Capitulo 06

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  Voltei a ter crises de insonia, e isso tá acabando com meu sistema nervoso. Até ver o sol nascer entre os prédios nessa selva de pedra se torna triste quando não se dorme. 

- Camila Ramos 

Estou sentada na cama, me sentindo em um daqueles videos de perseverança que costumava assistir quando perdia a expectativa na raça humana, que infelizmente não eram poucas. Meus pensamentos era como milhões de TVs ligadas ao mesmo tempo, na qual não me sentia apta o suficiente para assistir todas. Pensei como seria descrever este momento em palavras, era um tipo de exercício de escritora que eu fazia as vezes para ajudar na criatividade:

 O Tic-tac do relógio parece eclodir naquele silencio da noite, junto a sinfonia do galho que era remexido do lado de fora da minha casa, a porta do armário não permanecia parada um dos culpados era o vento que invadia meu quarto por causa da janela aberta, não podia me sentir mais vazia de como me sentia. Uma parte de mim queria correr para longe daquele cenário digno de um filme de fantasmas, entretanto a outra queria abrir os braços e se jogar naquele vendaval e ser levada lentamente como uma folha que se desprende de uma arvore no outono.

OTic-Tac, me faz sair da caverna escura de meus pensamentos.

Encaro o teto branco, e então admito a mim mesma que dormir deixou de ser uma opção, levanto e ando em direção a cozinha. Não ouse acender a luz sua medrosa, uma voz em minha mente cochicha, confesso que á algo profundo dentro do meu corpo que sob ao céu, como um medo bobo de criança, talvez seja isso, eu me sinto como uma criança! Confusa, cheia de perguntas e uma vontade presa entre as costelas da qual ninguém tem conhecimento do que é. 

Entro na sala, um som avisa de que não estou sozinha, e no sofá laranja se encontra Liam a beira de cair no chão. Me aproximei para acorda-lo e mandar ir para o quarto de hospedes que agora é seu. Porém quando estou prestes a toca-lo percebo como seus lábios são rosados, seu cabelo brutalmente bagunçado como cotidianamente, e seu rosto gritava poesia, não uma romântica, uma destruída! Que aparentava  brigar em meio a festas, cair em calçadas bêbado, e  natureza, está que ainda indescoberta pelas pessoas, ele exalava autocontrole, menos ali, pois com seus olhos fechados ele parecia um menino rebelde, alguém indefeso, simples e calmo. 

- Acorde. - o chamo. Mas nem se quer se movimentou. - Tem alguém invadindo a casa. - Sussurro, porém nada acontece, e então tento uma ultima vez. - Tem um casal transando na cozinha.

- Anne? - falou se levantando com o punho fechado. - Não tem ninguém na cozinha. - Analisou ele o obvio. - Você fez isso para me acordar? 

- Si... - Tento porém sou interrompida.

- Claro que sim! - Reclamou, indo até a cozinha e pegando um copo de água.  Me neguei a iniciar uma discussão, estava completamente cansada, e perder era iminente, coisa que não me agradava. - Cade a Anne? - Questionou.

- Quarto! - Respondi direta e sem enrolações. O silencio preencheu o ar, como a água fez o mesmo com meu copo. Minha visão era ampla o suficiente para reparar que o Oficial não se moveu, estava parado como se de um segundo a outro estivesse colado no chão. Não gostei de como estava focado, porém não ousei verificar se realmente era eu que estava chamando tanto a sua atenção. 

O telefone de casa começa a tocar causando uma explosão de som, e um certo alivio.

- Quem liga as três horas da manhã? - Perguntou meio mal humorado. Atendi, e me joguei no sofá.

- Alo? - A voz nitidamente angustiada chamou. - Cath?

- Jeff? - O som estava um pouco baixo, entretanto a voz era familiar. Liam se voltou em minha direção assim que o nome foi proferido.

- Oi, desculpe te ligar nesse horário, mas é que eu não conseguia dormir, e você sempre reclama de insonia então eu pensei... 

- Pensou certo. - Disse antes que ele achasse que fora um ato inapropriado. 

- Lucas me ligou ontem! - O som estava abalado. - Ele quer voltar comigo. 

- Para que namorar? - Digo, e então na poltrona de frente a mim o policial se senta.

- Eu não sei, se fosse você o que faria?- Quase não o escutei

- Acho que relacionamento é uma rotulo de propriedade, e que poderíamos nos ver, ficar, entre outras coisas. - O maxilar do Policial ficou tenso. - Sem que seja necessário a exclusividade, e se um dia decidirmos fugir, que seja, o presente é agora! E prefiro isso do que palavras lançados ao nada, como promessas vazias.

- Nossa! - Disse Jeff surpreso. - Esse foi um ótimo conselho. Se importa se eu copiar essas exatas frases quando falar com ele? 

- Absolutamente não. - Falei com veemência.

- Depois dessa, eu e ele iremos fazer coisas proibidas para menores de 18 anos. E acredite eu tenho técnicas - Ressaltou.

-  Técnicas sexuais? - Perguntei, e reparei o quanto os ombros de Liam estavam arqueados.

- Logico! Você não tem?

- Bem, eu não saiu divulgando! Além do mais se quiser descobrir, teremos que efetuar o ato. - Falei brincando.

- Obrigado mais da fruta que você gosta eu como o caroço! - Disse zombeteiro.

- Porque acha que eu não? - Cochichei.

- Cath, você é a unica pessoa nesse mundo com quem casaria. - Falou, se referindo aos nossos anos de amizade, e o quanto sempre fomos fieis e conselheiros nos momentos ruins, e outros esquisitos.

- Você também é único!

- Além do mais homens são complicados. - Afirmou com toda a razão.

- Concordo plenamente. - Apoiei.

- Vou tentar dormir! Ainda vamos naquele novo bar perto do shopping? - Ele parecia mais calmo, depois de ouvir meus conselhos, gostava quando soava leve.

- Logico! - Falei entusiasmada.

- Sonha comigo. - Disse se despedindo.

- Só se você também sonhar comigo! - E sorri desligando o celular, expressão que se despedaçou ao notar a carranca de Liam.

 Os olhos estavam escuros, suas veias estavam mais visíveis do que o comum, sua boca parecia estar sendo prensada. 

- Quem é Jeff? - Seu queixo ergueu como se estivesse atento a tudo que eu iria dizer. Sua mão se fechou contra o braço da poltrona e estava um pouco branca nas laterais, sinal que estava apertando forte.

- Uma pessoa. - Porém, nada naquele seu jeito furioso me fez ficar com medo, não sentia qualquer medo por ele, tinha medo de mim, perto dele.

- Essa pessoa é seu amigo? - O maxilar trancou depois que ele terminou de perguntar.

- Não tenho o menor interesse em lhe fornecer essa informação, então, boa noite. - Retruquei, e voltei para o meu quarto em passadas largas.

E de repente, sem que minha própria consciência notasse dormi.

8 Anos Where stories live. Discover now