V.

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𝐚𝐠𝐞𝐧𝐭𝐞  007,
𝐜𝐚𝐩𝐢𝐭ã𝐨 𝐚𝐦é𝐫𝐢𝐜𝐚

𝐨𝐮 𝐢𝐧𝐝𝐢𝐚𝐧𝐚 𝐣𝐨𝐧𝐞𝐬 ?

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Lembram daquela história de manter o otimismo? Esqueça.

Essa foi minha pior noite, sem drama.

Ares e seus filhos parecem não apreciar lugares de boa iluminação, nem prezar por higiene minima. Aliás, de quem partiu a ideia de encher todas as paredes do maldito chalé com armas afiadas? Bater o dedinho em uma quina pode ser fatal nesse lugar. Poderia fazer uma imensa lista de defeitos desse negócio e ai vai ela:

1. A combinação de preto e vermelho não torna o ambiente lá muito acolhedor. Talvez um tom de azul pastel, ou bege fosse a melhor opção.

2. As armas - além de serem um risco à segurança - fazem sombras estranhas que me dão medo. Fiquei três minutos encarando a parede vendo uma silhueta maligna, só para perceber ser o contorno de um escudo.

3. Os beliches tem colchões duros demais. Tão confortáveis quanto dormir em pedras

4. O garoto que dorme na cama de cima ronca mais que uma duzia de tratores, e ele não é o único.

5. A garota no outro lado parece estar brigando com alguém mesmo em sonhos. Alguém deveria colocar calmante no leite dessas crianças, falo sério.

Preciso de mais motivos para odiar esse lugar? Cheguei nesse acampamento havia pouco tempo e já sinto falta do meu quarto, onde as paredes tinham mesclado de azul e roxo, imitanto uma galáxia cheia de estrelinhas que brilhavam no escuro. Na realidade, sinto falta mesmo dos meus pais indo deitar ao meu lado quando tinha algum pesadelo e lendo histórias de Shakespeare na tentativa de me fazer pegar no sono. Nunca dava certo e então passavamos a noite vendo comédias romanticas.

Após revirar durante parte da noite, e ter sonhos estranhos na outra, acordei mais cedo que qualquer um dos filhotes de Rambo. Aproveitei o momento silêncio - ou quase, levando em consideração os roncos do lugar - para usar o banheiro, peguei a mochila que trouxe comigo e levei-a junto - depois eu agradeceria o filho de Apolo por ter me devolvido antes do toque de recolher.

As roupas que comprei no outro dia estavam amarrotadas e as maquiagens misturadas, por sorte nada havia quebrado. Tirei os produtos, feliz por ter comprado cada um deles. Nem deus sabia quando poderia ir novamente em um shopping decente e, algo me dizia que por essa bandas não existia lojas Gucci.

Continuando as criticas do acampamento, meu celular foi confiscado logo no começo, quando tentei ligar para meus pais e avisar onde estava. Aparentemente os monstros tem um radar especial que detecta linhas telefônicas, eu sei, uma droga completa, que adolescente moderno vive sem instagram e twitter? Judy disse que daria um jeito de avisar aos meus progenitores, e eu esperava que isso acontecesse rápido porque, deuses sabem o quanto papai pode ser neurótico com minha segurança.

Papai, pensar nele ainda me é estranho, em menos de 24 horas aconteceram tantas bizarrices na minha vida ao ponto de não saber mais como chama-lo. Porém, uma coisa eu tenho certeza absoluta: Ares nunca vai ser meu pai. Talvez biologicamente sejamos parentes, mas, porra, custava dar um sinal de fumaça sequer nesses 15 anos?

Agora eu precisaria ficar nesse lugar sem tecnologia, sem shopping, sem aulas de ginástica e, ainda de quebra, usar uma camiseta laranja que parecia me deixar mais alaranjada ainda. Oras, essa cor não valoriza nadinha meu tom de pele, nem a cor do cabelo.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora