Enfim, discrição

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A mansão Wayne era mesmo uma construção bonita de se ver. O jardim, muito bem cuidado, remetia Diana ao charmoso jardim de Perséfone. O elogio foi muito bem recebido por Alfred, que se sentiu orgulhoso pela comparação. Eles caminharam alguns minutos pelo local, o mordomo apresentando a coleção de estátuas de diversos artistas do Mundo todo. Talvez a estátua de Medusa não agradou muito Diana, por isso, Alfred a levou direto para dentro da mansão.

Logo no saguão de entrada, Diana se deparou com alguns painéis de pinturas. Alfred foi nomeando um por um pelo corredor, dando algumas explicações e observações pelos respectivos personagens nos quadros. Era como um túnel do tempo.

— Nathaniel Wayne foi um caçador de bruxas. — Alfred parou diante do quadro do homem vestindo um traje típico do século dezessete. — Não nos orgulhamos muito dele, mas foi responsável pela maldição da família Wayne.

Diana o olhou confusa.

— Maldição? — Ela perguntou, segurando o braço do mordomo que deu leves tapinhas em sua mão.

— Ele caçou uma bruxa, Annie, e então ela amaldiçoou a família quando era queimada viva na fogueira. Master Bruce gosta de deixá-lo aqui para mostrá-lo que a maldição é contínua.

— Achei que Bruce fosse mais cético do que isso. — Diana observou a expressão do ancestral caçador de bruxas. Era um homem com traços duros, mas os cabelos negros e olhos atentos parecia uma herança genética da família. — Onde estão aquelas fotografias dele bebê que você me prometeu?

O mordomo sorriu radiante, erguendo a mão para levar Diana até a biblioteca. Entretanto, antes que ele iniciasse a sessão saudosista, Bruce apareceu, descendo as escadas. Alfred sussurrou para Diana que eles poderiam ver as fotos depois do jantar. Ele então pediu licença, pois o carneiro ainda estava no forno e precisava ser regado com um bom conhaque.

Diana, parada no meio do corredor, era observada pelas gerações anteriores daquela família, enquanto Bruce caminhava em sua direção. Ela segurou a respiração o quanto pode, analisando detalhadamente sua aparência, da mesma forma que ele deveria estar fazendo no momento.

Ela não queria parecer muito elegante, mas era impossível não ressaltar sua graça usando o vestido da década de trinta, responsável pelos batimentos acelerados do ex-presidente Roosevelt. O longo vestido vermelho acentuava suas curvas, possuía um decote nas costas, algo bastante ousado para a época. O cabelo de Diana estava solto, penteado todo para trás, com as pontas enrolando naturalmente.

Quando Bruce chegou bem perto, ele pegou sua mão e beijou.

— Como foi a viagem? — Perguntou, oferecendo o braço para ela e começaram a andar, saindo daquele corredor, até a próxima sala, onde Diana encontrou mais quadros, só que dessa vez eram de artistas consagrados como Claude Monet, Edgar Degas, Vincent van Gogh, entre outros pintores impressionistas.

— Tranquila. Sempre me perguntam porque eu não vou para os lugares voando, já que posso. Você nunca me perguntou isso.

— Porque eu sei a resposta. — Bruce indicou um lugar para ela sentar, enquanto preparava as bebidas. — Você gosta da rotina comum. Sente que faz parte da humanidade quando desfruta dos pequenos avanços de nossa geração. — Ele entregou uma taça de vinho tinto para Diana, enquanto isso, ficou com seu copo de uísque. — Tenho uma curiosidade, você viajou de dirigível?

Diana bebeu do vinho, atenta a conversa.

— Viajei sim. — Ela respondeu, e era verdade tudo o que Bruce havia dito anteriormente.

— Balão?

— Também.

— Lusac-11?

— Na verdade... — Diana segurava a taça de vinho, podia ouvir a ópera vindo da cozinha passar pelos corredores até a sala. — Eu voei ao lado da esquadrilha durante a guerra.

Os sentimentos da Princesa GuerreiraWhere stories live. Discover now