Lembranças de Bogotá

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O Caçador de Marte convocou a Mulher Maravilha para uma reunião na sala da Justiça. Quando Diana chegou lá, encontrou Batman sentado de um lado da mesa e Superman do outro lado da mesa, ambos ficaram em silêncio assim que ela entrou. Diana sentou-se em uma cadeira mais afastada dos dois, aguardando as instruções de John.

Uma reprodução holográfica, rica em detalhes, da capital Bogotá, se expandiu pela mesa da sala. Superman estava atento a todas as informações que John havia reunido com a ajuda de Kara. Estava estampado no rosto dele o orgulho que sentia da garota que, além de ir fazendo um ótimo trabalho na ONU, também se destacava na Liga.

Diana tinha certeza de que Kara era uma futura heroína que faria a grande diferença no grupo, se continuasse seguindo por aquele caminho.

Do outro lado da mesa, Batman estava silencioso e sua máscara impedia que a expressão em seu rosto fosse decifrada. Diana já estava acostumada em participar daquelas reuniões, não era novidade saber que o Batman estava ciente de tudo, quase antes mesmo de John revelar o plano seguinte. Ele se colocava sempre cinco passos a frente das outras pessoas. O que o tornava uma pessoa cautelosa e um perigoso inimigo.

Apesar de ser muito inteligente, Diana ouviu o próprio Bruce Wayne revelar que não era nenhum gênio com QI super acima do normal, embora fosse mais alto do que a média, é claro. Em uma das conversar, confessou que sempre foi levado a se esforçar em obter o máximo que poderia de seu corpo e raciocínio. A sabedoria era adquirida com o tempo, com paciência e dedicação. Recitava então os pensamentos de um filósofo: o sábio era aquele que conhecia os limites de sua própria ignorância.

Na noite em Zurique, Bruce tinha um ar bucólico, ele havia passado por uma semana complicada, com Alfred no Hospital, recebendo um novo coração. Tudo estava indo bem, mas Bruce ainda sentia em seu coração a proximidade da morte de alguém importante. Diana estava lá para dar apoio, não era uma missão. Já havia protagonizado anteriormente alguns encontros as escondidas, mas não passava nada além de flertes e, em consequência, um ou dois beijos. Só que Batman fazia questão de sempre abandonar a cena, antes mesmo dela se desenrolar para obter algum tipo de final.

Contudo, em Zurique ele estava desarmado e sem um escudo protetor, permitiu a aproximação de Diana. E a amazona não poderia negar que a sensação era recompensadora. Eles compartilharam a noite e viram o nascer do sol. E Diana soube um pouco mais da vida de Bruce Wayne.

Diana soube que, aos quatorze anos, ele se permitiu ser livre e abandonar a vida de luxo e conforto dentro da mansão Wayne. Aprendeu a sobreviver nas ruas, viver ao lado de quem nada tinha a ensinar. Só que poucos compreendiam que era aquele instinto de estar vivo mais um dia em Gotham, que os tornavam personagens importantes para o crescimento do rapaz. Bruce viajou pelo mundo, estudou de tudo um pouco, seu intelecto não foi adquirido unicamente por meio de livros, trancado em uma biblioteca, mas colocando em prática diariamente. Física, matemática, biologia, engenharia, até mesmo procedimentos cirúrgicos que poderiam salvar a vida de alguém, principalmente a sua própria vida.

Diana o admirava por completo. Ele era um homem de qualidades e defeitos. Mas um homem sem poderes divinos, ou provenientes de alguma fórmula de laboratório. Batman transformava sua riqueza no seu próprio poder e Diana tinha quase certeza de que, caso ele não fosse rico, não teria sido desprovido de recursos por muito tempo. Afinal de contas, como Clark lhe dissera uma vez, Bruce era um excelente empresário e sabia como fazer o seu dinheiro, e o de outras pessoas, render. Ou seja, a experiência de Batman os levaram até aquela sala da Justiça. Afinal de contas, a Torre foi erguida com o dinheiro das Indústrias Wayne.

Diana o olhava seriamente, imersa em seus pensamentos, quando notou que os três a observavam atentamente.

Havia feito uma pergunta, mas ela estava distraída o bastante para não se recordar. John, que era bastante discreto, e ouvia os pensamentos dela o tempo todo, refez a pergunta.

Os sentimentos da Princesa GuerreiraWhere stories live. Discover now