La cozina

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Emma Swan

A caneta fazia um repetitivo som de batidas em cima do tampo de madeira, em uma agitação que refletia todos os meus pensamentos que se moviam em conexões cerebrais assustadores de tão rápidos. Minha cabeça tentava encaixar cada nome em um mapa, criando ligações que levariam ao ponto inicial, mas o ponto inicial era um alguém muito mais ardiloso do que eu poderia imaginar.

Suspirei ao lembrar da última atividade que tive dentro da agência e como por um deslize tudo deu errado, por minha culpa, e de mais ninguém. A cada momento dentro de Midas era mais uma chance de trazer de volta esses pensamentos intrusos sobre meu passado, deixando a agonia da falta de resoluções concretas passear por cada centímetro do meu corpo.

Meus olhos correram rapidamente para a grande porta que dava ao escritório de Fiona, escutando sua voz se propagar, distante, mostrando que estava em alguma ligação de negócio, dando-me assim a chance de escapar por alguns segundos até algum lugar onde eu poderia pegar um café.

Passei pela mesa principal de Belle, cumprimentando a mesma.

— Um café, é disso que preciso, Belle, um café. — Resmunguei, impondo um tom brincalhão que fez a secretária rir com vontade, balançando a cabeça.

Pisquei um olho para a mesma, antes de seguir meu caminho para a copa que eu sabia ser mais vazia de todo o setor, passando em frente a sala de reuniões de Regina, observando a mesma vazia, assim como sua sala, que notei ao sair da área do escritório de Fiona. Franzi o cenho, sobressaltando-me ao escutar vozes sussurradas vindo de dentro do lugar que abrigava o tal café.

Peguei o celular dentro do bolso da minha calça para disfarçar ao ouvir as vozes fervorosas, transitando entre negação e raiva, deixando meus ouvidos alertas para tentar entender o que havia ali. Inclinei meu corpo no corredor, como se parasse para digitar, porém dando uma boa visão em direção a porta, que estava entreaberta, mostrando por uma pequena brecha um trecho de um paletó bem arrumado, cinza escuro, caro. Graham.

Obviamente.

Revirei os olhos, nada surpresa de que fosse o mesmo tendo qualquer tipo de discussão no meio de um expediente, mas impressionada por escutar o tom de Regina levemente alterado. A morena parecia sussurrar com os dentes cerrados, o som que saía de seus lábios eram pura ordem, pingando mandamentos em seja lá o que for o assunto.

— Você precisa entender que sou eu quem manda aqui, Regina. — Graham sussurrou, tentando não elevar a voz. Minha curiosidade me matava, quase impulsionando meus instintos a encarar pela brecha da porta, mas as câmeras no canto da parede me impediam.

— E você precisa entender que não manda em mim apesar de tudo, pendejo comepinga. — Segurei o riso ao escutar a latina xingar em uma gíria cubana — Isso, entre a gente... Você sabe muito bem a resposta e os limites, não tente ultrapassá-los. Isso nos faria muito mal e colocaria tudo a perder.

Levantei a sobrancelha, tentando ter certeza se havia entendido o que a morena estava dizendo, deixando-me cada vez mais curiosa com o andamento da "conversa". Escutei um breve sussurrar de Graham, seguido de um suspiro diferente, e imaginei que os mesmos sairiam da copa, então andei o mais rápido e tranquila possível para dentro do banheiro que havia no corredor, entrando em uma das cabines.

Quando ouvi o bater de uma das portas, suspirei, saindo do esconderijo provisório, podendo finalmente tentar conseguir o café. Meus pensamentos agora corriam mais do que minutos atrás, trazendo mais questionamentos, mas espantei os mesmos ao entrar na sala e encontrar Regina ainda parada lá dentro, segurando uma caneca em suas mãos com unhas pintadas de vermelho, encostada no móvel que abrigava a cafeteira.

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