Capitulo 23

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Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia. O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo.

-Clarice Lispector

Meu coração estava acelerado demais,   e minha respiração seguia o mesmo ritmo, os ombros dele não negavam a mesma empolgação, estavam tensos e firmes, ambos sabíamos o que desejávamos e nenhum de nós era capaz de dizer em voz alta. Um ligeira força emerge de dentro do meu pulmão (Diria coração, mas minha mãe disse que eu não tenho). Meus pés ficam firmes e empurro o seu peito para longe.

- Qual é! - resmunga ele. - sabemos que estava gostando. - Disse puxando  o canto da boca em um minucioso sorriso.

Eu estava ali, a poucos centímetros e tão longe dele. Pensei em todas as vezes que ele calou minha alma com os lábios, e depois me arrependi.

Ando para perto de uma parede e encontro uma vassoura antiga na qual permaneço focada, e sinto raiva, muita raiva, agarro a vassoura e me volto em sua direção.

- O que você está fazendo? - Pergunta com estranhamento.

- Chegou a hora divertida! - Sorri, e comecei a bater nele.

- Theri! Catherine. - Gritou. - Pare!

Ele correu para fora da casa e eu o segui, com a vassoura erguida e preparada para encontrá-lo e fazê-lo se arrepender.

- Você é maluca! - Rosnou a dois metros correndo.

A estrada estava escura, porém conseguia ouvir seus passos e corri na mesma direção, uma luz me fez vê-lo, e então Liam estava parado encarando a luz, que agora era duas. A caminhonete estava com uma porta aberta e as lanternas ligadas.

- Onde está a Anne? - Perguntei, calmamente.

- Não sei. - Respondeu enquanto eu rapidamente acertava sua cabeça de novo. - Aí!

- Você que deixou ela pegar as chaves e ir. - Falei com um olhar mortal. - Idiota.

Pegamos a caminhonete e voltamos para à cidade, todas as nossas coisas estavam dentro, e a cabana estava me parecendo o último lugar onde escolheria ficar.

- Você me bateu. - Falou enquanto girava o volante. - Com uma vassoura.

- Bateria com algo melhor, se tivesse encontrado. - Disse apertando os dentes.

- Posso saber o motivo da minha agressão? - Falou erguendo as duas mãos como se esperasse uma resposta do céu, porém rapidamente a voltou a seu devido local.

- Você parecia estar precisando apanhar. - Respondi.

- Sabia que Bruxa voava numa vassoura. - Começou risonho. - Agora usar como arma de agressão é a primeira vez.

- Poderia lhe transformar em um sapo otário e estúpido. - Disse friamente. - Mas não repto feitiços. 

- Pensei que Bruxas tivessem verrugas e fossem feias. - Estava sério, com aquela voz serenamente rouca.

- O poder da plástica. - Falei tentando evitar que aquele friozinho trasparecece. Examinando o fato que  continuava a me chamar de Bruxa.

- É bem poderosa mesmo! - Concordou. Beliscando o lábio inferior.

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