Lamento Cubano

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Emma Swan

Acenei em concordância, afinal acreditava na palavra de Fiona, ela não estava errada, mas talvez um pouco equivocada. Se sua paixão é desenfreada e selvagem ela pode sim tomar todo seu tempo, espaço, pensamentos, até mesmo seu corpo, como uma droga. Vem aos poucos, mas o vício é inevitável e a abstinência mais ainda.

Rodei o vinho branco dentro da taça, observando seu brilho refletindo levemente meu reflexo.

— Você não concorda comigo? — A morena questionou, colocando mais outro sushi em sua boca, mastigando com delicadeza, porém me encarando séria, incisiva.

— Concordo — Suspirei, colocando o copo na mesa a minha frente, tocando o mesmo com as pontas do dedo — Concordo até demais, porém acho que há exceções. Não é impossível ter paixão e não se perder.

— Se não te deixa louca então não é paixão — Pontuou, dando de ombros — É um sentimento animal, quase, não há coerência. Você já se apaixonou?

— Já... — Refleti, franzindo o cenho — Quando era mais nova, adolescente.

— E como foi? — Fiona apoiou o queixo em suas mãos cruzadas abaixo de si, curiosa com a minha resposta.

— Infantil, confuso, mas doeu como um inferno — Ri, lembrando aos poucos — Aqueles namoricos de escola, onde ele me trocou pela outra loira mais bonita que poderia ter.

— Ele te trocou? Que cafajeste — Abriu sua boca em um perfeito "O" antes de beber mais um pouco do seu vinho, ultrajada — Isso deve ter te deixado arrasada, doendo de amores e rancor por ele.

— Por ele? — Questionei, sabendo que ao dar minha resposta eu teria tantas outras — Ah não, eu não fiquei arrasada por ele.

— Não?

— Não mesmo — Ergui a taça, escondendo meu sorriso — Eu fiquei arrasada pois eu era apaixonada pela loira que ele me trocou e namorou.

— Você é...? — Deixou a pergunta no ar, o rosto travado em uma feição reticente, meio em choque.

— Lésbica? — A vi acenar — Não, gosto de homens também, apenas prefiro não colocar rótulos em algo que é tão natural meu.

— Oh... — A morena pareceu refletir, balançando a cabeça como se aquilo fizesse sentido.

— E você?

— Eu o que? — Pareceu entrar em pânico, com receio do conteúdo que minha pergunta poderia conter.

— Também já se apaixonou por quem não devia? — Questionei, suavizando minha expressão, deixando a situação mais tranquila — Mulher, homem, o que seja...

— Bom, eu... — Fiona olhou para a janela de canto a canto na sua sala, suspirando — Já.

— Se quiser contar saiba que sou uma ótima ouvinte — Afirmei, levando minha mão a sua para passar confiança em um afago — E um túmulo também, nada sai daqui, além de sou amante de histórias proibidas.

A morena apertou de volta, unindo seus dedos aos meus como se fosse contar algo que parecia tomar seus pensamentos e sua sanidade, entretanto fomos interrompidas pelo toque na sua porta, deixando a visão de uma Victoria curiosa na soleira de entrada, com Regina logo atrás, alheia a situação, parecendo conferir alguns papéis.

— Oh, interrompi algo? — A loira perguntou, cautelosa, deixando suas orbes claras presas nas nossas mãos unidas.

Ao escutar a frase da colega, a latina que estava logo atrás tirou seus olhos dos documentos que carregava, sendo certeira ao encarar nossas mãos, fazendo Fiona se desvencilhar rapidamente do entrelace, tentando disfarçar o constrangimento. Olhei para as três mulheres que estavam naquela sala pela segunda vez no mesmo dia, deixando-me curiosa com o motivo, afinal não havia necessidade já que tudo que poderia ser fechado já havia sido concluído para o mês.

LETALIDADOnde histórias criam vida. Descubra agora