Capítulo Vinte e Nove

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RAFAEL MONTEIRO

Parado em frente a minha casa, observo a fachada, as plantas, e minha vontade de entrar diminui ainda mais. Sei o que ouvirei quando entrar. 

— Acho que melhor voltarmos para minha casa. — afirma Elena. E por mais que também ache melhor, não posso ficar adiando a volta. Postergar não adiantará nada.

Entrelaço nossos dedos e beijo sua mão.

— Não posso, vai ser pior amanhã. 

Com a mão livre Elena arruma meus cabelos. Aproxima e me beija. Diferente dos de ontem, esse é calmo. 

Me afasto e pego a mochila, encaro mais uma vez a fachada. Dou um beijo de despedida em Elena e saio do carro, me preparando para lidar com as consequências.

*

A casa está escura, nem Daniel nem Joana me esperavam, ótimo. Passo pelo corredor, escuto vozes do quarto deles, mas não paro e nem anuncio minha chegada, eles sabem que estou em casa. 

Entrando em meu quarto largo tudo no chão e vou tomar banho. Apesar de ter tomado um na casa de Elena, sinto meus ombros tensos e a água quente do chuveiro é a única coisa que pode aliviar. 

Tiro a roupa e entro no box. A água quente cai sobre meus ombros, massageio os ombros debaixo da água, aos poucos os músculos tensos vão relaxando. 

Com uma toalha enrolada na cintura, sai do banheiro e dou de cara com Joana, realmente pensei que conseguiria deixar a conversa para amanhã. Já passava da meia-noite, só quero dormir. Passo por ela, vou até o guarda-roupa, pego a minha calça de dormir e uma boxer.

Quando sai novamente do banheiro, ela continua sentada na beira da cama. É a segunda vez que terei uma conversa com mãe hoje, porém duvido muito que esta será parecida com a anterior. A primeira diferença é que não me sento ao seu lado, prefiro ficar apoiado na mesa de estudos.

— Onde passou a noite, Rafael? Liguei para todos os seus amigos e você não estava na casa de nenhum deles. — Sua voz sai irritada.

— Na casa de Elena, foi lá que dormi e passei o dia de hoje. — respondo, sem dar muita importância para sua preocupação.

— Elena? Desde quando são próximos assim? — não acredito que ela me pergunta isso, Joana não percebeu a expressão idiota que sempre estava estampada no meu rosto quando chegava em casa? 

— Você não sabe? 

— Rafael, me responde. —  Confirmando minhas suspeitas, vejo que Joana não faz ideia do que venho sentindo. Para alguém que sempre se disse uma ótima leitora de pessoas, suas percepções vem falhando, ou me ignorando mesmo.

— Se você conversasse comigo saberia a resposta.  

Não vou perder tempo explicando o óbvio. A compreensão chega aos olhos de Joana.

— Então é para isso que tem ido a casa dela? 

— Se fosse só por isso, não teria tirado a nota que vocês viram. 

— Desde quando? 

— Depois que ela veio jantar aqui. 

— Há semanas…

— Pois é…

Não é recente, e ela acaba de se dar conta. Não sou de sair falando com quem fico, o que faço, mas os sinais estavam todos lá. Não foi uma ou duas vezes que Clara me disse isso. Chego em casa com cara de bobo, sorrindo pelos cantos, com o humor bem melhor, mais claro impossível.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora