XXXII.

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⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
A pancadaria tá
rolando solta
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Nós lutavamos como um. Não sei quando isso aconteceu, mas simplesmente conhecíamos um ao outro o suficiente para saber o que cada olhar dizia. Jason lutava contra Encélado, Piper protegia o pai e Leo controlva as máquinas postas na clareira, usando-as contra os nascidos da terra. Hedge pairava entre nós, batendo em quem quer que tentasse nos atacar.

Senti certa gratidão, o bodinho podia ser um megalomaníaco pirado, mas ainda sim tentava nos proteger a sua maneira.

Em algum momento, a fogueira no centro se espandiu, alimentada pela madeira e pelos destroços que caiam ali resultantes da luta. O calor começava a ficar infernal, mas isso não nos fazia parar, pelo contrário.

Senti, mais do que vi, as coisas acontecendo ao redor. Podia sentir cada mínimo detalhe. Sentia a lança de Jason, a adaga de Piper, o arpão mortal de Encélado, a arma dos nascidos da terra, as máquinas... tudo. Cada lâmina, cada pedacinho de metal parecia gritar o meu nome. E mesmo com tantas coisas acontecendo, eu ainda conseguia manter a concentração no gigante a minha frente.

Ele estava perto de Dory. Perto demais. Vi o exato momento que Jason parou um golpe especialmente forte com a lança, e, com mais pavor do que imaginei, quando o gigante lançou uma rajada especialmente forte de fogo nele. Não o acertou de fato, mas passou perto o suficidas suas costas. Talvez tivesse queimado. Talvez tivesse o machucado.

E, percebi, aquilo eu não podia aceitar.

— Ei, seu grande pedaço de bosta! — Gritei, usando muito mais da coragem que da noção.

Ele não virou, o barulho da luta abafando minha voz. Mesmo com maldita terra sugando cada vez mais meu pé, fazendo-o afundar cinco ou dez centímetros por vez, me movi com especial agilidade, saltando sobre os destroços de metal espalhados pelo chão. Metal. Eu conseguia o sentir como parte de mim.

Precisava chamar a atenção dele, ao menos por tempo suficiente para o Desmemoriado levantar e poder voltar a lutar. Piper e Leo ainda lutavam, eu ouvia suas vozes, o que significava que estavam vivos.

Passei a mão pelo cinto, sentindo as armas penduradas e pegando uma em especial. O metal já amassada pelos golpes dados na dracanae, no dragão dourado da princesa de Colchis e em um dos meus irmãos idiotas estava frio ao toque. Quase acalentador.

Frigideira, eu escolho você!

Pensando nessa frase ridícula, tomei impulso mirando o utensílio doméstico na cabeça oca daquele desgraçado que acha que pode encostar nas pessoas que eu amo.

— Hey, Girafa Modificada Genéticamente! Que tal lutar contra uma filha da guerra? Uhum? — O apelido não pareceu deixá-lo muito feliz.

Uma verdadeira lástima.

Percebi a intenção alheia antes segundos antes. Tive de pular, rolando sobre o chão imundo para desviar do jato de fogo, mas o golpe sequer havia chegado próximo a mim.

Nunca pensei que diria isso, mas benditos sejam os genes de Ares!

— É o que você tem? — Indaguei outra vez, erguendo o chicote em desafio. — Não me impressiona que você e seus irmãos de merda tenham perdido a outra guerra. Minha bisavó tem mais energia que você... — com a voz zombeteira eu completei: — Que deus a tenha!

Jason ainda tentava levantar.

O rosnado dele soou alto. Ele mirou o arpão nas minhas pernas, pulei o mais alto possível para evtar que o golpe me levasse ao chão. Embora ofegante como nunca antes, mostrei meu sorriso mais provocador, arqueando a sobrancelha e acenando com a mão enquanto pedia por mais.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora