Chave

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Emma Swan

Um sonho conturbado estremeceu meu corpo, lembrando da arma gelada saindo do contato com a pele do meio da minha testa para se erguer na direção de Ruby que usava apenas uma lingerie abaixo do seu robe, fazendo um som esganiçado fugir da minha garganta e machucar meus próprios ouvidos.

— EU CONTO! — Berrei em meio às lágrimas, repentinamente sentindo mãos segurarem meus ombros, sacudindo com força enquanto me debatia em meio aos lençóis, abrindo os olhos cheios de lágrimas dolorosas para visualizar Regina semi nua acima de mim, preocupada.

Olhei ao redor, assustada, tentando ter certeza de que estava tudo bem, de que se passaram anos do dia aquela cena, fazendo-me respirar fundo, acalmando as batidas aceleradas do meu coração que retumbava furioso no meu peito, como um bicho enjaulado. Assim que voltei meus olhos arregalados para a morena do meu lado, sentada com o lençol cobrindo parte do seu corpo e sua outra mão apertando ainda um dos meus ombros tive noção que aquilo não deveria acontecer.

Levei meus dedos ao rosto, sentindo o mesmo todo molhado da água salgada das lágrimas, o que me fez suspirar antes de sentar, retirando as pernas da cama e ficando de costas para a dona do quarto que eu me encontrava. Torci para que ela não fizesse pergunta alguma, mas Regina nunca foi de seguir o que eu queria.

— Você está bem...? — Sussurrou, falando tão baixo que se não fosse pelo silêncio absoluto do ambiente nunca iria escutar.

Respirei fundo algumas vezes para não me partir em milhões de pedaços antes de mentir mais uma vez, deixando que minhas primeiras palavras do dia não fosse nada além de enganação.

— Estou... — Reprimi a nova onda de choro que me abateu, segurando na borda dos meus olhos a ardência.

Iria me levantar, tentar me esconder no banheiro como um filhote medroso sem os pais, como eu realmente era no fundo, para me recompor, mas as mãos delicadas da latina foram mais rápidas, segurando nos meus ombros por trás, me prendendo naquela posição, deslizando seus dedos em uma massagem calma na área, deixando suas ações falarem que estavam me dando um tempo, mesmo que eu não compreendesse.

Respirei fundo outra vez, inspirando contando até quatro para expirar calmamente, trazendo o controle de volta ao meu corpo trêmulo.

— Você me disse que não tinha problema com seu lado frágil... — Regina sussurrou, usando um tom tranquilo que me era novo — Todo mundo tem pesadelo.

Preferi continuar de costas, sabendo que não aguentaria a encarar ou acabaria contando algumas coisas que não queria e que levaria a muitas outras.

— E não tenho problemas — Afirmei, a voz embargando aos poucos — Apenas não gosto de algumas coisas...

— Tipo chorar na minha frente?

— Eu não estou chora... — Sua mão direita saiu do meu ombro para o meu queixo, puxando meu rosto em sua direção — É, tipo isso — Resmunguei ao responder a verdade, observando sua expressão tranquila e divertida ao mesmo tempo.

Voltei a olhar para frente, apenas apreciando sua massagem dada de bom grado, sentindo os nódulos de tensão por aquela área, fechando os olhos para aproveitar melhor, porém senti o rosto da latina se apoiando ali, como se me encarasse, grudando seu corpo as minhas costas.

— Você é tão cabeça dura — Comentou, brincalhona — Eu pensei que era, mas você é igual a mim.

— É ruim provar do próprio veneno? — Rebati, voltando ao meu normal aos poucos.

— Querida, se eu achasse outra igual a mim eu a mataria — Riu, deixando um beijo entre meu pescoço e orelha — Sorte a sua de não ser mais um pouco parecida.

LETALIDADOnde histórias criam vida. Descubra agora