XLV.

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Estamos na merda,
mas    estamos    na
merda  juntos
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Exitem coisas um pouco engraçadas, como ouvir uma piada, existem coisas engraçadas, como ver um amigo se estatelando no chão e existem coisas muito engraçadas, como observar a interação entre marmanjos fortemente armados com uma socialite obcecada por abraços quentinhos.

O clap clap que os louboutins caros faziam ao bater no chão do chalé pareciam assustar os filhotes de Rambo, a qual encaravam mamãe como quem avistava o mais furioso dos cães infernais ── acredite, eu já fugi de um desses totós encapetados ──. Ela carregava nos braços finos uma infinidade de roupas dobradas, enfiando cada peça na mochila com calma lendária de uma verdadeira lady.

Vez ou outra algum idiotinha desviava do caminho dela, assustado, quando Astória mudava a rota para procurar algo entre as minhas coisas. Era incrível ver a cena e estava me divertindo horrores, confesso.

── Você precisa levar um casaquinho, Ronie. ── argumentava ela, segurando um sobretudo pesado de lã batida, mesmo após vários argumentos meus de que íamos passar a viagem inteira no verão europeu e não no Alasca. ── Pode acabar pegando uma gripe, que pode piorar para uma pneumonia já que não terão nenhum médico nesse dito navio. ── continuou ela, gesticulando dramaticamente. ── Então, depois da pneumonia vem o caixão. E tudo isso porque você se recusa à levar os casacos que eu pedi.

Bom, acho que agora todos sabem de onde puxei a parte dramática da minha personalidade.

Agora, olhe bem, isso conta como praga de mãe e praga de mãe sempre acontece. As chances de morrer com pneumonia nessa viagem, ainda mais tendo em vista a infinidade de monstros que iríamos encontrar, era mínima, mas depois dessa fala dela o risco disso cresceu astronomicamente. Eu que não seria lesada ao ponto de ignorar isso. Morrer jovem está longe dos meus planos.

── Tudo bem, mãe. Dois deles estão bons? ── ela negou, erguendo três dedos e apontando outro casaco jogado sobre a cama. ── Certo, três casacos grossos.

Ela sentou na cama a minha frente ── Sherman Yang crispou os lábios em uma linha fina, embora tenha continuado calado ao ver a loira no seu colchão ──, cruzando as pernas devagar e ajeitando a camiseta laranja tão destoante de todo look no corpo. Mamãe estava se saindo muito bem no acampamento, para a surpresa de muitos

── Pegou tudo que precisava pegar? ── Concordei, balançando a cabeça para cima e para baixo. Ela riu. ── Escova, sapatos, blusas, dinheiro mortal, dracmas, documentos, casacos e toalhas?

Concordei outra vez, me sentando na minha própria cama e olhando a loira a minha frente.

── O escudo, ambrosia, as adagas, néctar, a lança, armadura e chicote? ── completou Clarisse, brotando do quintos dos infernos com os braços cheios de armas mortais.

Dessa vez eu neguei, estava apenas com o chicote e escudo, além dos anéis de metal que não tirava por nada nesse mundo. Cassian pulou do beliche, caindo em pé como um gato e correndo para ajudar a Chefona com as coisas.

── O Garoto em Chamas disse que Argos já tem munição suficiente para lutar umas três guerras mundiais e vencer.

Um fato incrível sobre os neandertais do meu chalé: a simples menção de um filho de Hefesto pode trazer à tona o pior de cada um deles. Sério mesmo. É quase como colocar fãs da Katy Perry e Taylor Swift frente a frente, acaba sempre em briga.

Essa foi uma comparação bem aleatória, aliás. Mas suponho que tenha ilustrado bem a situação.

── Desde quando eles sabem algo sobre armas? ── resmungou Alexander. ── Se soubessem, usariam os chifres do pai para fazer lanças para todo o acampamento.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora