Capitulo 04

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Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.

-Clarice Lispector

9 anos atrás.

Uma festa na casa de Larry Bing. 

Chegamos na festa atrasados sempre gostei de chegar em ponto em tudo mas, por incrível que pareça meu primo Gabriel ficou duas horas se arrumando, e sinceramente quem estava sendo obrigada a ir nessa festa era eu, não deveria ficar com a parte lerda do roteiro? E sem comentar que estava sendo usada para que, o mesmo, pudesse causar ciumes na ex namorada.

Havia inúmeras pessoas naquela festa pelas quais, apenas sabia o nome, porém sempre têm aquele grupo específico que chama atenção, e nesse caso eram os irmãos de Anne. Os antigos super populares da escola, e QUASE todas as garotas babavam por eles, o "quase" era que eu não estava entre elas (ainda). Aposto que estão se perguntando o por que? simples:

Eu era a nerd - Eles os populares

Eu os achava uns idiotas - E eles se achavam a ultima bolacha do pacote.

Eu era ( E sou) feminista - eles nem sabiam o que isso significava.

E logicamente ninguém me conhecia, mesmo que eu morasse na mesma cidade, estudasse na unica escola, e vivesse na mesma casa.

Na verdade a festa não estava tão irritante quanto o esperado, porém meu primo não parecia nem se importar, na verdade minha conclusão foi que nada chamaria a atenção dele, mesmo que o papai noel aparecesse em sua frente pegando fogo, seria incapaz de vê-lo. Seu rosto estava sempre virando de um lado para outro procurando Janny (a ex), e finalmente a encontrou, mas depois daquela cena dela beijando o Henri, se arrependeu. Apenas notei quando o encontrei paralisado no meio do corredor. Estava com aquela cara decepcionada e infeliz que foi o fosforo que inicio o fogo da minha raiva! Ele me fez vir a essa festa decadente cheio de pessoas que nem se quer sabem que eu existo, para nada. Nem pensar não roubei os sapatos perfeitos da minha mãe pra isso! E foi nesse momento que a "salvadora nerd" entrou em ação.

O puxei bruscamente:

-Nos viemos por um motivo, e eu não me disfarcei sem motivos, agora vamos completar a missão!

Estava meio que vidrada nos filmes de espiões secretos, naquele tempo, por mas que odiasse como retratavam as mulheres.

Ele estava colado em mim, não havia nada mais que panos se encostando, nenhum sentimento, nem se quer vontade.

-O que você vai fazer? - Perguntou apreensivo. A ex que estava a poucos centímetros espiou o que estava acontecendo. 

-Serei a heroína das suas bolas machistas, mas não se preocupe ainda não gosto de você.

O segurei mais perto, e o beijei como os filmes idiotas que minha mãe me obrigava a ver, em que as mulheres sempre eram salvas. E quando o soltei, ele puxava o fôlego enquanto ouvíamos uma voz que parecia rasgar todo o meu tímpano.

 Nunca me senti tão bem sendo um pouco má, entretanto era somente para ela ver que ninguém trata meus parentes mal! Mas confesso que me senti bem, Janny fazia um pesadelo minha vida na escola.

- Solta ele! - Gritou a voz.

- Por quê? Vocês terminaram! lembra?

- Logico que sim, porém é necessário beija-lo na minha frente? - Gritou Janny como quem mandava em todo o universo.

- Como se você não estivesse fazendo a mesma coisa com o Henri. - Respondi não entendendo o escândalo, obvio que eu esperava uma reação irritada, não um barraco. 

Todos olharam diretamente para ela pois era raro, alguém confronta-lá, porém não me importava, nunca liguei, e não iria começar logo agora:

- Não fiquem tão surpresos, vocês tem medo dela! Tanto que  só abaixam a cabeça! Como se merecemos alguém dizendo que é melhor, ou que merece mais, do que um jovem bonito e relativamente inteligente! Como você faz todo o dia! - Digo olhando em seus olhos. - Como se todos a sua volta sejam secundários em suas próprias vidas, e de proposito. Sempre ditando regras para nós nos comportarmos, e se eu não quiser? E se eu desejar ser a errada, o oposto do que você acha direito, ou melhor, ser uma esquerda. - Retruquei, antes mesmo dela dizer algo.

- Quem é você para falar assim comigo? - Disse, fingindo uma completa calma.

- Meu nome é Blanc, Catherine Blanc. - Como disse vidrada.

- Você não sabe o que ele fez! Não ouse chegar e começar a brigar comigo! - Tirou os olhos de mim e encarou Gabriel, com fúria. - A propósito onde à achou? Num zoológico. - Todos riram freneticamente. Os odiei por não notarem como estavam sendo controlados.

- Na verdade não, ele mudou o lugar a onde arranjava namoradas depois de você ser uma delas. - Murmurei alto bastante para que a própria ouvisse.  

Virei as costas e fui pegar uma bebida enquanto ela me seguia.

- Pare, tá fugindo agora por quê? Ficou com medo. - Tentou, desesperada.

- Não se sinta importante, eu só quero ficar um pouco bêbada pra ver se você fica mais bonita. - Respondo secamente à deixando com o sangue fervendo.

-Então coitado do seu namoradinho ele tem que ficar bêbado sempre! - É até que ela tava melhorando nas respostas, mas para mim, já era o suficiente daquela discussão.

Ergui as sobrancelhas e sai daquela sala, mas levei a ultima garrafa de vodca escondida.

[Continua]

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