IV.

7.3K 816 1.1K
                                    



⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
𝐦é𝐝𝐢𝐜𝐨 𝐝𝐞 𝐠𝐫𝐞𝐲'𝐬  𝐚𝐧𝐚𝐭𝐨𝐦𝐲,
𝐥𝐚𝐝𝐫ã𝐨𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐫𝐝𝐚 𝐞 𝐚
𝐦𝐞𝐧𝐬𝐚𝐠𝐞𝐦 𝐝𝐞 𝐜𝐚𝐧𝐝𝐲 𝐡𝐞𝐫𝐨𝐧
⊱⋅ ──────────── ⋅⊰




Will Solace possuia um talento especial em tratar ferimentos, confesso ter tido medo de deixar um garoto mais jovem cuidar dos meus machucados, porém esse acampamento de malucos parece inclinado à deixar suas próprias crianças cuidarem umas das outras.

Impedida de conhecer o lugar pelo sol que se punha atrás das montanhas, fui mandada para descansar no chalé de Hermes. O médico formado em 16 temporadas de grey's anatomy me alertou sobre os “hábitos” daqueles que viviam na cabana, o papaizinho deles era deus dos viajantes, mensageiro dos outros deuses e, de quebra, dos ladrões.

Num ato de fofura extrema, Will ofereceu guardar os pertences mais valiosos ali na enfermaria até a hora em que eu seria reclamada. Essa tal reclamação consistia no meu parente divino tomar vergonha nas fuças e assumir a 'responsabilidade' do meu nascimento.

— Talvez Apolo, Stella falou que a protegida dela tinha bons dons musicais. — olhando bem para o garoto tinhamos alguns traços parecidos, olhos claros, pele meio bronzeada e a forma do nariz.

— Seria estranho, todo mundo fala da minha semelhança com o Beauregard pai. — rebati a possibilidade. — Porém é complicado imaginar mamãe traindo o marido.

— Entendo. — parecia pensar sobre o assunto, bastou mais uma olhadela em mim para continuar: — Pode ser Afrodite, você se encaixa perfeitamente.

Depois do silêncio predominar na enfermaria e me dar uma tal ambrosia para comer, Solace pediu, no caso ordenou, repouso. Apontando o caminho cheguei ao dito lugar onde iria ter de dormir até o horário da fogueira, seriam menos de três horas, no entanto ele disse bastar.

E quem seria eu para desobedecer ordens de um garoto mais novo que eu, não?

Para ser 100% sincera, todo meu corpo agradeceria minutos de repouso após tanta correria do dia. Crianças e adolescentes, de no mínimo 7 anos e máximo 19, espiaram minha aproximação através das janelas. Podia ser o  preconceito de saber das histórias contadas pelo filho de Apolo, entretanto o grupo parecia ter feições elficas e malignas.

Todos ali já comentavam sobre a chegada de Stella e sua protegida, internamente estava odiando saber das outras amizades da morena. Oras, nós duas somos melhores amigas e eu nunca chamei ela de Stelly como ouvi uma garota chamar.

Munida na força do ciúmes, me joguei de qualquer maneira sobre uma cama vazia apontada para mim. Abracei as cobertas e escondi a frigideira debaixo dela.

Vovó sempre dizia: “O seguro morreu de velho”.

Sequer percebi quando peguei no sono, lembro apenas dos sonhos estranhos e sem nenhum sentido. No sonho sentia como se não fosse capaz de lembrar de nenhum detalhe da minha vida, um véu negro parecia cobrir todas as lembranças passadas. Sons de uivos lupinos e flexas preenchiam o vazio de informações, só para serem trocados por sussurros sonolentos e ventos potentes o suficiente para fazerem meus cabelos ruivos ricochetearem de maneira dolorosa.

Saindo da parte vazia como num passe de mágicas, estava eu outra vez na grandiosa mansão dos Beauregard. Lembrava exatamente daquele fatídico dia, aconteceu na tarde seguinte da minha festa de 15 anos. Estavamos nós três enbolados uns nos outros no sofá, mesmo tendo espaço suficiente para sequer encostarmos os corpos, vendo Meninas Malvadas pela milésima vez.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora