Capitulo 01

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Um tropeço pode evitar uma queda.

-Thomas Fuller

Aqui estou correndo. Quando comecei a ser responsável? Quando comecei a querer estar saudável? Eu sou uma escritora, sou paga para pensar de preferencia sentada numa enorme poltrona, entretanto como uma escritora mediana, preciso começar a viver, afinal não quero ser uma velha que a maior aventura foi ser assaltada no ônibus. Isso seria triste e nem um pouco rentável. 

Algumas quadras e chegarei em casa, meus pés estavam prestes a entrar em coma, meu corpo implorava pelo suicídio rápido, entretanto a tortura se prolongou quando meu antigo noivo agora apenas um vizinho distante e pouco importante decidiu que devíamos conversar, e em minha opinião pouco sensata, nós não tínhamos esse tipo de intimidade.

- Ola, Catherine. - Sua voz estava formal e gentil, ele era um homem incrivelmente inteligente, e estupido no mesmo instante.

- Sinto muito Jorge, mas minha psiquiatra deixou claro que não preciso de conversas imensamente desinteressantes na minha vida. 

- E isso significa o que? Exatamente. - Questionou com a sobrancelha arqueada e os olhos semicerrados, me lembrei de como aquela expressão me irritava, era como um questionamento sem palavras, como um bolo sem recheio, não fazia sentido.

Continuei andando como se nada houvesse acontecido, depois de alguns passos pude ouvir o grunhindo de entendimento, que me fez pensar que talvez o seu Phd não seja assim tão complicado de ter. Evita-lo me fazia incrivelmente bem, principalmente pelo fato de que a traição estava impregnando o ser dele, eu podia relembrar somente ouvindo sua voz ou o seu cheiro de farmácia.

Existem varias coisas muito piores que encontrar o meu noivo transando na minha cama, que podem fazer toda essa mudança na minha vida, e eu nem gostava muito dele. O real problema é que eu me senti frágil. Me senti fácil de quebrar, exposta e eu odeio me sentir assim é como se a qualquer momento alguém fosse me jogar no chão, e não restaria um pedaço inteiro, mas com Jorge eu não sentia amor, ambos já sabíamos isso, pensei que assim estaria segura de rompimentos irritantes. No entanto não quer dizer que tornou a traição menos dolorida. Mas me odiei por estar sempre querendo algo seguro, como se jogar de paraquedas de 1 metro de altura, eu precisava de aventuras.

Cheguei em casa finalmente, estava completamente cansada e meus pés estes já não estavam presentes. Tentei abrir a porta mas foi em vão, havia algo impedindo a porta de girar, uma prensa, um chinelo, talvez até mesmo uma bolça. Nada que me preocupou, de inicio.

- Anne! - Exclamei irritada, e quem não estaria se estivesse se sentido como uma mula com cabeça entretanto sem corpo algum.

- Theri? Você chegou? - Questionou minha colega de casa, que tinha uma verdadeira habilidade em fazer perguntas estupidas.

- Não estou lá fora ainda. - Respondi sarcasticamente como era normal. No canto da porta, observei malas, soube a razão de meu pequeno problema de entrada e me atordoei ao pensar de quem as mesmas pertenciam. - Há alguma chance dessas malas serem da minha mãe? - Temi a resposta como se ela fosse me dizer que estava escondendo um psicopata na cozinha. Que não tinha tanta diferença, como deveria.

- Você não se lembra não é? - Obvio que não, eu avisei sobre suas perguntas! As vezes apenas concordo com o que ela tem a dizer, sem nem saber o assunto.

- Como eu esqueceria, feliz aniversario. - E essa foi uma tentativa frustada de não ouvir outra bronca sobre como nunca ouso o que ela diz. Isso foi meio irônico.

- Não é meu aniversario. - Respondeu respirando lentamente como um dragão pegando oxigênio necessário para incinerar o que estiver na frente, no caso eu. - Meu irmão, um dos outros filhos dos meus pais, vai lugar o terceiro quarto da nossa casa, ou seja, vai morar conosco, eu e você. - Era necessário me tratar como se fosse uma pessoas estrangeira tentando entender uma  língua na qual não sou muito boa. 

