Capítulo Vinte Cinco

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RAFAEL MONTEIRO

Os pais de Elena não questionaram quando eu cheguei no meio do jantar deles, com os olhos vermelhos e as palmas das mãos machucadas. Mariana limpou as palmas com algodão embebido em álcool e passou pomada.

Sua atitude me deixou com mais vontade de chorar.

Estou deitado na cama de Elena, esperando ela voltar do quarto de Heitor com uma bermuda de pijama. Na pressa para sair de casa não peguei tudo o que precisava.

Ignoro as mensagens de Joana. Apenas avisei que estou bem e seguro, porém, não dei outra informação do meu paradeiro, não sinto a mínima vontade de falar com ela.

Minha mãe ficou parada, observando a briga se desenrolar, mesmo pedindo para eu e Daniel pararmos, ela não fez mais nada. Não me defendeu ou gritou com ele. Não sei explicar a reação dela. Joana tem a porra de um diploma e anos atuando como psiquiatra. Achei que tentaria intervir, tentar nos acalmar, mas, não. Ela ficou sentada, apática, assistindo ao nosso show.

Se foi algum tratamento sem nexo que ela aplica com seus pacientes, com certeza, não funcionou conosco. Se ela pensou que depois dos gritos, viria os abraços e pedidos de desculpas, vai continuar esperando. Pois, não estou disposto a me humilhar para melhorar o clima de casa.

Eu já tentei demais, agora, é a vez de Daniel tomar a iniciativa de melhorar as coisas.

Elena volta para o quarto me tirando das reflexões. Só quero deixar os acontecimentos de hoje para trás e curtir ao seu lado.

Ela me entrega a bermuda e vou para o banho.

A água morna corre pelas minhas costas, passando pelos músculos tensos, as dores no pescoço e ombros são intensas, devido ao estresse.

Lentamente, sinto as tensões se dissolverem, aperto a nuca, buscando aliviar a dor. Respiro fundo, as dores escorrendo pelo ralo. Infelizmente, nem todas são eliminadas pela água.

Me seco e escovo os dentes com a escova que Elena deixou na pia. Limpo e mais relaxado, cruzo a porta que separa o banheiro e seu quarto.

Elena está deitada por cima das cobertas, usando uma regata de pijama e calcinha. Ela percebe que sai do banheiro e pergunta:

— Prefere o lado direito ou esquerdo?

— Qualquer um.

Elena deita-se no lado esquerdo da cama, e eu fico parado, olhando para ela. Sua pele lisa, os cabelos castanhos, a tatuagem na perna, os braços cheios de tinta.

— Que foi? — pergunta, desviando a atenção do seu Kindle.

— Você é tão linda. — respondo, sem pensar.

Suas bochechas coram e ela bloqueia o aparelho, deito do lado direito da cama e viro para ela. Elena faz o mesmo, virando para mim.

O abajur é a única fonte de luz, a escuridão oculta parte do seu rosto, deixando-a misteriosa, como se seus olhos guardassem mil segredos.

Passo o braço por sua cintura, a trazendo para mim. Passo a acariciar sua lombar. Minha mão corre por  sua cintura, curva da bunda e coxa.

— Quer falar sobre o que aconteceu?

Nego, não querendo estragar o pequeno momento de paz. Apesar de todas as merdas que aconteceram hoje, estar aqui com ela, me traz felicidade.

Elena se aconchega no meu corpo, passa a perna pela minha cintura e enfia o rosto na curva do meu pescoço. Sua respiração arrepia os pelos da minha nuca me deixando alerta, seus lábios esbarram levemente na pele do pescoço numa carícia inocente.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now