XXVIII.

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Ora, ora, temos um

Sherlock Holmes aqui?

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Cheguei a infeliz conclusão de que todos os seres mitológicos são, no mínimo, pirados. Eles claramente precisam urgentemente de ajuda psiquiátrica... e uma camisa de forças e uma cela solitária.

Talvez seja o peso da imortalidade, afinal. Ver, dia após dia, as mesmas coisas se repetindo, pessoas nascendo, pessoas morrendo, semideuses lutando e se ferrando, monstros, titãs e outras coisas mais reerguendo-se para tentar destroná-los... deve ser no mínimo cansativo. Não os julgo por acabarem tendo alguns parafusos a menos ─ mentira, julgo sim.

Bom, mas deixemos as analises comportamentais para outra hora e voltemos à programação normal: meio-sengues prestes a entrarem em confusão.

O dito Éolo lembrava muito um ex-artista decadente, daqueles que vemos em revistas com a manchete "Do estrelato ao completo esquecimento". Ele provavelmente fez inúmeras plásticas com o Doctor Rey, caso a pele fina e anormalmente repuxada dissesse algo.

Andamos vários minutos nos salões abarrotados por aviãozinhos de papel flutuantes, harpias de aparência malignas e sermos guiados pela aura ─ Mellie o nome dela ─. A nossa guia não era lá a mais atenta, visto que quase nos deixou cair em um buraco rumo à queda e, consequentemente, à morte.

─ Se eu cair, você me salva. ─ Dizia Piper, segurando a mão de Jason enquanto andavam sobre a superfície recém construída sobre o abismo.

─ Você vai me salvar também, Super-homem. Mas não vou segurar sua mão. ─ Resmugou o latino antes de olhar para mim, estampando um sorrisinho de lado e dizer,: ─ Claro, posso abrir uma exceção para você. Caso você fique com medo de cair.

─ Tão gentil... ─ contrariando o sarcasmo escancarado nas palavras, eu realmente apoiei uma das mãos no ombro dele.

Segui o caminho pousando todo o peso na parte dianteira do sapato, seria terrível acabar furando esse chão improvisado e, sinceramente? Estou cansanda de quase morrer.

Aliás, abençoado seja meu anjo da guarda ─ se essas coisas existem ─, o pobrezinho não deve ter descanso nunca.

Ao passarmos por todos os tipos de salas tecnológicas e telas de televisão, avistamos o dito deus que queria a morte de todos os meio-sangues. O dito Éolo, senhor dos ventos e tudo mais. Apenas outro imbecil que vai tentar nos matar ou dar alguma missão estranha hora ou outra, visto que essas são as duas únicas coisas que os deuses fazem por nós.

Acompanhar a conversa com o Cabeça de Vento era um verdadeiro inferno para alguém com déficit de atenção, ele falava rápido demais e sobre assuntos avariados ao mesmo tempo, mudando de opiniões a cada segundo e remexendo o rosto em tiques aflitivos.

Aliás, alguém devia cortar a cafeina desse cara.

E demitir quem fez a maquiagem dele — tão natural quanto a de uma drag queen decadente.

Era fácil ignorar a gigantesca maioria das falas dele, observando os aviõezinhos de papel ou a movimentação dos espíritos e das harpias no salão. Vez ou outra pegava algumas poucas partes da conversa, como algo sobre entrar no ar, retocar a maquiagem e decretar a morte dos semideuses semideuses.

— Sinto muito sobre essa história das mortes. Mas, deuses, eu estava zangado de verdade, certo? — essa parte em especial chamou minha atenção, como se uma vozinha dissesse na minha mente "ouça, preste atenção" — Você sabe... eu lembro agora. Era como se uma voz me desse o comando para essa ordem. Uma pequena voz gélida na minha nuca.

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora