Ensueño

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Emma Swan

O som de gotas caindo torrencialmente em cima do teto do táxi em que me encontrava apenas dava certeza de que fiz certo em não decidir ir de metrô para a empresa, ou a chuva me tomaria por inteira assim que abandonasse o teto seguro da estação, sendo massacrada pelas gotas raivosas que pareciam cair do céu. Suspirei em consternação ao perceber, assim que o carro parou, que teria que correr o caminho todo da calçada até a portaria, provavelmente molhando toda a roupa que estava quente em meu corpo.

— Vinte dólares, senhorita — A voz grave do homem me despertou, fazendo-me procurar o dinheiro em minha bolsa e entregar parar o mesmo, respirando fundo antes de abrir a porta e andar o mais rápido possível em cima dos saltos até as grandes portas do prédio espelhado.

Infelizmente, e como previsto, minha roupa foi alvo da chuva, enquanto eu praguejava baixinho o péssimo início do dia, tentando não deslizar dentro dos sapatos ao mesmo tempo que ia para o elevador. Fiz uma contagem mental para tentar me acalmar, precisando relembrar do papel que interpretava e que não poderia demonstrar ser tão rabugenta quanto eu realmente era, não ali.

Assim que as portas metálicas se abriram, Regina passou em minha frente como um furacão, virando-se para encarar meus olhos com certa falta de paciência, demonstrando que queria subir o quanto antes. Suspirei, sabendo que naqueles míseros segundos teria que suportar o mau humor de outra pessoa sem poder demonstrar o meu. Assim que entrei no cubículo infernal percebi como os cabelos da latina que sempre aparentavam tanta perfeição, estavam pingando, pesados e bagunçados. Observei como a blusa vermelha grudava em seu corpo e como, graças ao tecido leve, o sutiã de renda preto era demarcado por debaixo.

Respirei fundo, voltando o olhar para frente, percebendo que, graças as paredes espelhadas, Regina havia visto a breve encarada que dei. Seu sorriso se erguia de canto, pingando a desdém, me fazendo pensar o que diabos estava acontecendo. Era uma manhã de má sorte e mau humor.

— Apreciou bem a vista, Swan? — Sua voz rouca flutuou até meus ouvidos, dando-me um calafrio com seu tom desafiador. E eu sempre fui fã de desafios.

— Como?

— Não sabia que se envolvia com mulheres. — Continuou, sustentando meu olhar na parede espelhada do elevador.

— Não me envolvo.

— Então devo achar que sou uma dúbia exceção para seus olhares indiscretos? — Uma sobrancelha se ergueu, questionadora.

— Olhares indiscretos? — Ri — Não faço a mínima ideia do que esteja querendo dizer, srta. Mills, talvez o frio tenha congelado seus pensamentos mais coerentes. — Ironizei, minimizando o fato — Deveria tentar se aquecer quando chegar em seu escritório.

Esperei por sua resposta atravessada, porém a mesma não veio.

Voltei a encarar sua figura através da parede, notando que o jogo havia invertido. Regina percorria com seus olhos toda a extensão meu corpo molhado, desde a calça grudada em meu corpo até a blusa social de botões entreaberta e molhada, que demarcava meus seios agitados pelo frio que fazia.

A latina estava séria e perscrutadora em sua observação, e se a parede metálica não me enganasse, seus olhos exalavam algum tipo de vontade, desejo.

Luxúria.

— Não sabia que se envolvia com mulheres, Regina — Utilizei sua frase de segundos antes, esperando que a mesma acordasse de seus devaneios sob meu corpo.

— Interessada?

— Se for continuar me encarando como se fosse sua próxima vítima, sim. — Respondi, finalmente virando para a encarar, notando suas orbes escuras apenas pelo seu perfil, já que a morena continuava parada na mesma posição.

LETALIDADWhere stories live. Discover now