Capítulo Trinta e Oito

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ELENA ANDRADE

1 MÊS DEPOIS

O último mês foi tumultuado de várias formas, o Álvares de Azevedo foi processo por três pais além dos meus. O caso mais sério foi o de Milena. 

Segundo seus relatos, Fernando a coagia a ficar e fazer outras coisas com ele usando as suas notas como pretexto, ameaçando reprová-la em física e em outras matérias, já que suas notas não eram as melhores e seus pais faziam uma pressão muito fudida em cima dela, com direito à ameaças e gritos. Fernando se aproveitou da posição que tinha dentro do conselho de classe para assediar e abusar das dela e de outras alunas. O colégio teve que pagar uma indenização fodida a cada aluna e até Nabim recebeu uma soma de dinheiro, uma vez que os pais de Renan trouxeram o seu caso à vista. 

O colégio perdeu inúmeros alunos, em sua maioria meninas. Tutores que não confiavam mais na escola e nos professores que lecionam para seus filhos. 

Meus pais quiseram me tirar do colégio, Heitor quase pegou um avião para cá. Mas, não aceitei deixar o colégio faltando um mês para o fim do ensino médio, seria perda de tempo. 

Sem Fernando no colégio, o ar parecia mais leve. Ele não foi preso, mesmo com os inúmeros relatos, de acordo com o juiz do caso, não tinha provas que o colocassem na cadeia. O seu advogado fez questão de frisar que nenhuma outra aluna tinha tomado a iniciativa de denunciar e assim, aceitando o arranjo. 

Afirmava que tudo era muito circunstancial, podíamos muito bem ser alunas revoltadas com as notas. Que queríamos estragar a carreira de um homem por mesquinharia e arrogância. 

Meu pai teve que ser escoltado para fora do tribunal, ele estava prestes a saltar a divisa e bater no advogado. 

Porém, não foi necessário o uso de violência. Tio Gabriel e tia Lígia tinham gravações de Fernando afirmando que merecia o que ele fez comigo e o meu histórico de olimpíadas e troféus refutou o argumento do advogado de Fernando sobre problemas com nota. 

Mesmo com todas as provas, o juiz não viu necessidade de condenar Fernando à prisão, ele praticamente disse: não faça mais isso, é errado. A sua sentença foram 35 meses de serviço comunitário e foi proibido de lecionar. 

Pelo menos, tio Gabriel conseguiu fixá-lo como agressor sexual e nenhum lugar que preze pela segurança de suas funcionárias o contratariam. Meus pais também mexeram uns pauzinhos e garantiram que ele não conseguiria um emprego em São Paulo. 

A justiça brasileira pode não ter feito muita coisa, mas quando se tem dinheiro, ela não é tão necessária.

E além do processo e julgamento, ainda tinham os vestibulares. A prova do ITA foi mais fácil do que imaginei. Sai da prova tranquila, sabendo que entraria sem muito esforço. Fato que deixou Rafael aborrecido.

A sua expressão quando contei sobre a prova é fresca em minha memória mesmo depois de um tempo. 

" Princesa, não venha jogar na minha cara toda a sua inteligência, seu QI elevado e habilidade com números." 

Mas, apesar das suas reclamações constantes sobre exatas, ele foi muito bem no ENEM, o gabarito oficial ainda não havia saído, porém corrigi junto com ele as questões de matemática, química e física e com base nos seus acertos, ele entraria numa boa universidade.

Para quem achava estar perdido, Rafael foi muito bom em encontrar o caminho de sua vida. 

— Finalmente acabou essa merda. — a fala de Renan faz minha atenção voltar-se para ele, afastando os pensamentos.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now