Intimidade Palpável

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Assim que a presença da sua companhia foi revelada, Diana trancou a porta da varanda. Tranquilamente ela caminhou pela sala e ergueu a perna, pousando o pé esquerdo sobre a mesa de centro, tirando a bota.

— Estava em vigilância? — O Batman perguntou, ainda sentado na poltrona. A luz amarelada do abajur iluminava sua máscara, criando um clima sinistro que Diana desconsiderava.

— Não, esse trabalho de vigilância noturna parece ser seu. Costumo aparece pela manhã, ir em reuniões na ONU, coisas que você sempre foge. — Ela respondeu, tirando a bota do outro pé. — Está me esperando já tem muito tempo?

Batman não respondeu. Ele se levantou, enquanto Diana caminhava para seu quarto, carregando o par de as botas sem salto. Ao contrário do que as pessoas fantasiavam, não havia glamour em um par de botas de uma guerreira amazona. Elas eram confortáveis e bastante úteis no quesito proteção. A história de Aquiles mais do que prova que todo cuidado é pouco.

Diana continuou falando sobre a ONG que havia visitado, e a animação das crianças ao vê-la. Também sobre como era bom o contato com outras mulheres de culturas diferente e poder trazer conforto e consolo para elas.

O herói ouviu tudo em silêncio, parado ao lado da porta, enquanto a princesa se desfazia de seu uniforme.

— Adotou um novo visual? — Ele falou despretensiosamente, referindo-se a calça e as botas maiores e, com certeza, mais eficientes para utilizar em uma batalha, usando as pernas como arma de combate. — Já faz algum tempo que não usa a tiara dourada.

Diana gostava de como Batman prestava atenção nos meros detalhes, embora soubesse que esse era o trabalho dele. Mas, ainda assim, gostava de saber que ele poderia se lembrar de coisas simples que outras pessoas não se importariam em guardar na lembrança.

— Sim, já faz um tempo. — Diana tirou a tiara dourada e guardou em uma gaveta de segurança dentro do guarda roupa, colocando-a ao lado da tiara de prata. — As crianças adoram colocar essa tiara na cabeça. Elas se sentem especiais. Por isso a usei.

Diana destravou o colete pela lateral, era uma vestimenta especial, feita por suas irmãs ferreiras em Themyscira, sob medida para seu corpo. Guardou-o, enquanto seus cabelos negros caiam pelas costas nuas. A amazona virou o rosto, para encarar Batman, que ainda estava parado no mesmo lugar. Queria poder ter o dom de ler pensamentos, assim, quem sabe, saberia decifrar o que aquela expressão nula queria dizer.

Pensando melhor, ela não queria entrar na mente de Batman, mas desejava alcançar o coração para entende-lo melhor, dessa forma, acreditava que poderia entender a si própria.

— A mensagem que me enviou alguns dias atrás. — Ele então começou a falar sobre o que o trouxera a Washington. — Não pude responder antes, estava ocupado com...

— Com sua cidade. Eu sei, eu sei. — Diana tirou a calça de seu uniforme e vestiu um robe acetinado. Virou-se para Batman, sentindo uma alegria contagiante desde que deixara a ONG, por isso nem estava mais tão abalada pela pequena briga que tiveram. — Talvez eu tenha sido um pouco intolerante com você naquele dia. Mas acredito que tudo já foi esclarecido pelo tempo, embora não tenha ouvido nenhum pedido de desculpas. Ao menos quatro pessoas ouviram nossa conversa. Então creio não ter revelado muita coisa sobre nossa situação atual.

O silêncio prosseguiu. Ela deu um sorriso, balançando a cabeça. Naquela tarde, ouviu relatos diversos daquelas mulheres, o que a ajudou olhar por um ponto de vista diferente as atitudes de Batman. Ainda havia coisas que a incomodava, só que não dava para pressioná-lo contra a parede. Quer dizer, até dava, usando sua super-força. Mas não queria apressar as coisas e acabar estragando algo que mal estava certo de vingar.

Os sentimentos da Princesa GuerreiraWhere stories live. Discover now