Epílogo

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RAFAEL MONTEIRO 

2 ANOS DEPOIS

— Rafaeeel!! A gente vai se atrasar, caralho! Qual a dificuldade de escolher uma roupa, porra!? — a voz de Elena ecoa pelo seu quarto, estamos na casa de seus pais, em São Paulo e hoje vamos no restaurante dos pais de Nabim comemorar o seu noivado com Aisha, filha da amiga de sua avó. Os dois tinham se conhecido durante o seu período no Líbano, a natureza do relacionamento deles ainda é um mistério. Um acordo mútuo entre as famílias ou uma paixão? Esperava que Elena me dissesse depois do jantar.

Elena já estava pronta há uma hora, enquanto eu não achava uma roupa que gostasse. Ansioso para mostrar a surpresa que preparei para ela e fazer o pedido. 

Nós namorávamos a dois anos, morávamos juntos a um ano e seis meses. Depois de seis meses morando em cidades diferentes, tranquei a faculdade de administração e fui trabalhar num estúdio de tatuagem próximo do apartamento de Elena. 

Ela quis me matar quando contei a ela que deixei a faculdade para morar com ela, a vaga no estúdio de tatuagem não era garantida e o dinheiro que tinha guardado não dava para muito tempo. 

Em suas palavras: A sua decisão é uma loucura, Rafael! Você nem gosta de tatuagem, quando fomos juntos com Heitor você saiu da sala e agora vem com essa história de tatuar. Pode me explicar.

E eu expliquei.

Expliquei que Patrícia, a tatuadora de Heitor, entrou em contato comigo pelo Instagram e me chamou para assistir uma aula que daria em um curso de tatuagem geométrica. 

Expliquei que a faculdade de administração era maçante e o melhor momento do meu dia era as horas que passava desenhando. E que apesar de não gostar de tatuagens na minha pele, eu gostava de criar e exteriorizar os sentimentos das pessoas. 

Expliquei que passei quatro meses fazendo o curso escondido porque não queria contar e desistir no meio do caminho. 

Depois de ouvir, Elena me beijou e o seu apartamento passou a ser o nosso apartamento. 

— Já tá pronto? — as tatuagens estavam mais destacadas por causa dos dias de sol, o cabelo mais curto e a pele mais cheia de tinta. O rosto fechado numa expressão impaciente, afinal, certas coisas não mudam. 

— Estou. — respondo, pegando a jaqueta sobre a cama e passando o braço pela sua cintura. Deixo um beijo na sua testa e descemos as escadas. 

— Que demora. — reclama emburrada. — Se a gente se atrasar não vamos conseguir vaga e eu não vou ter tempo de conversar com a Aisha. 

— Eu posso estacionar para você…

— Amor — parando na minha frente, continua: — você sabe que eu te amo, muito mesmo, mas no meu carro você não toca.

Dois anos de namoro e eu nunca consegui dirigir aquele carro, mas tudo bem, a minha vez chegaria. 

— E se por conversar, quer dizer intimidar, é bom que a gente demore um pouco mesmo. 

— Não vou intimidar ninguém, só quero conhecê-la melhor. 

— Acredito…

Rindo, seguimos para a garagem. Entro no lado do passageiro e Elena no do motorista. 

Certas coisas nunca mudam. E meu amor por ela continua tão imutável quanto às leis físicas que regem o planeta. 

Somos dois pólos em constante atração que, às vezes, entram em conflito, mas que logo entram em equilíbrio novamente. 

Se fosse físico diria que somos uma teoria de tudo. Contudo, até mesmo ela, parece pequena e simples perto do universo construído por nós dois. 

E de hoje ao fim de nosso tempo, sempre terá a física entre nós.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now