Capítulo 18

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Quatro dias depois, Draco sentou-se em seu escritório, olhando para a carta que seu administrador lhe enviara, sem conseguir ler uma palavra. Quase não vira Pansy nos últimos dias e começava a imaginar o que estaria acontecendo. Ela havia se recusado a acompanhar tia Bella nos últimos eventos sociais e naquela manhã escrevera um bilhete que enviara à sua tia no café da manhã, in­formando-a de que não iria comparecer no baile de máscaras da­quela noite. Aquele fato lhe causara espanto, pois sabia que Pansy estava ansiosa pelo evento. Uma batida suave à porta arrancou-o de seus devaneios.

- Pode entrar.

Quando a tia adentrou o aposento, ele se recostou na cadeira.

- Oh, é a senhora - murmurou.

- Esperava que fosse Pansy? - inquiriu-o, atravessando o escritório.

Ele apenas sorriu.

- Não - respondeu, meneando a cabeça. - Mas por que está soando tão magoada?

- Estou? Pois não tinha a intenção. Só queria lhe dizer que os trabalhadores chegaram e ouvi Pansy mandá-los sair de seu quarto. Tem muito trabalho a ser feito lá. Imaginei se não poderia falar com ela.

Draco franziu o cenho, avaliando a expressão da tia. Parecia um tanto dissimulada, o que o deixou desconfiado.

- Ela deve ter suas razões para não os querer lá.

Lady Lestrange aproximou-se de sua mesa.

- Muito bem. Já vi que não posso ser sutil com você.

- Sabe muito bem que não.

- É muito parecido com seu pai. Era tão cego que não conseguia ver o que estava bem embaixo de seu nariz.

- E o que não estou conseguindo enxergar?

- Que Pansy já escolheu um marido e em breve nos deixará.

Aquelas palavras o atingiram como um soco na boca do estô­mago. Piscou várias vezes, tentando digerir a informação.

- Está enganada - disse, por fim.

- E de que outra maneira explica a conduta dela?

- Está se referindo à sua recusa em comparecer aos últimos bailes?

- Mais do que isso. Tem saído de casa bem cedo todos os dias e volta com dúzias de pacotes.

- A maioria das damas londrinas faz isso - Draco argumen­tou, começando a se sentir desconfortável.

- Não Pansy. Sempre tive de suplicar para que ela me acom­panhasse a Bond Street para fazermos compras. Algo está errado. Pode acreditar.

- Por que não lhe pergunta, já que está tão aflita?

- Já o fiz. Ela desconversou, beijou-me a face, disse-me para que eu não me preocupasse com seus problemas e de maneira delicada me dispensou. Quando tentei insistir, Pansy colocou as mãos em meus ombros e guiou-me para fora do quarto.

-  Merlim! Ela está aprontando algo.

- Isso mesmo.

Antes que pudesse perceber estava de pé, disposto a acatar o conselho da tia. Depois de subir as escadas de dois em dois degraus e atravessar o corredor apressadamente, chegou à porta do quarto de Pansy.

- Você está aí? Abra, é Draco. Posso falar-lhe um momento?

- Claro. Entre! Preciso mesmo lhe pedir um favor.

Draco a tinha evitado nos últimos dias, mas agora não conseguia resistir ao encanto daquela mulher. Pansy estava próxima à janela, trajando um vestido de verão com estampa colorida em verde e pêssego. As mãos unidas à sua frente. Os cabelos negros e longos caindo revoltos sobre os braços. Era a pura encarnação da beleza, mesmo sem o auxílio do pó-de-arroz e do ruge.

Procura-se um noivo - DRANSYWhere stories live. Discover now