Capítulo 29

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Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

-Adriana Falcão

O sítio era longe, mas era o lugar mais bonito que eu me lembro de ter visto. As árvores cercando a casa antiga, robusta, grande e completamente sofisticado. Os pais de Gabriel eram pessoas gentis e incrivelmente ricos, o que me fazia querer ser Advogada como eles, porém logo deixava quieto, pois querendo ou não se fosse para discutir cordialmente em frente a um júri, preferia as velhas bofetadas das ruas.

- Eu pego suas malas. - Avisou Liam, assim que terminou, tomei minhas malas entrei concentrada em não revelar o quanto pesavam.

- Teimosa. - Murmurou enquanto o deixava para trás.

- Gabriel? - O chamei. - Meu quarto?

- Segundo andar. - apontou para uma escada de madeira, como as dos filmes italianos, e nas paredes que seguiam os degraus, fotos de família.

Arrumei as roupas numa cômoda, tomei um banho quente e desci para ver se já haviam preparado algo para comer.

- Olá. - Falou uma garota loira de olhos azuis.

- Oi. - Respondi educadamente.

- Meu nome é Maria. - Apontou para si mesma. - Esses são, a Juana, Carol Gustavo, Elias, e Liam. - Completou com cada um acenando.

- Essa é o meu anjo da briga, quero lhes apresentar. - Falou Gabriel erguendo uma das minhas mãos,  como quem ganhava no UFC. - Catherine "Cozinheira" Blanc.

- Pelo menos um de nós, precisa saber cozinhar. - Começou Juana aliviada.

- Não, não, amiguinha. - Retomou Gabriel. - A comida que ela faz é entregavel ah... - Piso em seu pé.

- Não estou entendendo. - Maria repeti, procurando informações na expressão de Liam, mas nada encontra.

- Cozinheira, porque ela sempre! Quebra os ovos dos garotos da escola. - Todos caíram na gargalhada exceto Liam que fez um leve sinal de "Eu sei".

- Não quebrei os seus, Gabriel. - Sorri com o olhar psicopata. - Ainda.

- Calma, anjinho. - Falou com as duas mãos ao alto, se rendendo.

- Vamos pescar? - Perguntou Elias.

- Vamos. - Concordaram Liam, Gabriel, Gustavo e  Carol, correndo para disputar os melhores instrumentos.

- Vou caminhar. - Avisei os deixando. Talvez eu não fosse muito extrovertida, gosto de ficar quieta, fazer o quê.

A estrada era de terra, havia grama por todos os cantos.

- Aonde vai, Catherine? - Uma voz rouca ressoou.

- Não lhe interessa. - Resmunguei.

- Se não interessasse, eu não estaria perguntando.

- Se lhe interessasse, eu estaria respondendo. - Ele segurou um dos meus braços, sua expressão? Furiosa, seus olhos? Como os de um leão, Catherine? Tentando fingir que não queria beija-lo descontroladamente.

- Não foi pescar? - Murmurei.

- Eu vi você vindo nessa direção e pensei "O que me faria mais satisfeito? Pegar peixes, ou lhe fazer ficar rubescida". - Seus olhos. Aqueles dois pequenos abismos adoráveis.

- O mais humilhante ganhou, então. - Sorri, um pouco preocupada.

- Sabe? Eu estava pensando comigo mesmo, o que eu faria nesse sítio. - Seus olhos estavam intimidadores. - Porém, quando você entrou rabugenta no banco do passageiro, eu sabia exatamente o que eu gostaria de fazer.

- Você está muito perto. - Tento brava, falhando miseravelmente.

- Você ainda não viu nada. - Seu queixo encostou no meu rosto.

- Não acha mesmo que vai ser tão fácil, né? - Pensei numa estratégia de fuga.

- O que você quis dizer com isso? - Falou, no instante seguinte sendo atingido bem no meio nas pernas. Tropeço aos risos, enquanto ele se contorce horrivelmente parecendo  estar num trailer de exorcismo, enquanto eu desaparecia por entre as árvores.

- Catherine "Cozinheira" Blanc, amor. -  Minhas palavras permaneceram entre seus gemidos de dor e promessas de vingança.

Fui criada para não ser fácil, seja onde estiver, Catherine, sempre será o ser mais teimoso da face da terra, até ela própria admite, quer dizer... Eu, admito.

8 Anos Where stories live. Discover now