Capítulo 19

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CapítuloXIX


Na noite seguinte, Pansy discutiu por quase uma hora com sua camareira, que queria pentear seus cabelos de forma adequada. Resignada, ela deixou a mulher fazer seu trabalho e assim, uma elegante cascata negra caía-lhe pelas costas. Pansy se encarou no espelho. Levava um vestido de linho branco, e as joias ficaram limitadas a um conjunto de brincos e colar de pérolas. Não usava mais nada e os ombros estavam nus. Ela parecia mais pálida do que de costume e os cabelos negros contrastavam mais ainda com a pele alva. Quando avaliou seu reflexo no es­pelho, pouco antes de sair do quarto, admirou-se mais uma vez da completa transformação que sofrera nas últimas semanas e por um momento pensou se talvez tornar-se esposa e mãe fosse algo bom para ela como era para as damas da sociedade, construir a família que nunca teve. Sempre quisera viajar, conhecer o mundo, mas isso porque pretendia encontrar um lugar que pudesse chamar de lar um dia. Mas agora, se perguntava se o casamento poderia lhe proporcionar algo parecido. Pansy abanou a cabeça.

Era chegado o momento de encarar Draco outra vez. Teria de suportar olhar para ele sem deixar parecer a dor que ela sentia em seu peito pelo amor não correspondido. Ergueu o queixo, preparada para enfrentar a batalha e adentrou a sala de visitas no exato momento em que Draco fechava, com força exagerada, um livro que lera de forma ostensiva durante toda a tarde. Estacou na soleira da porta e seus olhares se encontraram por um longo instante. Lady Lestrange ainda não descera e nem lorde Zabini havia chegado. Draco ergueu-se como mandava a educação.

- Vejo que se arrumou. Embora com simplicidade, está muito bonita.

- Obrigada! – Ela fez uma mesura.

Ele lhe lançou um olhar.

- Xerez?

- Por favor - respondeu, movendo-se de modo lento pela sala até tomar um assento próximo à lareira.

Draco ofereceu-lhe a bebida que ela aceitou de pronto, mas de maneira distraída deixou derramar algumas gotas nos sapatos de couro do elegante conde.

- Oh, Deus! – Pansy exclamou consternada. - Veja o que fiz. Sinto muitíssimo.

Ele acompanhou o olhar de Pansy e descobriu a mancha nos calçados. Tirou um lenço do bolso e abaixou-se para limpá-los. Em seguida, Draco encaminhou-se até a lareira. O ambiente imergiu em profundo silêncio. Pansy o observava. Draco pegou um atiçador e começou a remexer as cinzas. Em seguida girou o atiçador e, com deliberada lentidão, começou a caminhar em direção a ela, mantendo o atiçador em movimento o tempo todo.

- Está tudo bem. - Dizendo isso ele girou o atiçador com mais força do que necessário, fazendo-o cair no chão. Não sem antes esbarrar no linho branco da saia de Pansy. - Oh, querida, desculpe-me! Fiz uma mancha preta em seu lindo vestido. Que desastrado eu sou!

Sem lhe dar tempo de responder, retirou o lenço do bolso do casaco e esfregou-o sobre a mancha, aumentando o seu tamanho.

- Pare com isso! - gritou ela, afastando-lhe a mão. - Você fez isso de propósito! – ela o acusou erguendo-se.

Draco se afastou, devolvendo o atiçador ao lugar de origem.

- Como você o fez.

- Está enganado. Não derramei bebida em seus sapatos de propósito.

Draco a encarou e Pansy sustentou o olhar. Ele caminhou em direção a ela, dessa vez sem o atiçador.

- Nesse caso, peço que me desculpe.

Quando o jovem conde estava bem próximo, Pansy deu um passo em sua direção, fingindo tropeçar e encostando a face com ruge no impecável cachecol de cor bege que ele usava. Quando Draco a ajudou a se equilibrar, ela fingiu admiração.

Procura-se um noivo - DRANSYWhere stories live. Discover now