Gênesis

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Emma Swan

Sentada em minha mesa enquanto aguardava Fiona terminar mais uma de suas ligações de negócio tive tempo para refletir sobre os dias que se passaram desde a última discussão da minha chefe com seu marido a portas trancadas. Regina permaneceu cada segundo da briga ali, sentada e atenta, sem desviar seu olhar preocupado da porta, como se a qualquer momento fosse entrar lá e reivindicar a proteção da mulher que parecia estar em desvantagem em comparação a voz grave e raivosa do homem lá dentro.

No fim, a briga foi encerrada com alguns sussurros incompreensíveis e a gerente do setor de marketing não precisou mais esperar sentada, entrando pela porta sem ser anunciada após a saída tempestuosa de Graham, que nunca se importava de lançar um olhar para onde eu estava. Afinal, na sua cabeça, eu era apenas mais uma funcionária substituível. Um tolo.

Apesar da agitação daquele dia e da ameaça direta de Regina sobre sua vingança, nada mais fugiu do comum. Fiona permanecia em sua oscilação de humor, a latina permanecia fazendo voto de silêncio contra mim, o que era mais intrigante ainda, pois continuava a comparar com uma praia tranquila antes de um tsunami. O mar recua antes de tomar tudo pelo seu caminho, e neste momento, Regina havia recuado, assim como Zelena em sua proposta para que saíssemos todas juntas, como se fôssemos boas amigas, o que era uma falácia. A ruiva jogou o convite para a próxima semana, alegando estar ocupada demais com seu trabalho.

Respirei fundo, tentando relaxar os ombros sempre tensos, sendo interrompida pelo vibrar do celular que sempre permanecia grudado ao meu corpo como uma arma.

Anônimo: Ponto Cego, há novidades.

Não demorei muito para sair do trabalho, não evitando em passar na minha casa temporária para mudar de roupa e tirar as roupas formais e delicadas, livrando-me dos apliques que tornavam meu cabelo maior do que realmente era. O preferia quase na altura dos ombros, ondulados, rebeldes e se jogando contra o vento o frio que os agitava, como estava ocorrendo no momento em que andava rápido pelas ruas desertas cheias de galpões abandonados, em um puro breu. Ruby não poderia ter escolhido hora melhor para marcar um encontro.

Minhas mãos permaneciam dentro do bolso do moletom, com a direita segurando levemente uma arma que esquentava seu material ao contato da minha pele já quente. Dei mais alguns passos antes de dar a volta em uma das poucas casas que havia no bairro fantasma, entrando pela porta traseira sem fazer som algum, conhecendo muito bem cada madeira em que pisava, mas assim que adentrou o ambiente foi possível ouvir as vozes de seus amigos.

— Você deveria ter trazido comida, não tive tempo de comer nada — Killian resmungou, recostado em uma cadeira qualquer de madeira, encarando a morena sentada a sua frente.

— Pensasse antes de sair da empresa. — Rebati, fazendo minha voz ser ouvido pelos dois que pularam de susto — Vocês precisam ser mais atentos, tanto a medir a voz que dá pra ouvir da porta, quanto a não serem tão distraídos. Isso pode custar coisas demais.

— Como quiser, Capitã — Ruby brincou, batendo uma breve continência que me fez revirar os olhos antes de sentar a mesa com todos.

— Por que me chamou aqui? Teve novidade sobre o que fizeram no aeroporto? — Questionei, curiosa, batendo os dedos ritmicamente. Sabia que Ruby precisou fazer mais do que apenas ficar em seu computador.

— Killian não achou pertinente que fosse ele no aeroporto naquele dia, e bom, eu fui.

— E então?

A morena suspirou, brincando com seus anéis diversos.

— Você estava certa, há sim todo aquele tráfico de drogas usando algumas mulheres, igual faziam com algumas lá de Skid Row. — Relatou, mais séria que o normal — Por Killian ser homem e um rosto conhecido na Midas, não seria legal que ele fosse pego no banheiro feminino com uma vítima ou ajudante de tráfico de drogas, então eu fui no lugar dele, prestei atenção que uma mulher saiu muito pálida de um dos portões de desembarque, com uma mala minúscula e sem propósito na mão, esperei para que fosse ao banheiro e fui logo atrás, já a encontrando sem forças, tentando vomitar tudo que era possível e a ajudei, aconselhei que procurasse a polícia e fingi que estava assustada e surpresa demais para que ela notasse algo.

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