fizesse algum pronunciamento.

Observou-o sem entender muito bem o que estava acontecendo, até que o lorde falou finalmente:

- Insisto que esperem até que Pansy tome o café-da-manhã.

Encantada com tanta compreensão, ela curvou os lábios num sorriso de gratidão. Por certo, Draco fora o motivo que impedira as tias de atormentá-la durante todos aqueles dias. Ago­ra, restava-lhe apenas o prazer de tomar o último café-da-manhã em liberdade, antes que tudo mudasse.

Oh, como a vida às vezes podia ser complicada! Enquanto se sentia a mais infeliz das criaturas sobre a face da Terra, três senhoras quase explodiam numa espécie de eufórica excitação, da qual ela era o principal motivo.

Quando tomou o último gole de café lançou um olhar de agradecimento a Draco. O sorriso que ele lhe retribuiu era solidário e esperançoso. Ela também sorriu e virou-se para as tias de Draco.

- Bem, por que perder mais tempo se preciso arrumar um marido?

Foi como se o céu tivesse aberto as portas e libertado mil pombas, tão espetacular foi o coro de exclamações que reverberou pelas paredes do aposento. Os homens que ali se encontravam, os maridos das tias de Draco e ele mesmo, foram banidos para Londres, deixando apenas as damas com a missão de transformar Pansy.

De sua parte, sentia-se feliz por eles terem partido. Dessa forma, seus gritos de dor, quando lhe arrancaram os pelos das sobrancelhas, não poderiam ser ouvidos ecoando pelos corredores da mansão. Jamais imaginara ser possível existir tortura como aquela.

Suas longas madeixas negras como a mais sombria noite foram escovadas e aparadas. Lady Eleanor quis cortá-las um pouco mais curtas, mas as outras não concordaram.

Como se isso não fosse o bastante, quando a costureira chegou com um baú carregado dos mais diversos tecidos, Pansy fora obrigada a permanecer de pé por horas a fio. Durante aquele tempo ela foi medida, pesada e comprimida em um espartilho que lhe causou falta de ar.

Parada em frente a tantas senhoras, especialmente quando o assunto era em torno de seus atributos físicos, sentia suas faces corarem. Nunca prestara muita atenção às suas formas, mas com aquele espartilho que lhe empinava os seios e os comprimia um contra o outro, percebeu que se tornavam tão avantajados que, ao olhar para baixo, ela não conseguia ver os próprios pés.

Passadas mais algumas horas de tortura, Pansy foi para seu quarto. Ela foi em direção à cama, onde se atirou sobre o colchão e afundou a cabeça nos travesseiros. Quando por fim se ergueu, deparou-se com sua imagem no espelho e percebeu as mudanças que haviam feito nela. Ela não era a mesma Pansy Parkinson. Ela se perguntava agora se seus sonhos e planos haviam mudado, assim como sua aparencia. Ficou perdida em pensamentos até que lady Lestrange encontrou-a sentada no escuro, com as fitas dos cabelos arrancadas.

Procura-se um noivo - DRANSYWhere stories live. Discover now