Capitulo 15 parte 2

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Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado.

Oscar Wilde

- Okay. - Disse aliviado o chefe. - E este é Babo o cozinheiro, e estes dois são os seguranças. - Apontou para dois gigantes. - Marcio e Nando.

Acompanhei meu monitor até meu quarto, o que foi absolutamente constrangedor, já que depois de algum tempo a conversa educada foi substituída por ruídos de confirmações.
- Por que meu monitor não é a mulher, afinal eu sou a única criminosa? - resaltei.
- Porque escolhemos os criminosos que queremos, e ela escolheu o filho. - Seu tom foi indiferente, ele andava tão rápido que era difícil acompanhá-lo, e então pensei naquele velho jogo de definir em palavras o que meus olhos enxergavam

O sol se libertava das escuras nuvens que a poucos o enjaulavam. A grama estava molhada, algumas gotas ainda caíam enquanto o cheiro de terra molhada inebriava o ar. Ele estava de costas andando tão rápido que tornava difícil acompanha-lo, suas botas faziam um barulho alto, porém ainda era possível ouvir sua respiração acelerada.

Chegamos a uma pequena casinha cuja cor era indecifrável, parecia uma mistura de azul que não era azul, com verde que não era verde. E os grandes números de metal revelaram o número "955" da porta antiga de madeira:
- Eu durmo na "956", se precisar de alguma coisa. - Disse se esforçando para não me encarar.
- Tá bom. - confirmei minha capacidade de entender aquelas palavras.
- Tá bom, "Senhor Liam". - Falou me corrigindo, senti escondido bem perto de seus lábios um sorriso.
- Tá bom. - Respirei profusamente e escolhi meu tom extremamente sarcástico e continuei. - Senhor Liam.
- Que bom que estamos nos acertando, senhorita Blanc. - Sorriu falsamente.
- Por que eu preciso chamar o senhor, de senhor Liam? Não era melhor senhor Moraes? - Questionei.
- A partir de agora eu faço as perguntas, entendeu senhorita Blanc? - Ele nunca foi tão profissional. Pegou minha mala e abriu.
- O que está fazendo? - Perguntei.
- Preciso checar se não trouxe nada inapropriado, senhorita Blanc. - Respondeu automaticamente. Revirou minhas coisas. Até achar meu celular, que o fez me olhar com desaprovação e guardar no bolso, e continuou, encontrou uma calcinha preta de renda e seus olhos se arregalaram, porém se manteve sério. E então finalmente encontrou um lápis, e seu maxilar trancou em reprovação, o que ele achava que eu iria fazer com um lápis? Matar alguém de tanto escrever.
- Pronto. - Falou em relação a mala. - agora estica as mãos e abra as pernas.
- O que você pretende? - Questionei apreensiva.
- Vou lhe revistar! - Me afastei instantâneamente.
- Isso é procedimento padrão? - Perguntei relutante.
- Não! Estou fazendo por pura prazer. - Falou irônico. - Óbvio que sim.

Suas mãos eram firmes, e começaram pela minhas costas, descendo levemente, passou para as minhas pernas e subiu até o começo das coxas, e pude ouvir um engasgo. Ele me tocava de um jeito lerdo e delicado, me causava choques enquanto meu coração parecia ter tido uma descarga de adrenalina. E virei de frente para ele. Suas mãos estavam na minha barriga, desceu até minhas pernas e subiu até chegar perto dos meus seios, e ele engoliu em seco. Seus olhos finalmente me olharam, e era impossível desgrudar o olhar. Mas ele fez possível. Entrei na minha casinha e tranquei a porta. Me sentei e ainda conseguia sentir seu toque, seu corpo próximo ao meu e a sua respiração acelerada. Saiu do meu devaneio ao ouvi-lo na porta.
- Rápido! - Gritou ele. - Vamos começar o castigo, senhorita Blanc.
E os jogos de resistência começaram e não somente os do acampamento militar, como os do "Senhor Liam".

Obs: Comentários
-Lu

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