Descobertas

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Link da playlist com as músicas citadas: https://open.spotify.com/playlist/7MJCwiSjwxRP7uXdqbMXcP?si=NezmwuXqQfm9B96OG1OIPg&utm_source=copy-link&dl_branch=1

Regina Mills

Apertei o embrulho com mais força em minhas mãos, olhando curiosa para aquela nova Emma na minha frente. O vestido vermelho e de decote quadrado chamava a atenção abaixo do sobretudo preto, terminando em seus saltos, tão lindos e afiados. Combinavam com ela.

— Olá — A loira respondeu de volta, parecendo estranha, além do corte de cabelo diferente, curto, selvagem.

Coloquei a mão livre dentro do meu sobretudo bege, impedindo de que a mesma notasse minha mania de apertar os dedos na mão ao ficar sem jeito.

Observei quando ela andou a passos duros até mim, séria, porém com seus olhos desarmados. Eles eram tão expressivos e a secretária não parecia se dar conta. Foram eles o primeiro indício de que Swan era o problema encarnado, disfarçado de boa moça. Seu olhar, apesar das roupas delicadas, sempre foi cínico, inquisidor, rápido e analítico, mas o mais assustador de tudo era que eles lembravam a mim mesma, em algum nível estranho e bizarro.

A loira deu um passo para abrir a porta, retirando do bolso o chaveiro que só aportava três únicas chaves, destrancando a mesma. A observei entrar, em silêncio, abrindo um espaço para que eu entrasse, mostrando com um gesto de braço que eu deveria a seguir.

Parei, meio incerta, antes de finalmente decidir que iria entrar para ver até onde tudo iria dar. Eu queria ver sua casa por dentro, descobrir um pouco mais sobre si, mesmo que eu tentasse negar... Era o que eu desejava.

E nunca fui de me negar o que queria.

A casa por dentro era em um nível impressionante de minimalismo, e a mulher parecia gostar de branco tanto quanto eu, porém a diferença entre nós duas era que eu preenchia os ambientes vazios com meus quadros e vasos de plantas, ocupando cada espaço adequado. Seus móveis eram modernos, as imagens em molduras eram de fotógrafos aleatórios, desconhecidos a mim, porém o mais confortável de tudo era o seu cheiro espalhado em cada parede. Seu único traço de presença.

— Ainda não tive tempo de decorar — Emma falou em voz alta, meio austera demais, tomando meus olhos para si, vendo que havia ido guardar seu sobretudo — Você sabe, acabei de mudar para cá.

Concordei em um leve acenar, prendendo minha atenção nas grandes janelas que estavam sendo escondidas por grandes cortinas mais escuras. Minhas mãos coçaram para as abrirem e me deixar ver se a visão seria incrível como eu imaginava.

— Você pode tirar seu sobretudo ou vai morrer de calor daqui dois minutos — A secretária apontou para o pano, fazendo-me rir com a minha desatenção.

Retirei o mesmo devagar, largando o embrulho que segurava em cima do seu sofá, assim como o grande casaco. As expressivas orbes verdes estavam presas em mim, atentas.

— Mal entrei na sua casa e já quer que eu tire a roupa — A alfinetei, escutando seu riso baixo e rápido.

Assim que me vi livre não hesitei em pegar o pacote que trouxe comigo, caminhando para entregar em suas mãos, notando sua sobrancelha arqueada, questionadora.

— Acho que vai combinar com seu cabelo — Comentei.

A loira desembrulhou o pacote, rindo alto ao tocar no vestido que havia deixado em minha casa. Ri em conjunto quando a vi jogar o papel seda em mim, brincalhona por dois segundos, antes de suspirar, virando-se e apoiando o tecido na mesinha de madeira atrás de si.

A mais nova pareceu espantar algo dos seus pensamentos após balançar a cabeça, voltando-se para mim com um sorriso revitalizado.

Um relapso confuso.

LETALIDADWhere stories live. Discover now