Capítulo Trinta e Um

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RAFAEL MONTEIRO

Fios castanhos estão espalhados no meu peito, a respiração faz cócegas, uma perna está sobre as minhas e o cheiro do meu sabonete preenche o quarto.

Relaxados na cama depois da ida ao shopping, do sexo e do banho, eu e Elena assistimos um filme de ação aleatório que segue o mesmo roteiro dos outros.

— Eu não gosto desse tipo de filme. — Elena fala, de repente, tirando minha atenção do ator matando uns 50 homens sozinho e com apenas uma arma.

— Por que? Prefere musicais da Disney? Se fosse o Zac Efron cantando você ia gostar. — provoco, em resposta recebo uma mordida, forte, perto da costela. — Ai!

Desencostando do meu peito, Elena apoia o queixo em uma das mãos e me encara brava. O cenho está franzido e os olhos cerrados, o fato de estar brava com meu comentário só a deixa mais fofa.

— Porque eles não lógica! — explica meio exasperada. — Tem a questão da trajetória do tiro, da velocidade, o tipo da arma, até o material do projétil interfere.

— É só um filme, princesa. — respondo, acariciando seus cabelos.

— Eu sei que é… mas me deixa agoniada. Não te incomoda? — Acho que Elena esquecia que meus domínios em física não são dos mais abrangentes.

— Na maioria das vezes, nem reparo nisso, só quando é muito escrachado.

— Tipo…?

— Naqueles Velozes e Furiosos que o Toretto e o Brian atravessam os prédios.

Elena nega com a cabeça, respirando fundo. Se para mim, foi ruim assistir, para ela deve ter sido horrível.

— Eu e o Heitor ficamos horas calculando a força que precisaria ser usada para aquilo ser possível, têm o atrito, o peso do carro, a gravidade, a resistência do vidro…

Elena começa a listar todas as variantes a serem consideradas, infelizmente, não presto nenhuma atenção nas palavras, foco no sorriso empolgado que ilumina seu rosto. Para Elena, física é mais do que uma matéria do ensino médio e da faculdade.

Física é uma paixão, uma parte fundamental do universo que compõem Elena Andrade. A forma com que as palavras deslizam por sua boca, uma sinfonia cativante e bela. É linda a maneira que ela fala sobre as fórmulas, constantes e teorias.

Teorias que não fazem o mínimo sentido para mim. Mas fazem para ela. E por mais piegas que seja. Eu ficaria horas, dias, meses e anos ouvindo sobre trajetória, lançamentos, correntes, pêndulo, gravidade se isso colocasse o mesmo sorriso que ela me oferece agora no seu rosto todos os dias.

Porque Elena Andrade se tornou parte fundamental do meu universo.

Ela toma fôlego para continuar a explicação que não prestei a mínima atenção, aproveito a pausa para fazer um pedido a ela:

— Posso te desenhar?

Elena abandona seja lá quais seriam suas palavras e me fita encabulada.

— Não…

É engraçado, quando estava com o pau dentro dela, não tinha constrangimento. Porém, diante de um pedido simples como este, a timidez poucas vezes observada nela dá as caras.

— Por favor, princesa.

— Nãoo…

— Sim… nunca te pedi nada. — minto descaradamente. Ela ergue a sobrancelha e cruza os braços. — Pedi algumas vezes, não seja chata, princesa, só um desenho.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now