Capitulo 17

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Provoca quem sabe. Resiste quem consegue.

-Autor desconhecido

O silêncio se tornou constrangedor, nem um músculo foi movido, nenhum som foi profetizado, nem se quer o ar preso nos meus pulmões se atreveu a sair.

- Amor, não avisei que não gosto de provocações. - Morde o canto da boca que ainda estava na fase de cicatrização por minha culpa.

- Amor, não avisei que não tenho menor interesse na sua opinião? - É difícil ser menos revoltada perto desse ser cujo ofício é prender pessoas.

Ele estava com seu olhar furioso, porém a porta se abre e ele não pode mais me castigar, Janny encara a cena:

- O que diabos está acontecendo? - Seu salto bate nervoso no chão, fazendo um ruído semelhante a um tiro.

- Estávamos conversando. - Responde o Policial.

- Sério? - As sobrancelhas se apertam com ferocidade. - Porque pareceu que vocês estavam se agarrando.

- Eu adoraria, mas ela  é teimosa. - Esbraveja.

- O quê? - Ela faz uma expressão perplexa.

- Qual é Janny? - começa ele em tom calmo. - Nós não estamos num relacionamento.

- Porque está fazendo isso? - Os olhos dela a bera das lágrimas. - Eu disse que queria um relacionamento  com ele.

- Ele me agarrou, além do mais você ouviu ele. - Me afasto. - Ele não acredita estar em um relacionamento, qual é o seu problema? Você é bonita, inteligente e capaz de encontra alguem disposto a se comprometer, e vamos ser lógicos ele nem é tudo isso.

- Ei! - Rosna Liam.

-  Não quero ouvir sobre como eu mereço mais! Estou com raiva, e quero muito estar. - Revida ela, me calando.

- Okay. - Digo baixo.

- Pode nos dar licença! - Exclama depois de processar minhas palavras. - Obrigado.
Deixo a sala lentamente, os sons são altos e pouco claros do meu quarto, apenas me lembro de ouvir Liam uma única vez, e ele gritou em plenos pulmões,"Calma, Janny! Calma", nessa exata ordem.

O telefone toca exatamente no momento que começo a pensar se de alguma forma, não estaria fazendo o que Anne havia feito comigo. Se estaria virando a faca que machuca as pessoas, ao invés da dor, que sempre fui. E sim! Isso me magoou consideravelmente mais do que qualquer outra coisa.

- Alô? - Digo, afastando os pensamentos. - Alô?

- Sou eu. - Responde a voz, Anne.

- Oi! O que você tem? - pergunto ao notar que ela parecia melancólica.

- Eu preciso que venha me buscar. - Ela está receosa.

- O que aconteceu?

- Lucas e eu brigamos, ele voltou sozinho, e eu não tenho dinheiro. Pode vir me buscar? - Falou irritada.

- Claro, aonde você está? - Questionei.

- Hotel Belo Jardim, você sabe onde é! Tem uma foto na sua escrivaninha.

- Estou indo, vou chegar aí daqui uns dois dias, eu acho. - Respondo calculando.

- Porque vai demorar tanto? - Interroga.

- Porque você foi de carro até o aeroporto e então foi de avião, eu vou de carro, só de carro. - Falei secamente.

- Tudo bem. Obrigado. - Fala meio mal. - Eu sei que já fiz muita merda contigo...

- Passado é passado. - Afirmei. Sentindo os cacos presos na minha costela se deslocarem dolorosamente. Meu coração estava quebrado, junto a todos os outros órgãos que transmitiam se algum a forma "sentimentos".

Desliguei o telefone enquanto a porta batia raivosamente. Me dirigi ao quarto e comecei a separar as roupas, com um certo divertimento. Finalmente um motivo pra viajar para longe da máquina do tempo ambulante, chamado Policia.

- O que esta fazendo? - Questionou ele adentrando. Sem ser exato se referia ao que fazia naquele instante ou na minha vida.

- Fazendo pão que não é. - Respondi ávida.

- Você hoje está se superando. - Grunhiu. - Sério!

- Vou buscar a Anne. - Disse, raciocinando o fato de que meu carro estava no mecânico, e o único automóvel que eu poderia usar era do ser mais estúpido da face da terra. - Me empresta a caminhonete?

- Não! Eu aprendo com os erros, a maioria dos erros pelo menos. - Diz puxando o lábio esquerdo. - Além do mais, a última vez que pegou minha caminhonete ela acabou no fundo do rio, e sem falar que você acabou jogando o guincho lá também.

- Em minha defesa eu queria salvar a caminhonete, fazendo o guincho empurrar para cima, mas acabou que o guincho despencou na água - Suspirei. - Um problema de estratégia.

- Por que você está  indo buscar a Anne?  - Interrogou.

- Ela pediu. - Disse rapidamente.

- Por que ela pediu? - Questionou.

- Porque talvez eu não faria tantas perguntas quanto você. - Respondi nervosa.

- Vou ligar para a delegacia. E já vamos! - Afirmou o Policial.

- Você não vai! - Repliquei. Vendo meus planos serem destruídos.

- Vou! Por dois motivos, é a minha irmã e é a minha caminhonete. - Concluiu indo para o quarto e arrumando suas coisas, ao mesmo tempo que ligava para a delegacia.

Seria dois dias de viagem, 48 horas aguentando Liam, e infelizmente 2,880 minutos de lembranças, pois o hotel Belo Jardim guardava memórias, e não somente as recentes de Anne e Lucas.

- Onde ela...

- Hotel Belo Jardim. - Interrompo.

- o nosso Hotel Belo Jardim? - Perguntou me encarando. - Ela não estava fazendo um estágio? Que eu saiba, não tem estágios naquele Hotel! - Diz ele rangendo os dentes.

- Isso é denominado "mentira", e sabemos que você não a deixaria ir se lhe falasse, que na verdade queria ficar sozinha com o Lucas. - Respondo tentando chutar a mala para cima do banco  do passageiro.

- Quem é Lucas? - Semicerrou os olhos me encarando depois de me impedir de continuar chutando.

- O namorado. - Respondo.

- Namorado? - Pergunta novamente. Depois de uma leve análise  questiona temivelmente.

- Ela está em um  Hotel com o namorado que eu nem sabia que existia. - Começa irritado. - E no nosso Hotel?

- É... - Respondi, porém no fundinho do estômago, sabia que a interrogação  se encontrava longe do fim.

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