MIDAS

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Trailer acima

Prólogo

Olá,

Essa história se passa além dos fatos, dos momentos, sendo assim, me torno a narradora da mesma, mas não a autora. Sei que deve estar pensando que isso está confuso e perdoe-me por tal, mas tudo será esclarecido ao final, eu prometo. Talvez você esteja se perguntando quem sou, mas nesse início não haverá importância, estou onde devo estar e você lerá o que deve ler, descobrirá o que deve descobrir, entretanto, irei me apresentar com o tempo...

*********

Emma Swan.

Percorri com os olhos o prédio que estava em minha frente, reluzente como se irradiasse um brilho próprio, cegando com sua riqueza aqueles que ousassem encarar por muito tempo a sua fachada espelhada durante o dia, fazendo com que ninguém conseguisse enxergar o que havia ali dentro, mas que todos que percorressem seus corredores visualizassem o mundo externo com certa clareza e altivez, o que era quase um metáfora dado ao motivo que me fazia parar ali em frente; O essencial é invisível aos olhos, diria Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe, e eu estava ali para ver e descobrir o invisível, além de fazer cair sua armadura intocável, de certa forma. Ri com escárnio do pensamento.

No fim das contas, era um ambiente adequado para ostentar o nome daquela empresa multimilionária e internacional.

Subi os primeiros degraus, com meus saltos fazendo seus barulhos característicos, ritmados e controlados, como sempre me lembrava a ser quando necessário, e agora era, afinal, controle era um dos principais mandamentos do meu trabalho e da minha vida pessoal, dado a alguns fatores. Ultrapassei as portas frontais de umas das franquias de Midas, uma empresa mundialmente conhecida por seus carros de alto nível, notando alguns olhares cobiçosos se voltarem a mim, outros um tanto curiosos para com a presença de uma completa desconhecida.

As roupas que cobriam minha pele extremamente branca representavam um personagem e eu, claramente, era a atriz principal designada a esta peça. O vestido quadriculado e acinturado ficava no meio das minhas pernas, que estavam coberta por uma meia calça preta, terminando no par de saltos escuros e lustrosos que faziam o já citado barulho. Apesar da roupa transmitir uma imagem inocente e até mesmo leve, os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo impecável, o rosto anguloso com sobrancelhas arqueadas e os lábios pintados em rubro diziam o contrário, equilibrando assim minha imagem, como fui instruída a fazer. Era a mistura perfeita de inocência com perigo, delicadeza com inteligência.
Dualidade.

Analisei cuidadosamente os trejeitos de cada indivíduo que cruzava meu caminho para o balcão principal extremamente branco da recepção, tentando adotar seus melhores movimentos, sugando suas melhores qualidades em milésimos de segundos, decorando e anotando mentalmente para quando fosse necessário. Apesar de já ter estudado cada pessoa importante para a minha trama durante um longo mês desde que fui acionada a este trabalho, eu gostava de um performance exímia, que era o que eu faria para ser contratada naquela entrevista de emprego... O meu segundo emprego. Se preciso fosse, lidaria com qualquer um que empatasse meu caminho, ao meu próprio jeito. Talvez eu fosse um pouco arrogante ou obstinada, talvez os dois, mas não ligava.

Defeitos podem ser qualidades se você souber manipular bem. Tudo depende do ponto de vista.

Ao me ver próxima ao balcão, apoiei minhas mãos delicadamente sob o mesmo, observando as recepcionistas e secretárias fazendo os seus trabalhos em atender telefonemas que sempre pareciam urgentes ou de digitarem algo substancialmente relevante em seus computadores que emitiam barulhos irritantes de teclas. Pigarreei, tentando chamar a atenção de uma delas, sendo claramente ignorada. Vejamos o que temos aqui...

LETALIDADOnde histórias criam vida. Descubra agora