Capitulo 22

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Paixão é droga, é talvez um vírus contagioso através do olhar. E viciante pelo gosto mentiroso e efeito alucinógeno que afeta a consciência e o coração.
- Jonathan Corrêa

- Presos? - Questiono tentando engolir aquilo tudo. 

- Sim! - Responde bagunçando o cabelo curto, que volta exatamente ao mesmo local, como se nada o houvesse tocado. 

- O que você disse pra ela? - Ele chuta um pedaço de madeira velha, e se vira para o lado oposto de minha existência. 

- Disse que estou sempre concertando as merdas que ela faz, e que estou me cansando de viver  sendo o porto seguro dela. - Fechou os olhos como se tentasse apagar as palavras, ou meramente fazê-las menos horríveis.

- Por que disse isso? - Gritei, oscilando o tom por causa de uma coruja cujo as assas batiam num som incrivelmente alto. 

- Porque eu estava nervoso. - Passou a mão na testa. - Ela disse que tinha problemas e eu surtei. Sabe quantas soluções criei para salvar Anne de seus "Problemas"? 

- Sei. - Sussurrei lentamente, lembrando de todas as vezes que presenciei essa cena, os ombros contraídos, as mãos balançando de um lado a outro, e os pés chutando o que tivesse na frente. Andava em círculos na terra úmida perto do rio, sabia que em sua mente tentava encontrar justificativas para estar certo, e dessa vez não pudia cupa-lo, Anne nunca pensava no efeito que podia ter sobre as pessoas. 

- Ela ficava dizendo que você estava certa. - Falou depois de se sentar. - Não deixei ela falar muita coisa, porque queria brigar pelo fato de estar repetindo as mesmas ações passadas. 

- Eu estava certa sobre o quê? 

- Sobre Jorge. - Repetiu, ligeiramente confuso. - Ela não disse o resto, mas parecia envergonhada. 

Entrei na casa antes que o Policial me perguntasse sobre o que Anne estava dizendo. O sofá marrom avermelhado no canto perto da janela, a cozinha que era apenas uma toneira, a bancada com livros empoeirados, e um elefante de cristal. 

- Me explica! - Ordenou Liam assim que atravessou a porta, fechando a mesma. 

- Você não vai querer saber disso. - Falei. 

- Mas preciso saber. - Resmungou. 

- Jorge, o meu ex. - Comecei, tentando raciocinar o motivo de estar tão tranquila. - Virou ex quando encontrei sua irmã com ele na cama, e eles não estavam tirando o lençol para lavar. 

- Não acredito que ela continua a me surpreender. - Sibilou. - E você ainda continua sendo amiga dela? 

- Acho que somos mais colegas agora. 

- Era isso? - Questionou duplamente tenso. 

- O que eu disse pra ela naquele dia... - Respirei profundamente. - Foi que iria acabar sentindo a mesma dor que provoca. 

- O que eu fiz? - Trincou os dentes ao falar. Como se cada ato de Anne lhe fosse um aviso de mal irmão.

- Não precisa de tudo isso. - Afirmei. - Jorge e eu eramos uma luz apagada, não me importaria nem se ele pegasse minha avó.

- Por que? - Perguntou Liam com algo na voz, que não pude diferenciar de ferocidade ou estrategia. - Por que você e Jorge não conseguiam ter um "Relacionamento" propriamente dito. 

- Nada que lhe interesse. - Resmunguei começando a entender aonde a conversa estava indo. 

- Diga. - Pediu. - Isso não vai sair daqui, vai ser tipo "o que se faz em Vegas". 

- Fica em Vegas. - Terminei. Armando uma mudança de assunto. - Estávamos falando de Anne! Ela não está bem, e sumiu. 

- Ela disse que só precisa de um tempo, e está bem. - Resolveu ele o impasse. 

- Mas... - Antes que pudesse terminar interrompe. 

- Ela visou que voltaria aqui, antes de roubar minha caminhonete, além do mas, ela precisa de espaço. - falou. - E você e eu precisamos conversar, para que eu consiga me concentrar na minha irmã ao invés de você. 

- Não precisamos. - Ressaltei com um falso entusiasmo. - Somos passado, esqueceu? 

- Só quero ouvir... - O  interrompo. 

- Sim! - Resmungo baixo. - Estou com um vontade imensa de te ter. Sim! Gostei daquele beijo. Sim! Era uma tatuagem. Sim! Você estava lindo sem a blusa naquele dia. Sim! Jeff é gay. Sim! Sei que não esqueci o passado. Sim! Eu me lembro, e sim! Me sinto tentada. - Esbravejei deitando o rosto em cima de minhas mãos. - E agora? Já escutou o que queria ouvir.

- Agora vem a parte divertida. - Disse, se levantando e vindo em minha direção. O cheiro de menta incendiou minha alma, e então tomou meus lábios em um beijo desejoso, segurando minha nuca e apertando meu corpo contra a parede. 

- Merda. - Murmurei em uma voz inaudível.

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