- há claro. - Não tinha a menor ideia, do que estava afirmando saber.

- você não se lembrou não é? - Nos conhecemos a anos, nos conhecemos muito bem!

- Não, foi mal. Qual irmão? o mais novo com nome esquisito? - Pensei.

- Não. - Disse como se respondesse a um formulário.

- O gay? - Era o irmão mais divertido.

-Não, e não diga isso para meu pai, ele ainda não sabe. É o Liam. - Suas palavras sairão e penetraram minha alma com uma maldita serra elétrica 

- Não, nem pensar. - Gritei não tão alto. 

- Sim, e pensando muito sobre isso, além do mais você já aceitou. 

Estava decidida a dizer não, e estava decidido! Não se pode alterar algo assim, deveria ter dito isso a Anne. 

- Você destruiu a blusa que eu mais amava. - Tentou me fazendo sentir culpada.

- Você quebrou meu iPad. - Infelizmente eu também sabia jogar esse jogo.

- E você quebrou meu carro. - Em minha defesa aquela enorme placa dizendo perigo deveria ser maior.

- Você transou com meu ex noivo! - Jorge e Anne linda historia de amor, claro, se eu não existisse. Não gosto desse assunto, porém sou muito boa em não deixar transparecer.

- Merda! - Grunhiu ela, me fazendo sentir enormemente satisfeita.

- Ganhei. - Sou uma terrível vencedora confesso.

- Eu aguento sua mãe. - E ela uma horrível perdedora, porém uma ótima competidora.

- Eu também. 

- Mais não é minha obrigação é sua, mesmo assim eu permaneço ao seu lado. -  Permanece obrigatoriamente, o universo criou minha mãe ( Meus avos ajudaram) mesmo assim, é um dever de todos. Gostaria de ter lembrado desse argumento quando ela contra atacou.

- Tá bom.- Digo fazendo uma expressão brava e decepcionada. Como pude deixá-la ganhar, porém para sermos justos eu estou exausta, não conseguiria ganhar essa discussão.

- Ganhei! - Porque mundo? Sou uma pessoa ruim? Tá, eu sei que sou, mas pega leve.

- E onde ele tá? - Questionei apos a pausa para apreciar a dança da vitoria de Anne.

- No quarto. - Disse ainda com um sorriso desdenhoso. 

Estávamos sentadas na mesa conversando, para sermos precisos, ela falava enquanto eu balançava a cabeça e respondia com sim, não, o um barulhinho esquisito de afirmação.

- E você e o Lucas? - Perguntei quando Anne notou minha má atenção a sua conversa.

- Eu queria conversar com você mesmo. - palavras muito simples que me despertam do mundo da Lua. - Eu e o Lucas vamos passar uma semana juntos na casa dos pais dele. - Um coração parado e aflito, para ouvir as tópicos de  pré casamento de Anne. 

- Quando? - Tentei parecer interessada. 

- Daqui dois dias. - Respondeu animada.

- Tranquilo, lembra quando eu disse que ia passar 14 dias em um cruzeiro pela... -Meus olhos viraram em direção a ele, que entrava na sala.

Ele não mudou nada continua com aquele porte de galã, os músculos, o cabelo longo e loiro sempre amarrado e os olhos negros como a escuridão. Os mesmos olhos no qual eu costumava pular, como se fosse um lindo poço sem fundo.

- Catherine - Disse um pouco constrangido.

- Policial. - Sibilei voltando a pouca atenção para Anne, que tinha prioridade de chegada. 

- Você ainda não me perdoo ? - Antecipou, como sempre, cheio de suposições.

- Nunca. - Disse com toda sinceridade que continha naquela casa, que não era muita.

Levantei e fui para a cozinha, outros diriam, levantei e tentei escapar de uma conversa tensa, mas sou eu que escrevo o roteiro de meus atos.

- Que historia é essa? - Questionou com a mão na cintura em posição de ataque.

- Não tem nenhuma historia, só seu irmão que é um idiota. - Finjo estar á procura de algo. Seria muito incomodo que essa conversa acabe agora com um tiro no meio da testa. 

8 Anos Where stories live. Discover now