Como vivem os heróis na Terra

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A academia Stewart era um prédio de dois andares na esquina da Avenida Fountain com a Lindeb Boulevard. O prédio, datado dos anos trinta, possuía um clima bucólico da antiga época, mantendo as placas originais dos antigos armazéns de peixe que vinham do porto. Todo aquele saudosismo estava destacado em detalhes como os arcos nas portas de tijolo vermelho e vidraças quadriculadas brancas.

Quando Diana saiu do carro, após fazer uma breve verificação do perímetro com seu olhar clínico, ela se rendeu a um grupo de garotinhas que pulavam corda na calçada do outro lado da rua. A amazona atravessou a rua, enquanto Shayera cumprimentava um conhecido que saía da academia.

— Vocês moram por aqui? — Diana perguntou para as crianças, que pararam imediatamente com a brincadeira para encará-la. — Desculpe, provavelmente suas mães disseram que não se pode falar com um estranho.

As crianças começaram a rir e saíram correndo. Diana sorriu, não as culpava de fugir daquela maneira, era um sinal clássico de autoproteção, embora fossem muito pequenas para compreender isso.

— Meninas, não é assim que tratamos uma heroína. — A mulher que se aproximou de Diana estava usando um vestido bastante colorido, um colar de pedras e cabelos encaracolados que cobria suas costas. — Elas gostam bastante da Supergirl. Meu nome é Jasmine, estou mais familiarizada com a Mulher Maravilha do que as crianças.

A mulher estendeu a mão e Diana apertou, sem usar muita força.

— Então você me reconheceu? — Diana perguntou, sentindo-se surpresa, afinal de contas, embora seu rosto fosse estampado nas revistas, ainda assim, não imaginaria que iriam reconhecê-la quando a encontrassem na rua vestindo calça jeans e camiseta de alças. Geralmente as pessoas a ignoravam, não imaginando que a Mulher Maravilha estaria numa fila do supermercado ou abastecendo um carro.

— Vai precisar de mais esforço para não querer ser reconhecida por aqui. Eu não sei se já ouviu falar, mas temos uma organização no bairro, John é um dos nossos membros, temos uma grande admiração pelo trabalho de vocês no mundo.

A amazona se sentiu constrangida por não conhecer a organização ao qual foi dito, mas era uma oportunidade para conhecer o trabalho que eles faziam naquele bairro.

Diana foi convidada por Jasmine para visitá-los quando estivesse disponível. A princesa amazona concluiu que isso poderia acontecer logo depois da sua visita à academia.

Jasmine despediu-se e correu atrás das meninas, anunciando a hora do almoço.

— Como vai, Diana. — John Stewart veio receber as heroínas na porta de sua academia. — Bem-vindas, já faz algum tempo que eu tento trazer outros membros da Liga aqui, mas estão sempre todos ocupados.

— Sinto muito por não ter aceitado seu convite antes. Eu me sinto envergonhada por isso. — Diana respondeu.

— Não vejo motivos para vergonha, princesa. — Shayera comentou. — Cada um aqui tem seus projetos e vida pessoal, as vezes não dá para ser assim tão super e estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

— Eu sei, eu sei. — Diana balançou a cabeça, seus cabelos estavam presos em uma trança, que se moveu junto à cabeça. — Eu quis dizer que, somos amigos, não somos?

— É claro. — Shayera e John responderam ao mesmo tempo.

— Então deveríamos nos atentar mais aos nossos amigos e suas necessidades, sonhos e conquistas. Estar ao lado deles, não somente na hora da luta. — Diana sorriu. — Sinto muito, não quero iniciar um discurso no meio da calçada. Força do hábito.

John concordou com um sorriso e a direcionou para a entrada da academia, dando diversas informações sobre o local.

— Estive pensando em uma reforma, mas precisamos de mais dinheiro. A estrutura é boa, só que esse prédio já possui oitenta anos, precisa modernizar o sistema de encanamento, esgoto e abastecimento de luz. Por enquanto, estamos trabalhando somente em algumas áreas, já que existem salas em que o teto está arriscado a cair.

Os sentimentos da Princesa GuerreiraWhere stories live. Discover now