Capítulo 34

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"A provocação é a arte dos terríveis".

- Aline

- Começamos por você explicando o que está acontecendo. - Liam tenta manter a calma, escondendo os olhos negros de raiva que facilmente e em inúmeras ocasiões me seduziram.

- Estou cumprindo uma promessa. - Fiquei fixada nas próximas palavras que saíram dela, mas eu só pensava em como eles se pareciam. Não havia percebido os cabelos quase como se pertencessem a mesma pessoa, na mesma cor, desde os mínimos tons. O rosto era um pouco diferente, o dela era redondo, o dele um pouco mais pontuado nos contornos de sua face, mas os olhos, esses eram completamente divergentes, os dela eram claros, os dele, um convite para se render, a única coisa no mundo inteiro, que eu não conseguiria fazer, eu perderia batalhas para aqueles abismo em círculos colocados perfeitamente abaixo de suas sobrancelhas, fossem quantas necessárias, porém, me render... Isso não me cabe na alma. - Eu me apaixonei.

- Lucas? - A cortou, por pura compulsão, pois Anne falava como quem desejava ser muda, e cedia as perguntas como uma condenada num interrogatório, se bem que de certa forma ela era forçada a responder perguntas de um policial.

- Não. - Ela puxou a respiração e soltou, e em meio aos ventos de seu pulmão, estava um complemento. - Mônica.

- Mônica? - Sua voz parecia surpreendida, e eu gostei, não por maldade minha, mas porque as palavras dele me fariam ver o homem machista que uma vez encontrei numa festa, eu teria uma decisão, não poderia me juntar a alguém que machuca meus ideais, e finalmente o deixaria. - E essa Mônica feriu seus sentimentos? Ela não te ama?

- Não... - Ela prendeu o ar confusa, assim como eu, ele não gritou nem foi a pessoa qhe eu esperava. - Ela me amava! Mas ela ... Morreu.

- Sinto muito, Anne. - Disse ele com um sorriso triste, quase como se soubesse o sentimento, aquilo me irritou, eu não estou num caixão! Só estou vivendo uma vida sem estar presa, e em todos os sentidos da palavra.

- Antes do acidente, antes de tudo. - Ela puxou o pequeno copo com vodka e engoliu. - Prometemos ir a uma ponte próxima daqui, porque foi onde a Môni disse que se sentiu livre de todas as formas. Ela disse que queria dividir aquilo comigo, e depois iríamos nos assumir para o mundo, e seria depois daquela ponte, e aquele lugar que paro todos pode ser insignificante, para nos, seria o começo. - As lágrimas saíram, e o Oficial não tentou acalma-la, sem a deixou chorar em seu ombro, pois estava engolindo o líquido quente, e quieto, como se lhe tivessem tirado a língua.

- Por que não disse a verdade? - Minha voz saiu tão baixa, que eu tremi, com o meu próprio som, com aquele perdido empregado nas palavras.

- Não achei que você me aceitaria. - Ela falou para o irmão, que ainda quieto, mostrou que aquilo pouco importava para ele. - E não achei que ainda éramos próximas o bastante, desde que... Me perdoe.

- Por que foi nos locais das minhas fotos? - Questionei.

- Eu só achei, que se você tinha aquelas fotos, daqueles lugares, era porque fizeram você feliz. - Ela falou, ele abaixou a cabeça, e eu encarei a mesa ao lado. - Eu queria um pouco de felicidade.

- Mas me pediu para buscar você? - Perguntei, mudando o assunto bruscamente.

- Eu estava desistindo, eu e a Môni, tínhamos planejado a viagem, iríamos naquele hotel, porque você me disse que era um dos que lhe marcou. - Sorriu pra mim, quase como sem querer. - Estaríamos juntas, dormiriamos juntas, e estávamos fazendo aquela viagem para ficarmos juntas, o primeiro passo. Ela achava aquilo tão romântico. Eu senti falta dela, sozinha naquele quarto, eu queria desistir.

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