Capítulo 6

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Capítulo VI

Dois dias mais tarde, Pansy descia lentamente os degraus de mármore da ampla escadaria. Parecia que estava sonhando, ou melhor, tendo um pesadelo. Não podia acreditar que estava deixando a mansão, talvez para nunca mais retornar ao lugar onde passara a infância e fora a única casa que tivera de fato.

Quando chegou ao pátio, sentiu um vento fresco que trazia cheiro da chuva que se aproximava. Os criados se movimentavam para lá e para cá entre três carruagens, arrumando os pertences dos viajantes. Uma viagem para Londres sempre significara um evento importante. Ela vira várias vezes as tias de Draco e o finado conde se preparando para algo assim, cheios de alegria e empolgação.

Era estranho pensar que ela jamais desejara ir à Londres antes. E mais estranho ainda era pensar que ele precisava ir agora, e mesmo queria, em busca de um noivo. Sua partida estava sendo muito diferente do que havia planejado em toda a sua vida. Sempre se imaginara deixando a mansão Malfoy apenas para iniciar suas viagens pelo mundo. Estava assim, perdida em pensamentos, quando lady Lestrange a chamou:

- Pansy, minha querida, você se lembrou de pegar um lenço e seus sais de cheiro?

- Sim, tia Bella.

- Erga-se! Está se inclinando outra vez.

Ela endireitou os ombros e comprimiu o estômago como lhe fora ensinado em suas lições durante a semana. Lady Bella assentiu satisfeita e caminhou rumo ao interior da Mansão. Ao mesmo tempo, fez uma careta.

- Por que dessa careta, Pansy? - A voz de Draco interrompeu-lhe os pensamentos.

Pansy virou-se para fitá-lo e por um longo momento esqueceu-se do mundo ao redor, admirando apenas a beleza e a perfeição daquela figura aristocrática. Uma leve vertigem pareceu acompanhar sua avaliação e só com muito esforço foi capaz de responder à sua pergunta.

- É a tia Bella. Desde ontem sente-se na obrigação de cuidar de mim e não me dá um minuto de sossego.

- Isso não é tão ruim assim - disse ele, com um meio sorriso nos lábios.

- É mesmo? - Agarrou-o pelo braço e o puxou para um canto afastado - Sua tia tem me bombardeado com conselhos, como o que ela me disse logo após o café da manhã, que eu devia ser cautelosa com o assédio dos cavalheiros, já que é provável que tentem roubar-me um beijo na primeira oportunidade.

- O quê? - perguntou Draco, esboçando um largo sorriso de deboche.

- Sim, foi exatamente isso que ela disse. Então, sinto-me compelida a lhe perguntar se isso é verdade. Acha mesmo que algum cavalheiro vá querer beijar-me?

- Receio que seja... quase verdade. Talvez deva lhe dar alguns conselhos eu mesmo.

- Não, imploro que não o faça! Já ouvi mais conselhos esta última semana do que meu cérebro é capaz de aguentar.

- Eu imaginei. Minhas tias são incansáveis. Mas diga-me, sente-se preparada para a temporada em Londres?

Ela encolheu os ombros.

- Não, mas preciso ir... Aceitei o meu destino... Não aprecio muito a ideia de partir, como é do seu conhecimento.

- É melhor assim Pansy.

- Sabe Draco, esse assunto está me atormentando desde o café-da-manhã. Você sabe que não tenho nenhuma experiência. E... bem, lembro-me muito bem de uma vez, quando eu era muito jovem, que pedi que você me beijasse e você prometeu que me beijaria.

Os olhos cinzentos dele se estreitaram ao fitá-la. Pansy encarou o olhar dele cheia de coragem. Tinha chegado até ali, não iria desistir agora.

- Ei, espere! - disse o loiro sorrindo mais uma vez. - Não está me pedindo que a beije agora, está?

Procura-se um noivo - DRANSYWhere stories live. Discover now