Capítulo 30

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Não valorizou, perdeu, só espero estar sempre tomando as decisões corretas, pois se for meu, volta, se não for pra ser, Deus sabe o que faz.

-Caio Fernando Abreu

- Quantos peixes pegaram? - Pergunta Maria assim que adentram a porta.

- Um. - Diz Gabriel me fazendo cair na gargalhada. - Do que você está rindo, em?

- O único peixe que pegaram. - Falei me aproximando diabolicamente. - Está com a etiqueta.

Arranco o pequeno adesivo e saiu correndo, mostrando a todos o papelzinho amarelo escrito 20,00 reais.

- Só não sei o que é mais deprimente. - Todos os olhares ficaram em mim. - Vocês terem comprado o peixe, ou terem comprado um, só.

Todos iniciaram uma risada interminável exceto Liam e Gabriel. Gabriel estava sério porque eu o havia pegado no flagra, enquanto Liam porque eu o havia chutado. E a minha pessoa? Adorando.

- Vamos beber. - Fala Juana.

- Sempre diz a coisa certa, Ju. - Diz Elias a beijando na bochecha.

Duas garrafas foram dispostas na mesa.

- Nos fale sobre você, Catherine.  - Carol começa. - Ou devemos perguntar?

- Gosto dessa ideia. - Interrompe Elias.

- Perguntem, então. - Sorri descaradamente.

- Algum caso de amor? - Ataca Juana.

- Nossa! Vamos perguntar alguma coisa menos íntima antes. - Esperneia Maria. - Afinal, nem estamos bêbados ainda.

- Pronto. - Fala Juana me servindo um copo inteiro de uma bebida azul . - Depois disso estará bêbada.

- Você não presta. - Proclama Carol.

- Então porque o inferno me quer? - Responde ela imponente.

- Então? - Questiona Gabriel á mim.

- Casos, sim. Amor? Não cheguei a tal desgraça. - Todos voltaram aos risos.

- Sorte sua.  - Resmungou Elias.

- Ele só diz por causa da Valéria.

- Valéria? - Questiono.

- O suposto amor dele. - Resmunga Carol.

- Eu a amava. - Tenta ele se defender. - As mulheres é que não notam quando estão tentando tê-las.

- E você estava tentando tê-la? - Perguntou rindo.

- Sim. - Respondeu magoado.

- Na próxima. - O aconselho. - Avise que a deseja.

- Isso aí! - Concorda Juana.

- E lute por ela. - Fala Maria, como quem tivesse sido eletrocutada pela verdade.

- Esquecemos o maldito peixe fora da geladeira. - Grita Elias saindo disparado em direção à cozinha, acompanhado por todos.

- Não está tão ruim? - Diz encarando, trampando o nariz pelo cheiro horrível.

- Está sim! - Afirma Maria.

Volto para a sala onde estávamos anteriormente e me sirvo outro copo do misterioso líquido azul. Liam aparece antes de todos, lembro o quão quieto estava, além dos usuais olhares tensos que eu evitava fielmente. Ele para entre a passagem da porta. Os ombros estão inquietos, como quem estava com raiva, possesso por algo que eu fiz, bem possível que seja pelo chute nos lugares baixos.
Se aproxima lentamente, o queixo se contorce de fúria, e de repente os passos aumentam, ferozes e preparados, certo daquilo que fariam. Ele gira a cadeira de madeira que estou sentada, seus olhos parecem mais abismos do que o costume.

- Preste muita atenção. - Inicia com aquela voz rouca, meio perdida quase ofegante. - Eu te quero. E não vou medir esforços. - Complementa. - Para ter aquilo que desejo, para que seja minha. E quando eu conseguir, você me chamará de "amor".

- Convencido. - Resmungo trêmula, acalmando meu coração do súbito gatilho que o fez bater um escola de samba.

- Não. - Retruca. - Apenas digo fatos, Teimosa.

Seus lábios calam os meus antes que eu preferisse qualquer palavra. Seu gosto nos meus, sua barba raspando no meu rosto, suas mãos me segurando. Ele, levemente abaixado para ficar na minha altura. Um beijo forte, lento, interminável.

- Minha! - Reafirma. - É uma promessa, amor.

8 Anos Where stories live. Discover now