Renovação Pessoal

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Elizabeth Darcy não era uma mulher que costumava se sensibilizar com facilidade. Ao lado da porta, ela assistia Diana guardar seus pertences em uma caixa, depois dobrando as roupas e ajeitando na mala. A ideia de ter que dividir o apartamento com outra pessoa, parecia bastante desanimadora, mas se Elizabeth quisesse continuar morando naquele apartamento, iria arrumar alguém rápido para ocupar o espaço que Diana deixava vago.

Como não gostava de despedidas, ela apenas deu um abraço em Diana e saiu em silêncio do apartamento. Iria se encontrar com Sophia Lopez, uma estudante de Direito que precisava de um lugar para ficar. Elizabeth ainda era contra a mudança de Diana, mas não poderia ficar esperando o luto passar para arrumar outra pessoa para morar ali.

Diana terminou de organizar tudo e levou as duas caixas e a mala para a sala. A decisão de se mudar não foi fácil. Enquanto jantava com Clark, a ideia surgiu em sua cabeça, ele até ofereceu um espaço para ela no apartamento, poderia liberar o quarto de hóspedes que usava como escritório. Só que Diana não pretendia causar mais alvoroço na vida de seu amigo, sabendo que Lois Lane poderia não gostar da ideia. Mas esse não era o único motivo.

Ela sabia que Bruce e Clark possuíam uma amizade tão solida quanto podia imaginar. Diana poderia quase ter certeza de que Clark já sabia da existência de Damian, e se fosse verdade, não o acusaria de não ter revelado a história.

Assim que deixou o apartamento, Diana ouviu uma buzina do outro lado da rua. Shayera estava no banco do motorista, acenando com os braços. Era quase noite quando a Mulher Gavião combinou de ir buscá-la, só estava atrasada alguns minutos.

Shayera pegou uma das caixas e jogou no banco de trás do automóvel conversível, bastante castigado pelo tempo. Havia uma batida na lanterna traseira, mas ela não parecia incomodada com isso.

— Acredite ou não, comprei esse carro por trezentas pratas. — Shayera girou a chave, ligando o carro, falando com precisão a qualidade do motor pelo seu barulho. Coisa que Diana não fazia ideia do que significava. — Antes de entrar para a Liga da Justiça, eu costumava participar de umas lutas não oficiais. E, por favor, não precisa dizer que usar meus poderes para ganhar lutas em um ringue é algo imoral. — Shayera parou no sinal vermelho e olhou para Diana. — O mercado de trabalho é um pouco limitado para pessoas como nós.

É, Diana bem entendia isso. Mas era injusto ela entrar em um ringue de luta para ganhar dinheiro. Elas viajaram alguns minutos. Obviamente ambas poderiam voar e reduzir o tempo de viagem em apenas meia hora. Entretanto, limitaria a parte divertida da viagem de quatro horas de carro para o Brooklyn, em Nova Iorque.

Pararam em um posto para abastecer o carro. Diana ficou encarregada de comprar comida na loja de conveniência. Ela pegou água e uma caixa de suco, Shayera pediu para levar cerveja, mas a amazona sabia que não era uma combinação muito correta, além de ser contra as leis, beber e dirigir.

Diana colocou os produtos sobre o balcão, enquanto escolhia uma cartela de chicletes, o rapaz no caixa parecia mais atento nas notícias da televisão. O comentário dele a fez prestar atenção no que a repórter falava.

— A polícia acaba de informar que o corpo encontrado boiando no Rio Richmond era de Catarina Lopez, desaparecida desde setembro do ano passado. A família diz que ela fugiu de madrugada, levando poucas coisas. Entrou em contato com a mãe em janeiro, pedindo dinheiro para voltar para casa, mas a ligação foi interrompida e desde então a Senhora Lopez vinha exigindo da polícia uma investigação mais profunda.

O rapaz do outro lado do balcão riu.

— Não devia ter fugido de casa. — Ele comentou, colocando os produtos dentro de uma sacola. — Deu dezoito dólares.

Os sentimentos da Princesa GuerreiraWhere stories live. Discover now