Capítulo Treze

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RAFAEL MONTEIRO

Eu e Elena saímos do laboratório o mais rápido possível, parece que ficamos mais tempo do que pensávamos dentro do laboratório conversando.  

Na verdade, ainda tentava entender que porra foi aquela.

Fiquei tão irritado com as falas de Elena, prefiro acreditar que meu sentimento de raiva foi por causa da minha mãe, que a tratou tão bem e não porque estou tendo um sentimento a mais por Elena do que puro coleguismo.  

Os acontecimentos pareciam gravados na minha cabeça, em um eterno looping. Ela jogando na minha cara o ciúme que senti, eu, inutilmente, tentando disfarçar e depois ela me provocando, atiçando minha raiva e então...

Eu a agarrando, puxando seu braço e cabelos. Ela me provocando ainda mais, insinuando o que queria do meu pai, repetindo calmamente e o nosso beijo.  

Explosivo e intenso.

Já tinha ficado com outras meninas, não sou nenhum santo ou virgem. Mas, nunca tinha perdido a cabeça como hoje. Nenhuma das meninas que tive um “relacionamento” conheceram meus pais, e eu também não era de entrar em detalhes sobre meus problemas pessoais. Porém, Elena sabia, Elena viu e sentiu a tensão que existe entre eu e meu pai, se aproveitou disso para jogar comigo quando fui me desculpar com ela.

Fui ingênuo, achei que ela entenderia numa boa e aceitaria as desculpas sem problemas, queria saber em que momento aquela mente maléfica achou que seria uma ótima ideia me provocar.  

Minhas costas queimavam onde suas unhas tinham me arranhado, meu pescoço estava marcado, meu lábio inferior doía das mordidas, as palmas das minhas mãos ainda sentiam a suavidade da sua pele, o tamanho dos peitos e bunda, a proximidade da sua boceta.

Desconfortável tentava disfarçar minha ereção, ficar relembrando a cena do laboratório não ajudava em nada. Enquanto isso, Elena ajeitava a blusa e os cabelos, caminhávamos lado a lado em direção à sala. Não falávamos nada, nem sabia o que dizer ou tentar justificar minha atitude.

Se não fosse Clara me ligando e nos tirando daquele transe insano que estávamos, não sei até onde teríamos ido. Na verdade, sei sim. Só não decidi se estou feliz ou puto com a interrupção.  

Quase na sala de aula, passamos por Fernando e uma aluna do primeiro ano. Elena percebe a posição dos dois e estremece. Fernando apoia uma mão na base do pescoço da menina e a outra segura seu braço. A menina, próxima a parede, tem uma expressão estranha no rosto, Fernando deve estar dando uma má notícia a ela.

Antes de entrarmos na sala, Elena para sem aviso, me fazendo esbarrar na sua bunda. Prendo uma respiração, buscando a calma, ao contrário da menina na minha frente que continua disposta a me tentar. Ela fica de costas para a porta e me encara com aqueles olhos castanhos, maliciosos e enlouquecedores, e abre um sorriso débil, que tira toda minha capacidade de pensar.  

— Sabe... não foi a minha intenção falar do seu pai — passando o dedo pelo lábio inferior e mordendo a ponta ela continua: — Mas, não vou dizer que me arrependo de minhas palavras — aproximando-se de mim, ela fica da ponta dos pés e fala bem próximo do meu ouvido: — Aliás, desculpas aceitas.  

Com uma mordida no lóbulo da minha orelha, Elena se afasta e abre a porta.

*

Todos olhavam na nossa direção, o Luís, professor de matemática, observava a minha entrada e a de Elena na sala.

— Onde estavam? A aula começou a trinta minutos.

Seguia para a minha mesa, a expressão de Clara dizia “Eu sei o que você fez no verão passado”. Não iria mais esconder nada dela, hoje contaria sobre as aulas, o jantar e o momento no laboratório. Talvez, Clara me ajudasse a entender o que está havendo.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now